Elei��es 2002 devem custar mais de R$ 100 milh�es em Alagoas
A eleição deste ano em Alagoas deve custar mais de R$ 100 milhões. Esta é a estimativa dos políticos, coordenadores financeiros dos partidos e profissionais que atuam em campanhas. Tal montante envolve não apenas dinheiro em espécie, mas bens e serviços
Por | Edição do dia 31/03/2002 - Matéria atualizada em 31/03/2002 às 00h00
A eleição deste ano em Alagoas deve custar mais de R$ 100 milhões. Esta é a estimativa dos políticos, coordenadores financeiros dos partidos e profissionais que atuam em campanhas. Tal montante envolve não apenas dinheiro em espécie, mas bens e serviços estimáveis em dinheiro, como manda contabilizar a Justiça Eleitoral. A maior parte dos recursos (mais de R$ 90 milhões) será consumida pelos candidatos, enquanto menos de 10% (R$ 6,5 milhões) irão para a organização e a realização do pleito. Segundo os especialistas, o principal fator que contribui para fazer da eleição de 2002 a mais cara de Alagoas é a competitividade. Ao contrário da eleição geral de 1998, vários são os favoritos para as vagas do Executivo e do Legislativo, sobretudo em relação aos cargos majoritários (presidente da República, governador e senador). A campanha de um forte candidato ao governo está sendo estimada em até R$ 8 milhões, sendo cerca de R$ 5 milhões apenas para o marketing - que vai trabalhar a imagem do concorrente. Prestação de contas Juntos, os candidatos a governador de Alagoas podem gastar mais de R$ 15 milhões. O volume é inferior ao que foi gasto e declarado ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) na última eleição geral, quando disputaram cinco candidatos. O governador Ronaldo Lessa, por exemplo, apresentou na prestação de contas de 1998 despesas em torno de R$ 1 milhão, que foram custeadas através de doações dos assessores, do PSB e de 26 empresas instaladas no Estado. Naquele ano Lessa era o único favorito ao Palácio dos Martírios, segundo indicavam os institutos de pesquisa. No caso dos candidatos a senador, as despesas estimadas para este ano giram em torno de R$ 20 milhões. Está sendo esperada uma grande disparidade entre os concorrentes, com alguns gastando menos de R$ 500 mil e outros mais de R$ 4 milhões. A expectativa é de que existam dez candidatos às duas vagas do Senado, menos que os seis de 1998, quando foi disputada apenas uma cadeira. Disputa Na disputa pelas vagas da Câmara Federal, os especialistas estimam gastos de campanha na ordem de R$ 25 milhões. A despesa por candidato deve variar de R$ 500 mil a R$ 3 milhões. Até o momento, já se apresentaram para o pleito cerca de 30 pretendentes, menos que os 54 de 1998. Naquele ano, a maior despesa de campanha declarada ao TRE foi a do deputado federal João Caldas (PL), no valor de R$ 800 mil. Para a eleição de deputado estadual, as despesas por candidato vêm sendo estimadas entre R$ 100 mil e R$ 1 milhão. Já se dispuseram a concorrer às vagas da Assembléia Legislativa mais de 130 políticos, empresários e lideranças, 36 a menos do que na última eleição geral. Juntos, eles devem gastar mais de R$ 35 milhões. Segundo o deputado João Beltrão (PSL), quem já tem apoio de prefeitos e vereadores gasta menos, porque eles ajudam a transferir os votos do eleitorado. Propaganda Beltrão explica que as maiores despesas de um candidato a deputado estadual são com a busca de correligionários e com material promocional (cartazes, outdoor, santinhos, camisetas, brindes e shows). Alguns, destacou, também gastam com tijolo, cimento e cestas básicas para distribuir com o povo, o que eleva o custo da campanha. Eu não preciso disso para me reeleger, observou. Dos 27 parlamentares da Assembléia, os que prevêem uma campanha mais modesta são Paulo Fernando e Paulo Nunes, do PT, que esperam gastar em torno de R$ 100 mil. De acordo com Nunes, o mercado da propaganda, especialmente o gráfico, estará altamente inflacionado a partir de junho. Um dos produtos mais caros será o outdoor (grande placa ao longo das vias), que já está custando R$ 300,00 a unidade, por um período de 15 dias. Mandei fazer alguns para pagar financiado e vão me custar R$ 41 mil. Durante a campanha esse preço dobra, afirmou. Pelas instruções do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a arrecadação de recursos e os gastos com campanha só poderão ocorrer a partir da solicitação do registro de candidato, marcada para 5 de julho. Os concorrentes também devem obter recibos eleitorais e abrir conta bancária específica para o registro de toda a movimentação financeira. Já os partidos devem comunicar à Justiça Eleitoral o limite máximo de gastos fixado por candidato, que só poderá ser alterado depois com a autorização do TRE. Complexidade Além do aumento das despesas de campanha, previsto pelos especialistas, a Justiça Eleitoral também estima que gastará mais recursos para organizar a eleição deste ano. Segundo o diretor-geral do TRE, Edney dos Anjos, o principal fator que contribui para isto é a complexidade do pleito. Além de ter seis vagas em disputa (presidente da República, governador, dois senadores, deputado federal e deputado estadual) a eleição de 2002 aponta para a realização de segundo turno em todo o Estado. Na eleição de 2000, quando foram eleitos apenas prefeitos e vereadores, houve segundo turno somente na capital, o que manteve os gastos do TRE em R$ 3,5 milhões (R$ 3 milhões a menos do que o previsto para este ano). As principais despesas do TRE são com material e recursos humanos. Além de 350 servidores do órgão que estarão trabalhando na preparação e realização do pleito, cerca de 1.400 profissionais terceirizados também vão dar suporte a esse trabalho, principalmente durante a coleta, apuração e totalização dos votos. Todo esse esquema envolve contratos, diárias e horas extras, entre outros desembolsos.