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CORONAVÍRUS: SISTEMA DE SAÚDE DE ALAGOAS À ESPERA DO CAOS
Reflexo da sobrecarga nas unidades de saúde começou na última semana, quando até o HGE atendeu pacientes com Covid-19
Por regina carvalho | Edição do dia 16/05/2020 - Matéria atualizada em 16/05/2020 às 06h00
Nos últimos dias, hospitais da rede pública e privada de Maceió anunciaram que não havia mais condições de internar pacientes com a Covid, ao mesmo tempo pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) encaminharam um manifesto ao governador de Alagoas e ao prefeito de Maceió que recomendam a adoção de medidas mais rígidas de combate ao novo coronavírus. Nem mesmo o Hospital Geral do Estado (HGE) escapou. Unidade de referência para casos de urgência e emergência, acabou por receber casos suspeitos e confirmados de Covid-19 numa estrutura que abriga pessoas que sofreram infarto, AVC e acidentes de trânsito, por exemplo. O risco de contaminação era evidente e foi presenciado pelo próprio presidente do Sindicato dos Médicos de Alagoas (Sinmed/AL), Marcos Holanda. “Estou torcendo que o Hospital Metropolitano reduza a situação que está vindo porque tem uma ala aqui no HGE, na enfermaria, que se transformou praticamente num ‘covidário’ (local de tratamento exclusivo da doença), fora os que estão na área azul e área vermelha. Aqui era para ficar livre de Covid para atender outros casos. O HGE agora tá virando referência de Covid”, declarou Marcos Holanda, durante um dos plantões no Hospital Geral.
AUMENTO EXPONENCIAL
Para Marília Magalhães, médica clínica e paliativista, o sistema hospitalar de Alagoas caminha para o colapso, já que os hospitais informam que estão lotados (ou superlotados) para atender casos de Covid. “Como já divulgado pela Sociedade Alagoana de Infectologia e no último estudo divulgado por pesquisadores da Ufal, o sistema de saúde alagoano pode entrar em colapso agora, a partir da segunda quinzena de maio. O que vemos nos serviços públicos e privados é um aumento exponencial de casos e de internações e que se continuarmos com esse aumento “desenfreado” como temos visto, não haverá suporte físico, nem de pessoas para o tratamento dos enfermos”. A reportagem perguntou à médica sobre o que pode ser feito pelo governo do Estado para reduzir o impacto da pandemia em Alagoas. “Sabemos que a Covid-19 é uma doença infecciosa com um caráter contagioso importante e só podemos combatê-la tomando medidas básicas de prevenção tais como uso de máscara, higiene de mãos, etiqueta respiratória e claro, distanciamento social. O que deve ser feito por todo e qualquer governo (as três esferas, municipal, estadual e federal) é investimento na atenção primária da saúde, com profissionais capacitados para identificar precocemente os casos, testagem em massa para que isolemos as pessoas doentes ainda que assintomáticas, pois, são vetores importantes do coronavírus, distribuição gratuita de medicamentos, máscaras de boa qualidade, álcool gel”, avalia Marília. “Para os casos que identificamos como graves e que necessitem de abordagem em terapia intensiva, fornecer leitos e respiradores de alta qualidade e equipe multiprofissional com experiência em UTI. Além disso, os governos devem garantir auxílio aos mais pobres, aos que estão com empregos comprometidos devido ao fechamento dos serviços e punir quem desrespeita o distanciamento em carreatas estimulando a população a voltar às ruas, por exemplo”, explica. Sobre a entrega do Hospital Metropolitano que vai atender casos exclusivos de Covid nesse momento e se acha que com essa nova unidade Alagoas não terá mais colapso da rede hospitalar, a médica Marilia Magalhães afirma que “acredito que chegamos ao ponto que não será mais possível evitar o colapso em si, apenas tentar reduzir um pouco o seu impacto. Isto porque o nosso sistema de saúde público já é defasado há muito tempo e temos uma população que depende majoritariamente do SUS”, acrescenta. Marília Magalhães reforça que, infelizmente, os serviços de saúde são insuficientes em número, estrutura e pessoas.