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Nº 5693
Política

HIDROXICLOROQUINA VOLTA A SER ALVO DE DEBATE NA ALE

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Por thiago gomes | Edição do dia 29/05/2020 - Matéria atualizada em 29/05/2020 às 06h00

O uso da hidroxicloroquina para o trato de pacientes com Covid-19 foi defendido pelo deputado Cabo Bebeto (PSL), na sessão ordinária da Assembleia Legislativa Estadual (ALE), na manhã desta quinta-feira (28). No uso da palavra, ele citou o aumento do número de mortes relacionadas à doença, no Estado, e colocou a medicação como alternativa - mesmo sem comprovações científicas - que poderia reduzir as internações e, consequentemente, o número de óbitos em Alagoas. O parlamentar cobrou da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) a divulgação de protocolo para utilização da droga em quadros leves, conforme foi recomendado, recentemente, pelo Ministério da Saúde (MS). Ele também pediu informações sobre o que está sendo oferecido aos pacientes como opções de tratamento e se a cloroquina está nesta lista. Segundo ele, há diversas reclamações por parte da população que deseja usar a hidroxicloroquina. “O povo está dizendo que recebe a receita, mas o Estado não está entregando a medicação. A Sociedade Alagoana de Infectologia afirma que não tem eficácia comprovada em estudo, tudo bem, mas vão deixar as pessoas morrerem sem, ao menos, tentar salvá-las?”, questionou. Por outro lado, ele disse que ainda não encontrou estudos que especifiquem e contabilizem o número de mortes de doentes com coronavírus que fizeram uso desta substância durante o tratamento. “Quando os médicos de Alagoas vão entender que estamos em uma guerra? Se as pessoas quiserem usar a hidroxicloroquina e assinarem um termo de consentimento, por que não dar a oportunidade? As pessoas não estão resistindo em Alagoas pela incompetência ao serviço público do Estado. Elas precisam ter o direito de viver, e todas as ferramentas precisam ser usadas”, diz. Cabo Bebeto ainda cobrou do Ministério Público Estadual (MPE) posicionamentos mais claros em relação ao enfrentamento da pandemia. Segundo ele, inúmeras denúncias já foram feitas, boa parte noticiada na imprensa e outras levadas ao conhecimento daquela instituição. “O MP é importantíssimo neste momento e não pode, apenas, ficar acompanhando o cumprimento dos decretos. Até a promotora que falou sobre a hidroxicloroquina foi amordaçada. É uma sensação de impotência de todos nós”, reforçou o deputado. Já em aparte e com um tom apaziguador, o deputado Davi Maia (DEM) disse ter confiança na atuação do MP. Além desta medicação, Cabo Bebeto disse que recebeu várias denúncias de pessoas com familiares internados no HGE, mas que ficam sem notícias do estado de saúde. Falta, segundo ele, uma assistente social para executar este trabalho. “Além disso, a população reclama de profissionais no atendimento dos hospitais, de ambulâncias com oxigênio e da falta de leitos, mesmo o Estado anunciando que ainda tem disponibilidade em Alagoas para o tratamento da Covid-19”. A Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) publicaram, recentemente, manifesto contrário à utilização generalizada da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19, antes da conclusão de estudos científicos complementares. Até o momento, as análises têm mostrado a ineficiência desse medicamento para evitar internações e óbitos. Além dos relatos de efeitos colaterais graves, inclusive com paradas cardíacas. A Organização Mundial de Saúde (OMS) também não recomenda o remédio para esta finalidade e pelas mesmas razões. A hidroxicloroquina passou a ser tratada como uma droga milagrosa pelo presidente dos EUA, Donald Trump, opinião que foi logo seguida pelo presidente Jair Bolsolaro.

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