![Delegados da Polícia Civil responsáveis pelo caso dão detalhes da investigação que resultou na prisão de advogados Delegados da Polícia Civil responsáveis pelo caso dão detalhes da investigação que resultou na prisão de advogados](/img/Artigo-Destaque/270000/DEPOIMENTO-DE-DETENTOS-FOI-CRUCIAL-PARA-A-INVESTIG0027604900-xs.jpg?xid=495749)
DEPOIMENTO DE DETENTOS FOI CRUCIAL PARA A INVESTIGAÇÃO
Relatos semelhantes de como a quadrilha operava chamaram a atenção da Polícia Civil, principalmente por citarem filho de juiz
Por Da Redação | Edição do dia 06/06/2020 - Matéria atualizada em 06/06/2020 às 06h00
Os investigadores da Deic resolveram tomar os depoimentos de dois detentos novamente. Desta vez, segundo a polícia, novos fatos surgiram, inclusive gravações a partir de conversas em áudio e texto de aplicativo de mensagens instantâneas. O material, conforme a representação, “sugere crimes relacionados a vantagens indevidas que gravitam ao redor do poder decisório do magistrado José Braga Neto, tendo como principal investigado o seu filho, o qual, consoante robustos indícios, estaria atuando por interpostas pessoas em processos conduzidos por seu pai”. Por isto, os delegados solicitaram ao Tribunal de Justiça (TJ) autorização para o avanço das investigações em relação ao juiz. No entanto, o desembargador José Carlos Malta Marques entendeu não haver elementos suficientes para investigar o juiz e autorizou, somente, a continuidade da apuração em relação aos advogados. Braga Neto foi alvo de denúncia semelhante, em janeiro de 2017, feita pelo Sindicato dos Agentes Penitenciários de Alagoas. A entidade denunciou que o magistrado estaria materializando transferências que atenderiam aos pedidos dos membros de facções criminosas e permitiria uma série de regalias, como a entrada de televisores e alimentos diferenciados, em esquema do qual faria parte o filho dele. Hugo Soares Braga, apesar de não assinar as petições nos processos, seria o advogado de fato das lideranças criminosas beneficiadas.
GRAVAÇÕES
Os áudios gravados em um pendrive, entregue aos delegados pelo preso José Ricardo Ângelo, continham dezoito arquivos de falas atribuídas, segundo o denunciante, ao advogado Hugo Braga. De acordo com a Polícia Civil, as gravações corroboram com as declarações prestadas pelos detentos “e mostram que, nitidamente, o filho do juiz negocia o pagamento de valores, inclusive se dispondo a receber veículos e imóveis, para atuação em processos de execução. O profissional oferece os serviços como se fosse oportunidade única e certa de obter sucesso”. Segundo as atividades policiais, também haveria conversas atribuídas ao advogado Fidel. Nela, ele demonstraria estar preocupado com a possibilidade de estar sendo investigado e tentaria descobrir os motivos dos depoimentos dos presos à Deic. Também chegaria a falar que “Hugo tem influência” e que estava deixando claro que somente fazia a parte dele, “possivelmente se referindo à questão técnica de assinatura de petições, enquanto o ‘negócio de bastidores’ seria responsabilidade de Hugo”.