Política
COMISSÃO PARLAMENTAR INTERESTADUAL VAI FISCALIZAR O CONSÓRCIO NORDESTE
Frente formada por mais de 20 deputados estaduais da região quer se debruçar sobre compras de respiradores pelo colegiado


Mais de 20 deputados estaduais dos nove estados do Nordeste divulgaram uma carta de intenções em que informam à população da região que estão formando uma Comissão Parlamentar Interestadual com a proposta de fiscalizar a atuação do Consórcio Nordeste. A formação se dá para acompanhar, principalmente, a denúncia do golpe dos respiradores, cometido pela empresa Hempcare Pharma, que rendeu um calote de quase R$ 49 milhões aos cofres dos governos estaduais. O anúncio da criação do grupo foi feito pelo deputado Davi Maia (DEM), um dos integrantes, durante a sessão na Assembleia Legislativa Estadual (ALE), na manhã de terça-feira (9). Ele disse que, a partir da Operação Ragnarok, que prendeu três pessoas ligadas à referida empresa, passou a se debruçar nas ações do Consórcio e descobriu que há, também, uma insatisfação de parlamentares de outros estados quanto às atividades do colegiado. Após contatos feitos, o grupo de deputados marcou uma reunião virtual, ocorrida na segunda-feira (8), e decidiu formar a Comissão Parlamentar Interestadual. “São deputados que não concordam como o dinheiro público é tratado por este consórcio, que nem portal da transparência tem para divulgar os dados e nem sabemos quem são os funcionários que prestam serviços a este”, afirmou Davi Maia. Ele disse, todavia, que o secretário executivo do referido Consórcio Nordeste é o ex-ministro da Previdência e Aviação do governo Dilma Rousseff (PT), Carlos Gabas. O salário do gestor, conforme revelou o deputado de Alagoas, seria o teto do serviço público. Gabas já foi alvo de operações da Polícia Federal (PF) e virou piloto de moto da presidente afastada. De acordo com o parlamentar, o Estado de Alagoas pagou mais de R$ 800 mil somente para ter direito a entrar no Consórcio Nordeste, um valor que foi cobrado a todos os governadores da região, pela mesma finalidade. O presidente do colegiado é o governador da Bahia, Rui Costa (PT). “A sede do consórcio fica em um puxadinho no gabinete do governador”, criticou Davi Maia. Quanto ao golpe dos respiradores, o parlamentar voltou a reclamar da atuação do governo de Alagoas em acreditar na proposta sem ter uma política interna de proteção contra eventuais prejuízos. E lembrou que, se fosse observado o ramo da empresa contratada para compra dos ventiladores mecânicos, o Estado iria perceber que Hempcare Pharma distribuía produtos derivados da maconha. Em aparte, o deputado Cabo Bebeto (PSL) falou sobre a ingenuidade da equipe governista em não ter designado um procurador do Estado para avaliar a tramitação, mesmo que tenha sido uma compra coletiva via consórcio. Ele também pediu empenho do governo do Estado no trato de pacientes com Covid-19 e voltou a defender o uso da cloroquina. Em nota acerca do golpe, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) informou que o Estado esperava receber 30 respiradores adquiridos nesta venda, mas “foi vítima do grupo desbaratado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público da Bahia”. E divulgou que esperava receber de volta o valor que já havia sido repassado - um total de R$ 4 milhões. A investigação deste calote passou para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), que tem prerrogativa para apurar governadores.