loading-icon
MIX 98.3
NO AR | MACEIÓ

Mix FM

98.3
terça-feira, 01/07/2025 | Ano | Nº 6000
Maceió, AL
25° Tempo
Home > Política

Política

GOVERNADORES ACIONAM A JUSTIÇA NO CASO DOS RESPIRADORES

Sob pressão, Consórcio Nordeste tenta reaver dinheiro investido na compra dos equipamentos

Ouvir
Compartilhar
Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Whatsapp
Alagoas esperava receber um total de 80 respiradores por meio de compra intermediada pelo Consórcio Nordeste
Alagoas esperava receber um total de 80 respiradores por meio de compra intermediada pelo Consórcio Nordeste -

A pressão do Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público Estadual (MP) e deputados dos nove estados nordestinos, entre eles Davi Maia (DEM-AL), levou o Consórcio de Governadores do Nordeste a acionar a Justiça para reaver os R$ 48 milhões pagos em abril à empresa Hemp Care. No caso de Alagoas, foram R$ 10 milhões investidos na empreitada para comprar 80 respiradores, o que levou o MPF no estado a acionar a Controladoria Geral da União (CGU) para investigar o que aconteceu. O valor foi repassado para aquisição de 300 respiradores. A empresa se apresentava como revendedora de uma fabricante chinesa de ventiladores pulmonares. Agora, num movimento que sinaliza a busca por uma blindagem na Justiça, para ser usada mais adiante conforme o avanço das investigações, os governadores do Nordeste decidiram acionar o Judiciário.

“A gente quer descobrir o que aconteceu com o dinheiro, quem é o responsável e quer a devolução imediata do dinheiro para os cofres dos estados. A gente entende que o Consórcio é sim uma ferramenta de gestão pública, mas achamos que ele está sendo descaracterizado porque tem apenas caráter político. O Consórcio não tem um portal da transparência. Você não sabe quanto o Consórcio gasta com funcionários, com as ações. O que a gente descobre é pelos Diários Oficiais ou pela imprensa. A gente quer transparência”, reforça o deputado Davi Maia, coordenador do comitê parlamentar interestadual criado para fiscalizar as ações do Consórcio Nordeste.

A comissão é formada por parlamentares da oposição, independentes e da base de seus respectivos governos estaduais. Na semana passada, eles enviaram uma carta de intenções e um ofício cobrando esclarecimentos sobre a transação para adquirir os 300 respiradores mecânicos. No documento, os deputados pedem a cópia da resolução do Consórcio, contratos de rateio para compra dos respiradores, cópia dos procedimentos licitatórios, entre outros documentos que comprovem os gastos feitos pelos governantes. Segundo Davi Maia, o que o comitê quer é uma constante demonstração de transparência do Consórcio Nordeste, tendo em vista que as ações do grupo são financiadas com recursos públicos estaduais. Ele salienta, ainda, que o Consórcio tem um custo com funcionários e administrativo e que o grupo não é fiscalizado por nenhum tribunal de contas por não ser um órgão governamental, apesar da origem dos valores que o mantém. A empresa suspeita de fraude e as pessoas envolvidas estão sendo acionadas para restituição por quebra de contrato. O Tribunal de Justiça da Bahia já bloqueou 150 contas bancárias de pessoas ligadas à Hemp Care, para garantir a restituição do montante empregado, conforme informou o Governo da Bahia, que coordena o consórcio, em nota. O processo sobre o caso foi encaminhado para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), por conter acusações envolvendo pessoas com foro privilegiado, que só podem ser investigadas por instâncias de tribunais superiores.

O caso acontece em meio a um cenário conturbado na relação de governadores com o governo federal. Na última sexta-feira (12), os nove gestores regionais emitiram uma carta conjunta repudiam algumas atitudes do Governo Federal, como declarações recentes do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sugerindo à população a entrar em hospitais para tirar “fotos de leitos vazios”, insinuando que os dados divulgados pelas secretarias de saúde podem estar sendo adulterados; e operações da Polícia Federal (PF) nos estados deflagradas após trocas de críticas políticas.

No documento, os gestores estaduais da região salientam ser favoráveis às operações para investigar supostas fraudes, para o combate a Covid-19, mas criticam a forma como os governos estaduais têm sido tratados. “Intensificaram-se as ações espetaculares, inclusive nas casas de governadores, sem haver sequer a prévia oitiva dos investigados e a requisição de documentos. É como se houvesse uma absurda presunção de que todos os processos de compra neste período de pandemia fossem fraudados, e governadores de tudo saberiam”, disseram por meio da carta.

Relacionadas