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Nº 5695
Política

COMÉRCIO TRADICIONAL CONTABILIZA 2 MIL DEMISSÕES

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Por arnaldo ferreira | Edição do dia 27/06/2020 - Matéria atualizada em 27/06/2020 às 06h00

Antes da pandemia, os lojistas do comércio tradicional do centro de Maceió garantiam empregos para mais de seis mil trabalhadores. Com mais de 100 dias fechados, cerca de duas mil pessoas devem ficar desempregadas com a retomada do setor no dia primeiro. A avaliação é do presidente da Associação dos Retalhistas de Maceió, Guido Júnior. “Os lojistas não aguentam mais ficam sem trabalhar. O prejuízo é grande”.
               Mesmo em dificuldades, a maioria fez investimentos para cumprir as regras do protocolo que determina distanciamento social, uso obrigatório de máscara, limitação de clientes por lojas e álcool em gel. A retomada das atividades não gera clima de comemoração no setor. Pelo contrário.  
 Sem precisar quantas das sete mil lojas da cidade conseguirão retomar as atividades, Guido Júnior considerou que a situação é dramática no comércio tradicional da capital. “Precisamos retomar as nossas atividades em primeiro de julho. Espero que o governo do estado reconheça a importância da nossa atividade para a economia e social. A gente quer reabrir com segurança sanitária”.
Os lojistas e trabalhadores consideram que nos próximos seis meses não será possível recuperar os prejuízos de mais de 100 dias parados. Vendedores de sapato como José Antônio dos Santos viu o faturamento de quase três salários cair para um mínimo. Ele teme perder o emprego se o isolamento social permanecer nos estabelecimentos do centro tradicional de Maceió. "Não sei se a loja onde trabalho vai reabrir. O patrão não consegue pagar as dívidas e não consegue empréstimos”. José Antônio lembrou que a reabertura das lojas não resolve o problema de imediato. “A população está quebrada. As vendas devem melhorar em dezembro, com as compras de Natal. Isto se houver retomada de empregos”, avaliou o comerciário.

Dívidas
As empresas fizeram investimentos em higienização. Esperavam abrir no último dia 22. Depois da frustração, a expectativa é para o dia primeiro de julho. Endividados com fornecedores, trabalhadores e com setores de arrecadação tributários, os proprietários de lojas e empreendimentos no centro do comércio tradicional dizem que não têm mais dinheiro nem para pagar despesas domésticas pessoais.
Num desabafo, o presidente da Associação dos Retalhistas questionou: “por que só os lojistas são mantidos em isolamentos comercial? Por que estamos pagando este pato e os outros não?”. O empresário Guido Junior ressaltou que praticamente não tem isolamento social no estado e destacou que “as feiras públicas estão funcionando normalmente. O comércio varejista é quem não pode abrir. Por quê?”.
Por outro lado, ressaltou que a população precisa ajudar no cumprimento do isolamento social. “Se as pessoas continuarem desafiando o vírus, a situação tende a piorar para todo mundo”. Segundo ele, “praias, bares, restaurantes e outros setores importantes da economia permanecem fechados. O prejuízo é imenso. O desemprego é elevado e tem muita gente passando necessidades”, disse o líder dos sete mil lojistas ao defender a reabertura do setor.
Os retalhistas apresentaram para o governo, em abril passado, propostas para a retomada das atividades com segurança sanitária. Não foram aceitas. No ramo há mais de 40 anos, Guido Júnior disse que ninguém entre os lojistas passou por recessão tão difícil como essa provocada pelo coronavírus. “Reconhecemos a gravidade do problema. Porém, é preciso analisar a saúde financeiras das empresas”.
Guido Junior observou que o estado não tem indústria de grande porte. A agroindústria canavieira também passa por dificuldades. Isto mostra, segundo o líder dos lojistas, a necessidade de reabrir comércio que é um dos maiores empregadores do estado. “As empresas sem faturar automaticamente a prefeitura e o governo do estado ficam sem receber impostos. Então, é preciso analisar se o poder público tem condição de ficar mais um mês sem a receita do varejo. Nós não aguentamos mais”.
               Considerou que o governo conta hoje com arrecadação do setor de alimentos, que conseguiu manter a movimentação de mercadorias com recursos emergenciais liberados pelo governo federal aos trabalhadores desempregados e as famílias em vulnerabilidade social. Por outro lado, lamentou a abertura da economia para os atacadistas, supermercados e material de construção, enquanto os lojistas varejistas se tornaram vilões. “Quem vai ao supermercado compra tudo: sapato, tênis, móveis, o que se imaginar. O prejuízo ficou para os menores ramos do comércio. A gente não pode vender, mas eles [os supermercados] podem vender de tudo que nós vendemos”.
               Ponderou ainda que “dia primeiro, deveremos sair da etapa vermelha para laranja. Mas tudo dependerá dos números da pandemia”. Observou que serão autorizados a funcionar lojas com mais de 400 metros quadrados. Os shoppings ainda não têm autorização para funcionar.

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