Política
PRESIDENTE DE CEI QUE INVESTIGA EMPRESA DEFENDE RELOCALIZAÇÃO
Vereador Francisco Sales, da Câmara de Maceió, diz que a Braskem não tem mais condição nenhuma de explorar sal-gema na capital


Além de recomendar aos Ministérios Público Federal, Estadual, a Justiça Federal e ao Tribunal de Justiça de Alagoas a responsabilização criminal dos diretores da Braskem e dos dirigentes de órgãos federais e estaduais de fiscalização e monitoramento da extração de sal-gema e da planta industrial da Braskem, o presidente da Comissão Especial de Investigação (CEI) da Câmara de Vereadores de Maceió, vereador Francisco Sales (PSB), afirma que “não tem mais cabimento a indústria permanecer no bairro do Trapiche e a extração do mineral em área urbana. Tem que sair”. Durante seis meses, a CEI mobilizou vereadores para a investigação paralela dos problemas geológicos causados pelos 35 poços de extração de sal-gema nos quatro bairros afetados. Na conclusão dos trabalhos amparados em estudos do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e depoimentos dos envolvidos, os vereadores responsabilizaram a indústria da Odebrecht pelos problemas geológicos, ambiental e recomendaram o indiciamento criminal dos gestores e de órgãos fiscalizadores. “Não há mais condições, em hipótese alguma, de continuar a exploração de salgema em área urbana”, disse o vereador Francisco Sales. Com relação a planta industrial, o presidente da CEI considerou que “se nos anos 70 fosse levado em conta a sensibilidade daquele local [os bairros do Trapiche e do Pontal], a indústria não teria se instalado ali”. Defende que a fábrica aproveite esta oportunidade e se transfira para um local distante de áreas urbanas.
DANOS EM SETE BAIRROS
Há dois anos, quando identificaram que as rachaduras nos imóveis, os tremores de terra e estrondos no subsolo poderiam estar relacionados a atividade de mineração da Braskem, os moradores do Pinheiro e líderes comunitários defendiam a paralisação da extração de sal-gema na região e a mudança da planta industrial do Trapiche. Com a confirmação da suspeita, agora sustentam a opinião. “Não faz mais sentido a Braskem e suas atividades de extração mineral permanecerem na área urbana de Maceió”. Afirma o presidente do Movimento S.O.S. Pinheiro, Geraldo Vasconcelos, ao alertar que a indústria causa prejuízos em sete bairros da cidade.
INDENIZAÇÃO
O líder dos 6.500 proprietários de imóveis que estão sendo orientados a sair, receberem aluguel social de R$ 1 mil/mês e esperar até dois anos pelo pagamento de indenizações cobra explicações da indústria, da CPRM e da Defesa Civil. “A indústria desvalorizou a enseada do Trapiche, comprometeu os meios ambientes dos bairros do Pontal, Ponta Grossa, Pinheiro, Bebedouro, Mutange e Bom Parto. As sete regiões afetadas não sabem o que de fato acontece no subsolo e a dimensão do perigo”, desabafou. “Se a Braskem quer permanecer em Alagoas tem que buscar um local seguro para funcionar. A extração do minério tem que acontecer numa área rural. após um cuidadoso estudo de impacto ambiental e fiscalização rigorosa”, recomendou Vasconcelos. “Se os moradores permitirem que os problemas persistam será muita negligência nossa”. O líder do S.O.S. Pinheiro disse dos bairros afetados pela mineração cobra a volta da CPRM numa audiência pública para explicar porque a área de risco foi ampliada? Por que subiu de 4.500 para 6.5 mil o número de moradias que precisam se desocupadas? A amplitude dos riscos nos bairros?
“Na rua Belo Horizonte (onde Geraldo mora com a família) e ruas vizinhas todos querem saber detalhes como está a situação. O que a gente está vendo é que a Braskem ficará com uma área maior que a de muitos bairros”, alertou o líder do movimento à Gazeta.