Política
POLÍCIA PRENDE TENENTE-CORONEL DA PM POR HOMICÍDIO
Rocha Lima e mais cinco pessoas são presas por suspeita de participação na morte de um homem em outubro de 2019


Uma operação da Polícia Civil (PC), por meio da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), desencadeada nessa quarta-feira (22), resultou na prisão de suspeitos de crimes de homicídios, dentre eles, dois militares. Um dos PMs presos é o coronel Rocha Lima, comandante do 8º Batalhão - ele foi exonerado do cargo pelo governo ontem à noite. A prisão foi confirmada pelo irmão do militar, que se encontrava na sede da Radiopatrulha (RP), no Farol, para onde o PM foi levado após se submeter a exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML). Já o outro PM preso foi identificado como José Gilberto Cavalcante de Góes, que seria um oficial da reserva remunerada. A terceira pessoa presa foi Wagner Luiz das Neves Silva. O nome dos demais, no entanto, não foi divulgado. Conforme a assessoria de comunicação do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), o processo tramita em sigilo. Os militares e outras quatro pessoas são suspeitas de terem envolvimento no assassinato de Luciano de Albuquerque Cavalcante, 40 anos, em outubro de 2019. A operação seguiu nos bairros Benedito Bentes, Chã da Jaqueira e Clima Bom. Pertenciam à Polícia Militar de Alagoas (PM/AL) as munições usadas no homicídio de Luciano de Albuquerque Cavalcante. A informação foi confirmada pela Delegada Tacyane Ribeiro, por meio de assessoria de imprensa. Segundo ela, o inquérito policial que investiga o homicídio foi concluído recentemente, após nove meses de investigação.
O CASO
A vítima foi atingida por sete tiros, nas proximidades do terminal de ônibus do conjunto Village Campestre, no bairro Cidade Universitária, em Maceió. Luciano de Albuquerque sofreu os disparos enquanto estava no próprio carro, um Voyage branco de placas QLJ-3302/AL. À época, no entanto, o tenente da reserva remunerada da Polícia Militar (PM) de Alagoas, José Gilberto Cavalcante de Góes, e mais um homem que se passava por policial, identificado como Wagner Luiz das Neves Silva, foram presos, suspeitos de praticarem o crime. A polícia informou, no entanto, que a motivação do crime tinha relação com a negociação de um terreno, que pertencia à vítima que foi assassinada.
O irmão do coronel Rocha Lima afirmou à Gazetaweb que vai entrar com o pedido de Habeas Corpus (HC) para a soltura do militar. Segundo Petrônio Lima, o coronel é inocente, e tudo vai ser provado nos autos do processo.
“Meu irmão me ligou logo cedo, dizendo que pediram para ele se apresentar no Comando Geral da PM, ele assim fez, porque não deve nada e, chegando lá, foi comunicado de um mandado de prisão expedido contra ele a respeito de um fato ocorrido em 2019, um homicídio, onde duas pessoas já tinham sido acusadas e presas e, posteriormente, liberadas com HC, um tenente e outro rapaz que tem conhecimento com a nossa família”, disse Petrônio. Conforme o irmão, a informação recebida pela família é de que o coronel Rocha Lima estaria sendo acusado de integrar uma organização criminosa, além de formação de quadrilha. Segundo ele, a ligação entre o irmão e umas das pessoas envolvidas no crime desencadeou a suspeita. À época do crime, a polícia teria encontrado a farda do comandante na casa do suspeito. “O que nos chegou foi que a prisão foi decretada porque meu irmão é conhecido desse rapaz. Ele está sendo acusado de organização criminosa e formação de quadrilha. A gente quer tomar pé da situação para saber o que realmente está acontecendo. Se for constatado que foi isso, a gente acha um absurdo, porque, para prender qualquer cidadão, ainda mais um comandante de polícia, tem que ter prova, embasamento jurídico, e não pelo simples fato de conhecer uma pessoa. Me parece que, quando um dos rapazes foi preso à época do crime, encontraram uma farda do meu irmão na casa dele, e esse fato veio desencadear a suspeita. Mas ele prestou depoimento à época e, agora, ele está nessa situação”, diz. Os advogados de defesa do coronel dizem que a prisão é ilegal, já que se trata de um fato antigo. Eles dizem, ainda, que, segundo a família, o comandante está sendo vítima de perseguição. No entanto, não deram mais informações sobre o assunto. “No momento é preliminar passar informação, até porque a defesa não teve acesso aos autos do processo. O que a defesa obteve de informação de familiares é que o processo é antigo, que não tem qualquer relação com o investigado, e nesse momento, a gente tem informação de que tudo se trata de um ato de perseguição contra o coronel”, relatou a advogada criminalista Fernanda Noronha.