Política
SUCESSÃO NO TC PODE ABRIR VAGA PARA OLAVO CALHEIROS NA CORTE
Com a aposentadoria do conselheiro Cícero Amélio, deputado pode ser indicado pelo governador


O poder da caneta, em Alagoas, continua sendo decisivo para resolver questões pessoais, técnicas e, principalmente, políticas. A aposentadoria do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Cícero Amélio, na semana passada, representa bem essa situação. A medida, determinada pelo governador Renan Filho (MDB), tem base legal em parecer da Procuradoria Geral do Estado (PGE). De uma só vez garante tranquilidade ao ex-conselheiro e uma acomodação política. Inicialmente, o principal beneficiado é o próprio Cícero Amélio, que depois de ser afastado desde 2016, condenado em 2019 por falsidade ideológica e prevaricação, agora sai da vida pública, mas garante renda às custas dos impostos do povo alagoano para toda a sua existência. Mas é no campo político que a “saída jurídica” pode ser ainda mais eficaz. Isto porque, finalmente, pode garantir a ida do deputado Olavo Calheiros (MDB) para o órgão e, ao mesmo tempo, trazer de volta ao parlamento seu ex-líder, atual superintendente da Arsal, Ronaldo Medeiros. Para o parlamento poderia ser até um ganho, já que quando era deputado, Ronaldo Medeiros era figura presente na Casa, tendo sido até líder do governo, algo bem diferente de Olavo Calheiros, que prestigia mais as sessões com matérias decisivas para o Palácio República dos Palmares. Do contrário, privilegia suas atividades agropecuárias. Já Ronaldo Medeiros - que está “passando a chuva” à frente da Arsal - tem vocação política. Além disso, é fiel à família desde que ocupou a superintendência do INSS graças ao prestígio que tinha em Brasília (DF) o pai do governador, o senador Renan Calheiros (MDB). Há quem diga que isso, de tão óbvio, poderia prejudicar a imagem do governo. Mas em Alagoas isso nunca foi problema. Renan Filho só estaria mantendo a tradição dos últimos 15 anos na qual o ex-governador Ronaldo Lessa indicou o irmão e atual presidente do TC Otávio Lessa, o ex-presidente da Assembleia Legislativa Estadual (ALE), Antônio Albuquerque, que indicou a irmã Rosa Albuquerque, e ainda o ex-deputado e ex-presidente Celso Luiz, que emplacou a esposa Cleide Bezerra. Na prática, Olavo Calheiros só não se torna conselheiro se não quiser. No caso desta remota hipótese, o cargo poderia ser para o ex-procurador Alfredo Gaspar de Mendonça, caso não seja bem sucedido em sua primeira tentativa eleitoral, já que é pré-candidato a prefeito de Maceió. Seria uma espécie de prêmio de consolação pós-eleição. Caso também não aceite, nomes de outros “soldados fiéis” não faltam. Aí a bússola da política vai continuar apontando para o Palácio República dos Palmares, podendo ficar direcionada até mesmo para Fábio Farias, atual secretário do Gabinete Civil. O fato é que se o indicado para o TC não tiver consanguinidade será, no mínimo, alguém de extrema confiança da família Calheiros.