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Nº 5852
Política Fernando Maia lembra que o vírus continua circulando e em AL avança para o interior

INFECTOLOGISTA ALERTA SOBRE FLEXIBILIZAÇÃO GERAL EM ALAGOAS

Fernando Maia, presidente da Sociedade Alagoana de Infectologia, diz que risco ainda é muito grande

Por arnaldo ferreira | Edição do dia 29/08/2020 - Matéria atualizada em 29/08/2020 às 06h00

Se dependesse só da decisão da maioria dos infectologistas de Alagoas, as medidas de isolamento social não teriam chegado nesta fase de pré-liberação geral. Com os primeiros casos de coronavírus em março, o Estado entrou em isolamento radical, três meses depois iniciou o processo de flexibilização da economia e hoje está na fase azul, que antecede a última fase - a verde. Até agora, a Secretaria de Saúde não divulgou os gastos do Estado com a pandemia. A pressão do momento é para a retomada das aulas presenciais. Apesar da curva descendente, o presidente da Sociedade Alagoana de Infectologia, Fernando Maia, alerta que “a pandemia não acabou, o risco ainda é muito grande”, observando que o índice de pessoas infectadas em Alagoas varia de 400 a 500 e o número de mortes oscila de oito a dez por dia. Maia lembrou que “o vírus continua circulando em todo o País e em Alagoas também avança para o interior”. Explica que no nosso caso, a queda nos números de contaminação permitiu sair das fases [vermelha, laranja e amarela] de isolamento e entrar na fase [azul] de distanciamento social. “Isto quer dizer também que temos de continuar com o uso das máscaras, lavar as mãos, álcool em gel e com todas as medidas preventivas”. O médico destacou que as pessoas agora podem fazer coisas que antes não era possível. Como exemplo, ele cita a possibilidade de frequentar atividades religiosas, circular pelas cidades, atividades esportivas. “Mas é fundamental respeitar a distância entre as pessoas e as regras estabelecidas para circulação em locais públicos”. Neste momento de queda dos números de infectados e relaxamento das medidas de isolamento social, o médico Marcelo Constant se mantém em distanciamento social. Diz que “de jeito nenhum é hora de relaxar com as medidas preventivas. A pressão da economia e a concepção de alguns gestores poderá fazer com que a pandemia se prolongue e pode até recrudescer”. O ex-diretor do Hospital de Doença Tropicais Hélvio Auto e hoje referência de tratamento da Covid 19 em Alagoas recomenda aos gestores do estado e dos municípios a prestarem atenção em exemplos de países da Europa que foram extremamente rigorosos no isolamento social e depois de avaliarem que a situação estava sob controle, fizeram a abertura geral. “Os resultados foram desastrosos na Itália, França e outros países. Por isso, o que acontece em Alagoas nos preocupa, neste momento”. Jovens desrespeitam e “debocham” dos idosos com máscaras Como ocorrem em outros estados, em Alagoas também grupos de jovens ignoram o poder ofensivo do coronavírus, fazem encontros festivos regados a bebidas e músicas nos finais de semana e sem uso de máscaras. Alguns “debocham” e “ironizam” das pessoas e idosos com máscaras. Situação semelhante praticadas pelos “negacionistas” que acusam o coronavírus de ser “um negócio de marketing da China”. Infectologistas como os irmãos médicos Marcelo e José Maria Constant e o presidente da Sociedade Alagoanas de Infectologia, Fernando Maia afirmam que “o vírus é real”. “Pode ser fatal se as pessoas não adotarem medidas de distanciamento e de isolamento social”. Segundo os médicos, “a Covid 19 não causa apenas uma gripezinha. Ninguém está livre e a máscara é um equipamento importante de proteção individual e social”, alerta Fernando Maia e seus colegas, alguns deles aparecem em propaganda institucional sustentando a necessidade do uso de máscaras e de outras medidas de higiene para prevenção. Num desabafo informal, o médico Marcelo Constant demonstrou tristeza depois de perceber que alguns jovens “debochavam” das pessoas com máscara. “É triste ver que alguns jovens desafiam a prevenção e ainda olham para as pessoas com máscaras em tom de zombaria e desprezo”, Constant costuma fazer caminhadas matinais na orla de Maceió e percebeu este tipo comportamento em um grupo de jovens. “Neste momento é cedo para liberar a abertura geral como vem ocorrendo no País e em Alagoas”, insiste Marcelo. Nem todos pensam assim. O irmão de Marcelo, também médico infectologista José Maria Constant, 77 anos, trabalhando para melhorar a renda da aposentadoria e com comorbidades, considera que a pandemia não pode ser olhada politicamente como vem ocorrendo no País. “Precisamos observar a questão tecnicamente. A abertura por fase de setores da economia segue orientações de especialistas consultados pelo governo estadual. As pessoas não podem ficar a vida toda trancada”. Porém, José Maria diz que é preciso encarar o vírus seriamente e cada um deve respeitar as orientações preventivas. “Usar álcool em gel, lavar sempre as mãos com sabão e não deixar de usar máscaras”, recomenda. Ele criticou gestores políticos que não são médico e ficam receitando medicações, algumas sem comprovação científica de eficácia, como é o caso do presidente Jair Bolsonaro.

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