Política
CONVENÇÕES COMEÇAM COM MUITO ATRITO E INDEFINIÇÕES EM AL
Episódio envolvendo destituição do diretório municipal do PSDB foi só o começo de uma série de polêmicas que devem acontecer


Traição, rasteira e abandono marcam a última semana de articulação dos partidos para a atípica eleição que vai eleger o sucessor do prefeito Rui Palmeira (sem partido). Dirigentes partidários, candidatos e marqueteiros estão a todo vapor contabilizando estratégia de votos, tempo de mídia e a captação das primeiras imagens para a campanha. As legendas precisam realizar as convenções para oficializar as chapas até o dia 16 de setembro. E é aí que está a confusão. No grupo político do pré-candidato João Henrique Caldas (PSB), um dos partidos, o PSDB está rachado internamente. Não há como saber, por enquanto, se a queda da deputada federal Thereza Nelma (PSDB), depois que o senador Rodrigo Cunha (PSDB) puxou-lhe o tapete, resolve a contenda iniciada na semana passada. Ela era a presidente do Diretório Municipal até ser destituída com toda a direção e perder o poder de indicar o vice da coligação com JHC. Provavelmente ele nem saia do partido, já que o PSB “esquenta a vaga” para um nome do PDT. Isto, porém, só será possível se o partido se aliar nacionalmente com os socialistas. Neste caso, em Alagoas, a pré-candidatura de Ronaldo Lessa seria implodida, cabendo-lhe a indicação do vice. E aí nomes como Kátia Born e Judson Cabral podem ser escalados. Num eventual plano B, se o partido atrair para a composição do PMN, que lançou o pré-candidato Corintho Campelo, ele poderia ser vice. A especulação de bastidor faz sentido porque Campelo, até o início da pandemia, era do PDT e saiu para viabilizar sua candidatura. Ex-prefeito biônico de Maceió, rompeu com o partido ao perceber a tendência de apoio a Lessa, que não se confirmou com a dimensão que ele queria. Agora, pode ser um “coringa” para equilibrar as forças junto a JHC.
CHAPA GOVERNISTA
Na articulação para a montagem da chapa governista nem tudo são flores. O MDB de Alfredo Gaspar pode ver oito dos seus vereadores da Câmara de Maceió se rebelar em contra a indicação do prefeito Rui Palmeira, o ex-superintendente da Superintendência de Iluminação (Sima) e também da SMTT, Tácio Melo. O presidente da legenda, deputado estadual Galba Novaes, quer ouvi-los, mas já anunciou ser legítima a posição. Tácio - que comanda o Podemos - é considerado “apagado”. Por isso a pressão silenciosa do grupo para a indicação da vereadora Ana Hora, formando uma chapa “puro sangue”. Dificilmente isto vá acontecer. Isto porque a condição do prefeito Rui Palmeira apoiar Gaspar passa pela indicação do vice. Sem partido esse passou a ser o “plano B” de Rui Palmeira depois que também foi traído pelo senador Rodrigo Cunha, que não o deixou liderar o PSDB para a construção de uma candidatura própria.
AGENDA POLÍTICA
Já Alfredo tenta se distanciar do “jogo político” e cria suas próprias jogadas com uma agenda política intensa até demais, já que foi flagrado provocando aglomerações. Vítima da Covid-19 (emocional e fisicamente), tem leve vantagem que os demais candidatos por ter sido infectado e ter anticorpos da doença. O preço para isso foi caro, já que viu seu pai e conselheiro político, Carlos Mendonça, ser uma das quase duas mil mortes do Estado. Por isso, o foco na nova missão e o sentimento de perda não lhe permitem ficar preocupado com outras atribulações internas. No momento a preocupação é a costura política que lhe possibilite a montagem do programa de governo. Sendo assim, deve fazer sua convenção também nos últimos dias. Até lá quem vai trabalhar para desidratar a mobilização da bancada emedebista é o governador Renan Filho (MDB). Afinal, foi ele o mentor do nome de Alfredo e da busca do apoio de Rui. Ou seja, foi ele quem negociou sem consultar sua própria base e pode ter prometido espaço ao prefeito na coligação.
ANTECIPAÇÃO
Quem está próximo de definir a sua coligação é o deputado estadual Davi Davino (PP). No momento já conta com o apoio do Solidariedade, PSL e Republicanos. Mas já tem garantido o apoio do DEM e, possivelmente, do Cidadania. Até mesmo do seu lado há perdas importantes. Seu colega de parlamento, Davi Maia (DEM), não vai marchar com o partido e estará no palanque de JHC. Para isso irá se afastar da direção municipal e segue para o outro lado. Nada que a experiência de Nonô não contorne e ajudar a manter o equilíbrio no grupo que precisa impulsionar Davi para colocá-lo no 2° turno. Até o momento, conforme as duas pesquisas já divulgadas com autorização do TRE/AL, ele é o quarto nas intenções de voto. Por outro lado, o primeiro na mídia aberta (rádio e tv). É aí que espera crescer junto ao eleitorado. Além disso, esta semana quem chega para também alavancar a campanha é o deputado federal Arthur Lira. Integrante do Centrão, em Brasília, dá apoio a Bolsonaro e pode moldar a chapa para contar com o apoio do Palácio do Planalto. Na semana que passou, o próprio Bolsonaro deu sinais de que pode quebrar a neutralidade e apoiar alguns candidatos pelo país. Isso seria uma forma de também garantir bons aliados e “cabos eleitorais” para sua pré-campanha à reeleição.
EXPRESSÃO
Os partidos de esquerda são os únicos que por conta das expectativas eleitorais limitadas, sem chances de disputa com as máquinas e com poucos recursos do Fundo Eleitoral, devem lançar e confirmar sua chapas puro sangue. Incluem-se na lista o PT, PC do B, PSol e UP. Destes, só o PT tem mais estrutura, ainda assim, marcou sua convenção para o dia 13 por uma questão emblemática. Desde a escolha do dia até a manutenção da candidatura do advogado Ricardo Barbosa, o objetivo é dar visibilidade ao partido. A missão de Barbosa não será ser oposição, mas falar como oposição nacional do projeto do governo federal. Sendo assim, ao invés de criticar a candidatura apoiada por Rui, mas também pelo Palácio República dos Palmares, o partido parte para cima de Davi Filho. Ele até é do PP, que também vem da gestão Rui, já que Marcelo Palmeira foi seu vice por oito anos. Mas a questão é que o PT não será oposição ao candidato de Renan Filho, já que é da base do governo ocupando o cargo da Secretaria Estadual da Mulher e Direitos Humanos.