Política
CASO BRASKEM ENTRA NA PAUTA DE CAMPANHA DE CANDIDATOS
Crise no Pinheiro e outros três bairros de Maceió passa a ser foco de preocupação dos dez nomes na disputa a Prefeitura de Maceió


A crise que se abateu sobre o Pinheiro, Mutange, Bom Parto e Bebedouro, levando à remoção de milhares de famílias, também faz parte da agenda de campanha dos candidatos a prefeito. A Gazeta perguntou a todos eles: o que o Sr(a). fará, se for eleito, em relação aos bairros e ao trânsito afetados pela mineração da Braskem, e em relação à presença da petroquímica em Maceió? As respostas deles seguem abaixo.
ALFREDO GASPAR (MDB)
Eu vou exigir celeridade no pagamento das indenizações à população atingida, principal prejudicada pelo desastre. Também vou responsabilizar, via ação judicial promovida pelo Município de Maceió, a mineradora Braskem pelos graves danos causados à população e à cidade, são compromissos assumidos no meu Plano de Governo, assim como a criação de um conselho de gestão de crise, ligado diretamente ao Gabinete do Prefeito, e estabelecer uma equipe intersetorial, com a participação de membros dos bairros atingidos, que vai efetivar todas as ações para solucionar e mitigar os danos junto à população. A mobilidade urbana é um desses danos, já que afeta as principais avenidas e ruas dos bairros atingidos e também o VLT, um importante modal de mobilidade para quem reside na região. Nós vamos utilizar todos as vias que tenham condições de absorver um aumento de tráfego, como o Eixo Cepa. Além disso, vamos discutir com as empresas de transporte urbano e com os órgãos de trânsito, corredores específicos de ligação entre os pontos trafegáveis e também estações de transbordo de passageiros. Sendo viável, poderemos utilizar a lagoa como alternativa de transporte. Quanto à extração de sal-gema no município de Maceió, sou veementemente contra. Inclusive, fui o primeiro a pedir e conseguir a suspensão das atividades de mineração dos poços da Braskem em Maceió.
JHC (PSB)
Dediquei um capítulo inteiro à situação dos bairros atingidos pelos efeitos da mineração predatória em Maceió. Lá atrás, também criei, na Câmara, a Comissão Externa para fiscalizar o tema. É algo absolutamente sério e será uma das prioridades da minha gestão, justamente por isso o meu primeiro ato oficial de campanha foi no Pinheiro, bairro-símbolo de toda essa situação. Não descansarei um segundo sequer até que todos os moradores sejam ouvidos e tenham justiça. É necessário também responsabilizar pela inutilização de equipamentos públicos, em flagrante prejuízo à municipalidade e à sociedade. Até aqui, desconheço medida adotada pela atual administração nesse sentido e essa omissão criminosa, se confirmada, será também objeto de escrutínio. Quanto à permanência da empresa em Maceió, desde que haja total segurança para as pessoas, e ocorra compromisso com as mais rigorosas regras sanitárias, não vejo por que criminalizar a atividade empresarial. Sou parceiro do empreendedorismo e quero o maior possível número de empresas instaladas na cidade, desde que isso não implique em violação de direitos.
RICARDO BARBOSA (PT)
É necessário frisar que Maceió está sendo vítima da irresponsável sede de lucro da Braskem e que essa tragédia urbana atinge diretamente famílias e comércios dos bairros Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto. Desde sua constatação do problema que vem sendo tratado propositalmente de forma parcial para minimizar a responsabilidade da Braskem. A Ação que deveria responsabilizar a Braskem e obrigá-la a indenizar todos os prejudicados foi transformada em um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), conduzido pelo Ministério Público Estadual onde a empresa não foi responsabilizada, se livrando inclusive de Ações Civis e Criminais competentes. Ainda mais grave é o fato de que a Braskem passou a comparar os imóveis e se tornar dona do solo que ela própria ajudou destruir. Na prática a empresa se tornou a maior proprietária de terrenos de Maceió. Outro agravante é continuidade da exploração da mineradora em outras áreas da cidade, seguindo a mesma lógica e, dessa vez colocando em risco a região do Litoral Norte. Esse tipo de postura empresarial predatória não é condizente com a necessária transição ecológica que Maceió precisa passar. Na nossa administração vamos estimular atividades econômicas com baixo consumo de carbono e que não cause esses trágicos impactos ambientais. Isso exige uma postura firme da prefeitura. Nesse sentido nossa administração vai buscar os caminhos legais para utilizar todos os recursos públicos disponíveis para que a prefeitura compre os terrenos que se tornaram inabitáveis, possibilitando que seu uso seja revertido à própria população em forma de políticas públicas como parques , praças e outras alternativas com responsabilidade urbanística.
VALÉRIA CORREIA (PSOL)
É importante destacar que a mineração predatória e irresponsável da empresa ocasionou tais danos, conforme laudos técnicos do Serviço Geológico do Brasil. Nesse sentido, a empresa deve ser punida dentro do que a lei prevê. Além, claro, de indenizar, de fato, os atingidos pela mineração: seja a vida humana e não humana interrompida, algo que não ocorreu no acordo apresentado. Toda a vida das comunidades atingidas foi interrompida de maneira bárbara e todos esses danos deveriam ter sido levados em conta na análise e majoração das indenizações no acordo. As atividades da empresa devem ser interrompidas e analisadas, até que se confirme se seguem a legislação ambiental, pois a extração de sal-gema não ocorreu sem respaldo público. Isso só externa a irresponsabilidade dos gestores e dos órgãos. Além disso, e o mais importante: qualquer atividade mineradora deve passar pelo diálogo participativo e contínuo da comunidade, garantindo a autonomia de não permitir que determinada atividade ocorra na região em questão. A forma como o Judiciário e os gestores públicos trataram o caso permitiu que os atingidos passassem por outro processo negativo, pois o acordo não abarca os danos, como denunciado pelos moradores.
DAVI FILHO (PROGRESSISTAS)
O que tem que ser feito agora é cuidar de gente, e aqui eu cobro agilidade no atendimento das pessoas prejudicadas, que precisam reconstruir suas vidas. É preciso simplificar e acelerar as indenizações, que estão a passos de tartaruga. São dezenas de milhares de famílias, incluindo pequenos comerciantes e trabalhadores, todos desesperados pela destruição causada por essa desastrosa mineração da Braskem. Quanto a esta, o ideal seria corrigir o erro do passado e reposicioná-la, liberando o Sul de Maceió para uma nova requalificação urbana. Eleito prefeito, vou liderar, desde o primeiro dia, a feitura de um grande projeto de reconstrução, com técnicos, universidades e outros segmentos pensantes. Vamos envolver a CBTU, porque a interdição do VLT prejudicou doze mil usuários ao dia, exigindo novos traçados. Com o projeto debaixo do braço, vou buscar a união dos poderes locais, mobilizar a força política do nosso grupo em Brasília e bater na porta do governo federal. Temos que ser firmes nessa ação, sem vacilo, para reparar o gigantesco dano causado ao povo e ao desenvolvimento da nossa cidade.
LENILDA LUNA (UP)
Uma das primeiras manifestações que participei, ainda na adolescência, foi do Movimento Pela Vida, em 1982, denunciando os riscos da antiga empresa Salgema naquela região de restinga e próxima à vários bairros residências. A empresa foi instalada ali durante a Ditadura Militar, na década de 1970, quando as manifestações populares eram proibidas e a sociedade não era ouvida. Mas, ainda que tenhamos nos posicionado durante todas essas décadas contra essa forma de pensar o desenvolvimento econômico sem levar em conta a sustentabilidade social e ecológica, fiquei consternada com a devastação provocada pela Braskem, atual proprietária da antiga Salgema. São bairros que carregam muitas histórias de vida. São famílias que tiveram de se mudar durante a pandemia sem saber como fazer. Durante a pré-campanha, procurei contribuir para dar visibilidade a essa situação dramática, utilizando as minhas redes sociais. Já na campanha, me posicionei contrária a instalar a mineração da Braskem no litoral norte. Na elaboração participativa que fizemos do programa de governo com 80 propostas para Maceió com o povo no poder, estabelecemos a seguinte proposta: Formação de um gabinete de gerenciamento de crise para acompanhar e orientar as famílias que foram vítimas da mineração da Braskem na garantia do pagamento de indenizações e de oferta de serviços, financiados pela empresa, de atendimento psicológico, recolocação no mercado de trabalho, incentivo aos pequenos negócios e recolocação da moradia.
JOSAN LEITE (PATRIOTAS)
A velha política alagoana é a maior responsável pela catástrofe nos bairros do Pinheiro, Bebedouro, Mutange e Bom Parto. A negligência, ou mesmo omissão, junto à fiscalização da mineração executada pela Braskem é a grande responsável pela tragédia ocorrida em Maceió. O caso tem sido tratado de forma amadora, ou incompetentemente, e sem transparência. A primeira ação é dar a população transparência das reais condições dos bairros. Muitas dúvidas ainda restam para todos. A segunda é, diante da verdade apresentada, devemos montar cenários possíveis e fazermos um planejamento para cada uma destas possibilidades. Em resumo, precisamos de transparência, planejamento e ação, em conjunto com os envolvidos. O moradores são as vítimas e precisam ser protagonistas das soluções em conjunto com a prefeitura.
CORINTHO CAMPELO (PMN)
O problema do Pinheiro é um problema que diz respeito à toda a cidade de Maceió, também das autoridades constituídas. Não é um problema localizado, somente dos moradores dos bairros afetados pela mineração da Braskem. O problema precisa ser resolvido politicamente. É lamentável a ausência das autoridades públicas, a exemplo do governador e do prefeito, que durante esse período, de dois anos, não tiveram nenhuma ação concreta, junto ao governo federal, para resolver o problema, apesar de o presidente Jair Bolsonaro, a cerca de um ano e meio atrás, ter declarado que a mineradora estava causando sérios problemas aqui em Maceió. Mesmo com essa declaração do presidente, o governador e o prefeito continuaram inerte, sem nenhuma atitude e palavra em relação aos moradores afetados. Se eleito, vamos diminuir a máquina pública. Das 33 secretárias e órgãos equivalentes existentes, vamos ficar apenas com 12. A única coisa definida é que, uma dessas secretarias, será uma secretaria extraordinária, que vai cuidar do problema do Pinheiro e dos problemas estruturais de Maceió, como o salgadinho, as línguas negras, o mercado da produção e a orla lagunar, e o secretário será um técnico saído do Pinheiro, que envolvido com essa problemática.
CÍCERO FILHO (PCDOB)
Nós não vamos permitir que a Braskem faça o que bem entender com a nossa população. Essa é uma questão extremamente grave. Como prefeito terei uma postura firme para que a empresa não continue se beneficiando da tragédia das pessoas. Vale ressaltar que outro absurdo é a tentativa da empresa querer se instalar em outra localidade, como foi ventilado, em Ipioca. Aquela é uma região em plena expansão e daqui a alguns anos poderemos ter a mesma tragédia ocorrendo novamente. Ela sequer indenizou as pessoas por todo mal que causou e já fala em explorar outra região da cidade? Que absurdo é esse? Estamos atentos e seguiremos em defesa dos maceioenses. Precisamos encontrar uma saída que mantenha os empregos e a atividade econômica, mas que não destrua a nossa cidade e as vidas das pessoas. Não nos serve qualquer tipo de crescimento econômico, ele precisa ser sustentável, precisamos pensar também no futuro e no que queremos para Maceió.
CÍCERO ALMEIDA (DC)
Na condição de pré-candidato não, já de candidato a prefeito de Maceió, eu lhe responderia da seguinte forma: Com relação aos bairros, buscar uma parceria com o governo federal com quem eu tenho um bom relacionamento, ao contrário dos outros representantes, para que nós possamos construir conjuntos habitacionais e dar o apoio devido a essas pessoas que estão realmente, parcialmente abandonadas, essa é a grande verdade. Com respeito ao trânsito, a gente tem uma situação. Na minha gestão, quando eu fui prefeito, eu fiz grandes melhorias no trânsito de maceió. Agora nós estamos com a situação pior, a pior delas. Porque você vai retirar todo aquele trânsito de bebedouro e vai jogar para a parte alta da cidade. Então tem que haver muita organização, tem que ser feito com muita responsabilidade, tem que ser feito também grandes investimentos para que a gente possa dar para aquelas pessoas que transitam naquela área a melhor condição. Com respeito a mineradora a Braskem, antiga sal-gema, que eu conheço desde que se instalou em maceió. Quando se instalou não se sabia o perigo que ela iria causar depois de quarenta e tantos anos.