A pressão da Justiça Eleitoral fez os candidatos de todas as coligações baixarem o tom quanto às aglomerações provocadas em carreatas, adesivaços, caminhadas, lançamentos de comitês e panfletagens. Davi Davino Filho (PP) e Alfredo Gaspar de Mendonça (MDB), candidato de Renan Filho e Rui Palmeira, cancelaram as caminhadas. Já o candidato JHC (PSB) não cancelou os eventos de rua, mas disse que, a partir desta quinta-feira (8), dará início a “uma nova fase, fazendo o “porta a porta”. A mudança de postura ocorre um dia após a Gazeta Digital divulgar com exclusividade a resolução do juiz da propaganda eleitoral, Josemir Pereira de Souza, proibindo aglomerações e determinando o uso de máscara e o distanciamento entre os participantes. “Por isso, a partir de agora, nossa coligação está cancelando todas as caminhadas da campanha eleitoral. Só faremos reuniões em espaços abertos, arejados e com distância segura entre as pessoas. O combate ao vírus não pode parar. Todos têm que fazer a sua parte. Contem comigo”, justificou Alfredo Gaspar em vídeo divulgado via WhatsApp. Antes da mudança de postura, Gaspar havia sido flagrado em várias situações onde uma multidão de pessoas o cercava, seguia e o abraçava nos bairros de Maceió. Não só ele como também Davi Davino (PP) e até mesmo João Henrique Caldas (PSB) também já haviam sido flagrados em situações semelhantes na periferia da capital. Com a repercussão das medidas restritivas os discursos deles também mudaram. Por meio de sua assessoria, JHC disse que a campanha já vinha adotando medidas para restringir as aglomerações. “Inclusive optamos por caravanas com o trio, onde não há contato direto. É uma perda importante, porque a população pede muito uma presença mais forte. porém neste momento é ainda mais importante preservar a saúde de todos”, disse o candidato socialista. A partir desta quinta-feira ele informou que irá adotar o “Porta a Porta com JHC”, onde com uma equipe reduzida de pessoas, com plenas condições de garantir as medidas sanitárias, vai falar com as pessoas, mas garantindo distanciamento. Davi Filho também recuou na estratégia de reunir multidões e informou que suspendeu as caminhadas e que vai buscar alternativas para continuar conversando com as pessoas com base nas orientações do TRE/AL. “Vou intensificar as carretas, com adoção de som itinerante. Como disse lá no início da pré-campanha, pra candidato que só faz campanha em gabinete, fica tudo mais fácil. Eu estou habituado às ruas, a sempre descer e subir grota para me encontrar com as pessoas, no contato olho a olho”, destacou Davino. Com a nova realidade, ele também revelou que irá intensificar o trabalho de divulgação de suas propostas nas redes sociais, com uma comunicação digital eficiente e também no guia eleitoral “pois a campanha está se fortalecendo cada vez mais”. Com uma estrutura modesta de campanha, mas cumprindo sua agenda diária, o candidato Corintho Campelo (PMN), garantiu que desde o início tem seguido a risca as determinações. Ele lembrou que isso é inclusive uma necessidade, já que está no chamado grupo de risco. “Nós não temos tido problema nenhum. Desde o início estamos tendo todo o cuidado, mantendo o distanciamento e usando muito a rede social. Entendemos isso e vamos fazer tudo seguindo o que determinam as autoridades sanitárias. Cícero Almeida (DC) aprovou a decisão do magistrado, mesmo antes dela ter se tornado pública, pois algumas pessoas próximas já lhe haviam antecipado que mudanças iriam ser determinadas. “Todos devemos cumprir a decisão e fazer com que não se contrarie as decisões judiciais. Eu na verdade tenho andado apenas com um carro de som e um motorista. Agora, que essa fiscalização possa valer para todos e que de imediato”, completou Almeida. Para o petista Ricardo Barbosa (PT), mesmo antes da campanha o partido e a militância estava consciente de que o mais importante era passar a mensagem do partido, porém, sem colocar em risco a vida dos trabalhadores. “A campanha precisa ser adaptada e nós estamos fazendo exatamente isso com eventos com poucas pessoas, mas atuando fortemente nas redes sociais e sem deixar de ter contato com os trabalhadores que já vinham sofrendo tanto com a pandemia e o desrespeito imposto pelo governo Bolsonaro”, acusou Barbosa. Segundo o candidato Cícero Filho (PCdoB), o impacto das medidas determinadas pela Justiça Eleitoral serão mínimos na campanha que vem fazendo, pois desde o início isso foi uma condição primária para ela ocorrer. “A nossa campanha irá continuar fazendo o que sempre fez, ou seja, seguir as orientações sanitárias. Temos total respeito as determinações judiciais e reconhecemos à importância da portaria do TRE, pois, infelizmente, atividades políticas estavam sendo realizadas em nossa capital sem as devidas precauções. Não aglomeramos e nem vamos aglomerar”, diz. Quem também considerou positiva a posição adotada pelo magistrado foi Valéria Correia (PSOL). Conforme revelou, já ficou provado na campanha que é perfeitamente possível obedecer as determinações e ao mesmo tempo passar o conteúdo necessário para os eleitores. “Nossa campanha tem se pautado nas recomendações dos órgãos sanitários e de saúde, por isso todas as determinações são recebidas com muita tranquilidade. Temos respeitado o distanciamento social e o uso de máscaras desde o primeiro dia de ações. Pra evitar aglomerações, ainda realizamos reuniões virtuais para discussões de propostas e integração com apoiadores e a comunidade”, explicou Valéria lembrando que nunca havia planejado caminhadas em respeito ao momento do país. A jornalista Lenilda Luna (UP) também informou que não terá dificuldades para se adaptar as regras estabelecidas. Conforme revelou, mesmo antes do início da pré-campanha todos os encontros do partido se deram de forma virtual, a exceção da convenção. Ainda assim em todos os momentos as medidas sanitárias foram respeitadas. “Essas determinações nós já estamos cumprindo. Desde o início da campanha, todos de máscara, álcool gel na bolsa e distanciamento. Grupos pequenos e evitando aglomerações”, disse a candidata da UP.

A reportagem também buscou a opinião do candidato Josan Leite (Patriota), mas até o fechamento desta edição ele ainda não havia encaminhado posicionamento.