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Nº 5694
Política Para o analista Marcelo Bastos, os gastos não são decisivos para a conquista de votos

GASTOS COM MARKETING ELEITORAL LEVAM 70% DA VERBA DE CAMPANHA

Para manter o nome e número em evidência, candidatos investem pesado em adesivos e afins

Por Marcos Rodrigues | Edição do dia 31/10/2020 - Matéria atualizada em 31/10/2020 às 04h00

Um adesivo legal, em cores vivas, com foto de qualidade, em forma de boton ou furadinho de veículo. É assim que a comunicação visual da maioria dos candidatos acontece, principalmente, após os chamados adesivaços, carros de som, transmissões e divulgação online, bem como gasto com combustível para as caravanas. Somados ao guia eleitoral, esses são os maiores gastos dos candidatos a prefeito, que juntos arrecadaram R$ 5,3 milhões (R$ 5.298.663,00). Até o momento, desse valor já foram investidos R$ 3,7 milhões (R$ 3.709.064,00) o que corresponde a 70% do que foi arrecadado. Os poucos privilegiados, na disputa à Prefeitura de Maceió, sabem disso, tanto que já investiram mais de 80% do que arrecadaram. Aparecer e está espalhado com a “cara” nas ruas ainda é visto como uma forma de estar próximo dos eleitores. O que para os leigos é desperdício, nas comunidades ajuda, por exemplo, a identificar quem é o candidato da região.

Durante a semana, a Gazeta Digital revelou esses gastos individualmente: Davi Davino Filho (PP) R$ 2,3 milhões; Alfredo Gaspar (MDB) R$ 1,3 milhões; JHC (PSB) R$ 1,1 milhão; Ricardo Barbosa (PT) R$ 271 mil; Valéria Correia (PSOL) R$ 138 mil; Cícero Filho (PCdoB) R$ 54 mil; Cícero Almeida (DC) R$ 15 mil; Josan Leite (Patriota) R$ 88 mil; Corintho Campelo (PMN) R$ 72,7 mil e Lenilda Luna (UP) R$ 8,1 mil. De todos os candidatos, apenas Cícero Almeida e Corintho Campelo não obtiveram repasses oficiais dos seus partidos. Até o momento gastam o que arrecadaram ou que doaram para as próprias campanhas. A maior contribuição foi a do candidato do PMN que investiu pessoalmente R$ 67 mil.

A Gazeta tentou ouvir representes das grandes campanhas, porém, os gastos quase sempre articulados pelo coordenador de campanha com o apoio de escritórios de contabilidade, não costumam ser comentados oficial. Sob a condição de não ter a identidade revelada um deles explicou que o profissionalismo que cerca uma campanha, faz com que estes gastos seja imprescindíveis. “Quando ocorrem as convenções e se definem os partidos, quase sempre esse processo já contou com gastos para campanhas internas. Então, quase sempre se sabe do potencial da coligação e para isso já se sabe que precisa haver tranquilidade para investir na imagem e ‘dar vida’ a campanha. O candidato pode ter o melhor discurso, as melhores ideias e boa vontade, mas se aparecer mal no guia, na rua e não atualizar seus programas não decola. É como se fosse uma troca ele precisa aparecer e as pessoas só dão credibilidade se a parte visual também corresponder”, explicou um integrante da equipe de publicidade. Um outro detalhe é que isso não ocorre a “toque de caixa”. Tudo é planejado e discutido com a assessoria política do candidato, que precisa compreender que há um caminho a ser seguido, que inclui por exemplo estrutura com empresas que garantam entrega no prazo e qualidade dos serviços. Ele explicou, ainda, que essa estrutura prevalece para os candidatos majoritários e que no caso dos vereadores, já que aparecem menos, ou não têm guia próprio, o peso fica para o material externo. Mas, os que têm chance de aparecer no vídeo, se fizerem investimentos próprios, com arrecadação própria ou dos partidos, também costumam se destacar. “Se contratarem agência com orientação de marqueteiro, o valor da campanha também se eleva. Comenta-se nos bastidores que tem candidato que chega a investir até mais de R$ 1 milhão”, completou o profissional sem querer se identificar. Foi esse planejamento com base na arrecadação, por exemplo, que em parte pode ter contribuído para o crescimento do candidato Davi Davino. Nas primeiras pesquisas pós-convenção, sempre figurava em 4° colocado, atrás de Cícero Almeida, que não teve fôlego para se manter.

Quando o guia surgiu, juntamente com a agenda externa e a pulverização da campanha cobriu a cidade de canto a canto. Paralelo ao espaço do próprio guia e a dinâmica utilizada, entre a primeira rodada do Ibope, encomendada da TV Gazeta, e na segunda pesquisa avançou 10%. Para o pesquisador e analista eleitoral, Marcelo Bastos, da MB Pesquisas e Consultoria os gastos “fazem a diferença”, por um lado, não são decisivos para a conquista de votos. Segundo acredita uma parte do eleitorado está cansada de tantos efeitos especiais com “projetos e promessas mirabolantes”. “Muitos prometem sem apontar de onde vem os recursos. O eleitor acaba vendo que são coisas irreais. As pessoas começam a não acreditar. Aí o candidato ganha uma campanha com coisas que depois não irá cumprir”.

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