O único debate eleitoral em televisão realizado pela TV Mar, da Organização Arnon de Mello (OAM), foi marcado por muitos ataques, provocações e pouca discussão de propostas. Entre ironias e falas jocosas, os candidatos se acusaram e atacaram, mas também reforçaram algumas promessas de campanha. Do lado de fora, apoiadores dos candidatos acompanharam o debate por meio de um telão. Os principais enfrentamentos entre os candidatos Alfredo Gaspar (MDB), João Henrique Caldas (PSB) e Davi Davino Filho (Progressistas) foram marcados por provocações e questionamentos, além dos temas propostos. Já as candidaturas de esquerda, capitaneadas por Ricardo Barbosa (PT), Valéria Correia (PSOL) e Cícero Filho (PCdoB) formaram uma espécie de pacto de não agressão. Desviaram as perguntas dos líderes nas pesquisas para dar oportunidade uns aos outros para se apresentarem aos eleitores. Os padrinhos políticos de Alfredo Gaspar - o prefeito Rui Palmeira (sem partido) e o governador Renan Filho (MDB) - não passaram incólumes. A filiação do candidato João Henrique Caldas (PSB) também não foi esquecida. O pai João Caldas não só foi lembrado como também sua condenação na Máfia das Sanguessugas, tanto que obrigou JHC a pedir para cobrarem apenas de sua trajetória. Com um formato com três blocos com perguntas livres e um com pergunta dirigida, foram nos momentos espontâneos que os candidatos não dispensaram a ironia. Alfredo teve a chance de fazer a primeira pergunta e escolheu Davi Davino para responder sobre transparência com o dinheiro público. Ao provocá-lo sobre a situação da Assembleia Legislativa Estadual (ALE) e os casos de corrupção, quis relacioná-lo a péssima imagem do poder. Mas acabou sendo surpreendido com a resposta de Davino, que foi enfático em dizer que não tem histórico de corrupção. “Nunca participei de corrupção. Meu mandato foi atuante. Trabalhei muito. Minha candidatura nasceu das ruas. Temos as melhores propostas”, disse Davino. Segundo Alfredo, a atuação de Davino como parlamentar levou R$ 1 milhão para a FunBrasil, que é administrada por sua família. Por outro lado, Davi pediu respeito às ações do terceiro setor, que atualmente em áreas onde o poder público não existe. “Quantas vidas já foram salvas pela atuação dessas clínicas? Inclusive elas são fiscalizadas pelo Ministério Público e tem sido aprovadas”, lembrou Davino. Alfredo também chegou a ser “atacado” por João Henrique Caldas, em outro momento do debate, quando ele acusou-o de enquanto esteve à frente do Ministério Público Estadual (MP) ter protegido os “padrinhos políticos” Rui e Renan Filho. A crítica, porém, acabou sendo devolvida com outra que foi a relação do JHC com o pai, que chegou a ser condenado por desvio de dinheiro público. Conforme lembrou Gaspar, “JHC conhece a corrupção dentro de casa”. Em vários momentos, JHC foi duramente criticado. Nem mesmo o candidato do PCdoB, Cícero Filho, deixou de alfinetá-lo sobre o fato de enfatizar em seu guia que estudou em Harvard, nos Estados Unidos. “Estudei no Margarez Lacet e tenho muito orgulho disso. Gostaria até de fazer um desafio sobre isso porque tive uma boa educação. O senhor tem que ficar um pouco mais na nossa realidade”, disse. Franco atirador no debate, Ricardo Barbosa provocou o candidato Alfredo, lembrando que sua promessa sobre abrir mais vagas nas creches está fora da realidade. Isto porque existem 25 mil crianças que não tiveram vagas. Existem 18 creches em 14 bairros, sendo assim, o que está sendo proposto não será executado. “O senhor vai colocar crianças em quais creches? Porque só existem 18 e não há mais vagas. O senhor não conhece a realidade da educação e Rui Palmeira esqueceu de lhe passar isso”, bateu Ricardo. O candidato Davino tentou manter a mesma “aliança” que a esquerda fez de não agressão, buscando o apoio de JHC. Ao ser perguntado sobre se seus funcionários de gabinete recebiam a Gratificação por Desempenho Especial (GDE), na Assembleia Legislativa Estadual (ALE), que foi combatida por ele quando atuou como deputado. “JHC, nós somos diferentes deles. O candidato vive muito do passado, parece até museu. Vamos fazer diferente dessas pessoas aqui? Vamos mostrar o que a gente quer fazer. Sou ficha limpa, meu pai é uma pessoa de bem”, provocou Davi buscando se aproximar de JHC. A estratégia não deu certo, tanto que continuou sendo chamado de “candidato de Rui”, de forma indireta não só por JHC, como pelos demais. Nem mesmo Valéria Correia (PSOL), que vinha sem falar duramente, quando foi provocada a falar sobre saúde não deixou de criticá-lo. “Candidato, acredito na saúde pública, no SUS e que seus recursos públicos sigam para essas estruturas, e não para fundações como a de sua família”, criticou Valéria.