A situação ficou tão delicada que a professora da Ufal e doutora em Ciência Política, Luciana Caetano, até o meio da semana passada não quis bater o martelo sobre a composição do 2° turno. O crescimento impressionante de Davi foi o que a impediu de ter um posicionamento mais enfático. Ela lembrou, ainda, que junto com a escolha da pesquisa estimulada é importante observar também a rejeição dos candidatos. “Temos efetivamente três cenários e qualquer um deles pode acontecer de fato. É difícil apontar um ou outro e por isso a gente sempre olha também a rejeição. Há um cenário de Alfredo com JHC, que parece mais provável, o que não significa que é o único que tem chance. Porque falo isso, porque, como estão tecnicamente empatados também podemos ter Alfredo e Davino”, analisou Luciana. Segundo a especialista, nenhuma evidência, no momento, indica o que pode ocorrer. “Quem bancar vai está tentando a sorte. Hoje, ao contrário de meados de outubro, o cenário está complicado”, manteve Luciana que aguardava a realização dos debates como parâmetro para tentar perceber alguma tendência diferente.
GUIA ELEITORAL
O guia como termômetro do pleito, é mais um dos pontos a serem analisados como as pesquisas e a campanha na rua. No contato do chamado “corpo a corpo”, os candidatos sabem identificar, junto com suas equipes onde estão acertando e onde não foram bem. Essa é a ponderação do cientista político da Ufal, Ranulfo Paranhos.
“Campanha na rua e pesquisa de opinião. Depois vem o guia eleitoral. Se o candidato não decola isso serve de termômetro. Os candidatos estavam todos propositivos. Mas, nas últimas semanas descambou para críticas e ataques. Nenhum candidato tem algo tão inovador para apresentar para Maceió”, observou Ranulfo.
Os eleitores agregam preferência para os que consideram “lincados” com as necessidades de momento. O eleitor não cobra da conta do prefeito emprego e segurança. Por outro lado, como a realidade dele o coloca como alguém que precisa se deslocar, a questão da mobilidade ganha destaque, mas não foi a mais aprofundada pelos candidatos. “Os principais problemas que afetam o eleitorado diz respeito a questão da mobilidade que seria uma grande política pública. Como isso não apareceu de forma tão clara, ele agrega outros elementos como o perfil do candidato, sua oratória, suas alianças e vai num leque infinito para agregar preferência”, acrescentou Ranulfo. Elementos como programa, experiência e como o candidato lida com seus aliados também têm interferência. Ele lembra que no caso do candidato Davino, ao passo em que tem a menor rejeição entre os três com chances de segundo turno e um leque de alianças que o coloca também no cenário de relações políticas com Brasília pode ter aberto uma outra perspectiva.
GUERRA
O problema é que mesmo cada um com referências diferentes e independentes, Tanto João Henrique Caldas (PSB), Alfredo Gaspar de Mendonça (MDB) e Davi Davino Filho (Progressistas), têm algum tipo de ligação com a atual gestão. Em todas as três coligações têm partidos, personalidades ou até mesmo ex-integrantes da equipe do atual prefeito Rui Palmeira. Mesmo que tentem engrossar o discurso de oposição ele não é tão “puro”. E também, não é o que mobiliza uma parte do eleitorado. É aí onde a “guerra” contra as reputações e os ataques ganham força. JHC, mesmo não tendo se envolvido em casos de corrupção, passou a ser atacado por conta do histórico do pai.
O ex-deputado João Caldas, hoje candidato a prefeito em Ibateguara, já foi condenado na conhecida “Máfia dos Sanguessugas” que desviou dinheiro da saúde. A campanha de Alfredo não deixou barato e lembrou que o pai não apareceu em nenhum momento na campanha e como tática o próprio candidato usaria a sigla JHC para esconder o passado.
Davino, sem ter ataques diretos, já que o principal não pegou que seria o fato da Funbrasil operar com muitos recursos públicos, alguns até oriundos de suas emendas, viu sua imagem ser associada a do pai, em um caso que nada tem com sua trajetória política. A coordenação da campanha chegou, inclusive, a emitir nota de repúdio. Felizmente, os ataques ficaram restritos às redes sociais e não foram parar no guia eleitoral. Já Alfredo Gaspar também não ficou de fora. A campanha toda seus adversários tentaram lhe desqualificar por conta de sua ação como secretário de Segurança Pública por ter comandado pessoalmente operações contra o crime e ter, supostamente, levado “balas” e atualmente fazer campanha cercado de seguranças. Outros ataques que foram se intensificando é quanto aos padrinhos Rui Palmeira e Renan Filho, figuras públicas as quais no passado o próprio Alfredo já havia criticado. Porém, também não ganhou força no guia. Neste, o principal foram as contestações sobre a eficácia de suas propostas. Davino chegou a gravar um guia lembrando que ele não informava o valor do “auxílio emergencial municipal”.