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Nº 5855
Política Cientista político Eduardo Magalhães destaca uso da máquina estadual e municipal para garantir vitória de Gaspar

2º TURNO VAI DEFINIR MUDANÇA OU CONTINUÍSMO EM MACEIÓ

Votações recebidas pelos adversários de Alfredo Gaspar de Mendonça sinalizam que o eleitor da capital quer alternância

Por Marcos Rodrigues | Edição do dia 17/11/2020 - Matéria atualizada em 17/11/2020 às 09h08

O resultado da eleição de domingo, com a confirmação de Alfredo Gaspar de Mendonça (MDB) e João Henrique Caldas (PSB) se enfrentando no 2° turno, indica uma tendência clara de que o eleitor não quer continuísmo. Isto não somente pelo fato de ambos terem tido o mesmo percentual - 28,87% e 28,56%, respectivamente -, mas principalmente porque somado o percentual de JHC com os demais candidatos foram 71,1% (271.574 votos) contra o candidato apadrinhado por Rui Palmeira (sem partido) e Renan Filho (MDB). Vale lembrar que juntos, JHC e Davi Davino Filho (Progressistas) tiveram 54% dos votos válidos e chegaram a ameaçar a ida de Alfredo para o 2° turno, já que todos os analistas e institutos reconheciam que a combinação com candidatos oposicionistas era possível, numa tendência clara de que há um sentimento de mudança. O cientista político Eduardo Magalhães considera que a tendência de votos contrários ser maior, a partir das demais candidaturas, vale para qualquer um dos candidatos. Ou seja, sempre haverá maioria contra. Entretanto, justamente pelo fato de dois candidatos contrários a proposta continuidade terem representado uma pressão real não pode ser desconsiderado. “Um fato que aparece e chama a atenção é a votação contra Alfredo. Vale lembrar que nesta situação sempre a soma dos outros será maior que a do candidato. Agora, como as propostas de JHC como oposição ao prefeito e ao governador, há uma tendência de que os votos de Davi, por exemplo, e de outros migrem para o candidato do PSB”, analisou Magalhães. A transferência, porém, não é imediata até porque, como lembra Eduardo, as máquinas estadual e municipal se movimentaram para garantir a vitória de Alfredo e isso, com certeza, vai continuar no 2° turno.

“E com um detalhe: o tempo é curto, são apenas nove dias e o leitor vai analisar as propostas. Tem que haver algo completamente novo para o eleitor de Davi migrar para um ou outro candidato”, completou Magalhães.

Quando votaram no domingo, os eleitores acabaram confirmando uma tendência que a segunda rodada de pesquisas Ibope já apontava: o desejo de mudança. De acordo com os dados apurados e tabulados pela reportagem do G1, eram 69% somente na capital alagoana.

O percentual é expressivo, principalmente porque apenas 22% falaram em manter a estrutura como está. Ou seja, não acreditavam em um novo rumo para o comando da capital. Coincidência ou não, esse percentual foi 6,87% a menos dos 28,87% obtido por Gaspar que representa a continuidade.

O percentual que quase 70% que responderam o questionário do Ibope sobre os candidatos foi o maior da região Nordeste. De algum modo os entrevistados já manifestavam o sentimento de “algo novo” na gestão que acabou se concretizando, já que em nenhum momento o candidato da situação conseguiu “disparar” mesmo “empurrado e carregado” por duas máquinas e os padrinhos um de cada lado. Como foi JHC quem passou para o 2° turno, deixando para trás Davi Filho e outros nomes da oposição, a mudança ou esse sentimento apontado na pesquisa pode se materializar em torno de sua candidatura. O que vai determinar isso é a capacidade de diálogo, aparar arestas e rusgas do período eleitoral, ao mesmo tempo que construir o caminho para a adesão ao projeto de gestão com eventuais novos aliados.

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