A três semanas para deixar a Prefeitura de Maceió, o prefeito Rui Palmeira (sem partido) não fala em dívidas e nem em “rombo”, como avaliam a equipe de transição e o prefeito eleito JHC (PSB). Pelo contrário, afirma que deixará o cargo com o sentimento de “dever cumprido”. Garante que até o final do mês “tem muitas obras para serem inauguradas e outras para serem iniciadas”. Ao ser questionado como ficarão os cofres da prefeitura para o sucessor, assegurou que “numa situação muito melhor do que recebi [do ex-prefeito Cícero Almeida]”. Explicou que “vou deixar com recursos da ordem de R$ 300 milhões para investimento na educação”. A respeito do Instituto de Previdência (Iprev), o prefeito fez um balanço positivo ao garantir que “vou deixar o Fundo Previdenciário com mais de R$ 300 milhões para pagamentos futuros de aposentadorias”. Com relação às obras, disse também que haverá recursos para serem empregados em projetos de infraestrutura como “Nova Maceió”. A respeito da arrecadação, Rui Palmeira explicou que a pandemia do coronavírus gerou retrocesso em todos os setores da economia e isto se refletiu no recolhimento tributário. “Espero que a partir do próximo ano a arrecadação se normalize”. Admitiu, porém, que o próximo ano será difícil para o seu sucessor porque não haverá o repasse do governo federal a título de auxílio emergencial. “O auxílio federal de mais de R$ 90 milhões foi fundamental para a gente fechar as contas deste ano”. Sem falar em números precisos, o prefeito revelou que apesar da recessão e do abalo econômico, a arrecadação tributária se manteve estável e a queda chegou a 1%. “Este aporte financeiro do auxílio emergencial nos ajudou a fechar as contas”, repetiu. Ao ser questionado sobre o montante da dívida pública, não detalhou porque tem dívidas de longo prazo e outras. Mas assegurou que deixará mais de R$ 200 milhões do empréstimo que a prefeitura contraiu este ano para executar obras. Rui garantiu que não dificultará o trabalho da equipe de transição. “A dificuldade que se apresenta é o tempo da transição. As equipes têm três semanas para trabalhar”. A orientação que deu aos assessores da sua gestão é de repassar as informações que a equipe do prefeito eleito solicitar. Revelou que a sua equipe não terá dificuldade para repassar informações para a transição. “Este trabalho de recolher informações para o meu sucessor já vinha sendo feito há duas semanas, para deixar a transição transparente e conforme determinações da Procuradoria Geral de Justiça, do Tribunal de Contas da União. Iremos repassar todas as informações que nos forem requeridas pelo prefeito eleito”.
‘SEM MAIS PALANQUES’
Ao lado do prefeito atual, o novo gestor JHC fez um gesto amistoso ao dizer que “a campanha eleitoral acabou”. Destacou que “a montagem da equipe de transição é gabaritada e competente para, de forma célere e com respaldo do atual prefeito, buscar as informações necessárias para começar o ano em condições de adotar as medidas do nosso programa”. Segundo JHC, as novas medidas terão impactos visíveis nos 100 primeiros dias da nova gestão. Ao lado do prefeito, voltou a cobrar a aprovação do orçamento. Confirmou que tem se reunido com alguns vereadores no sentido de ainda este ano definir e aprovar a lei orçamentária. “Precisamos desta aprovação para poder adotar o orçamento adequado às nossas demandas”. Diante do tempo curto para a concretização da transição, se especula nos bastidores a possibilidade deste trabalho de troca de informações entre as equipes técnicas do prefeito atual e do eleito se prolongar para depois da posse. JHC diz que isto não será preciso. “Já investido no cargo de prefeito teremos condições de ter acessos a todas as informações, sem maiores problemas. O momento atual é de receber informações basilares de ordem contábeis, fiscais e tributárias para traçar as metas do nosso programa de governo”.
OFICIAL
A transição na Prefeitura de Maceió começou na quarta-feira (2), com a reunião formal comandada pelo prefeito de Maceió, Rui Palmeira (sem partido), e que contou com a presença do prefeito eleito, JHC (PSB), e da equipe indicada por ambos. O encontro aconteceu na sede improvisada da prefeitura da capital, no bairro do Jaraguá, onde funcionava o Sindicato dos Usineiros. Esse foi o primeiro encontro entre os dois prefeitos após a vitória de JHC. Na reunião, o prefeito eleito disse que a sua equipe tem se empenhado para fazer a transição de forma tranquila. “Estamos aqui para promover o bem-estar da população. Apesar de o tempo ser curto, estamos trabalhando bastante. A campanha eleitoral acabou. Agora, estamos fazendo as mudanças que prometemos”. O prefeito eleito disse ainda que não pretende demorar para anunciar os secretários e que isso pode acontecer a qualquer momento. JHC tem destacado que os nomes terão perfil técnico, mas que goste de gente, atuarão para facilitar as relações entre as pastas e as pessoas. “A gente não pretende demorar muito. Na medida em que a gente for destacando algumas pastas, vamos anunciando”. Adiantou que o delegado da Polícia Federal André Costa é um dos nomes da equipe. Ele também atua na transição.
TRANQUILO
Rui se mostrou tranquilo na reunião. “Acho que o prefeito João Henrique Caldas montou uma equipe com pessoas que conhecem a prefeitura, que conhecem de administração pública. Acho que nosso maior inimigo é o tempo. Temos três semanas, então é preciso que as equipes passem as informações que serão requeridas pelo prefeito eleito e sua equipe de transição”. Da atual administração, quem vai comandar os trabalhos é a secretária de Governança, Iria Almeida. Segundo ela, “o objetivo é passar o Executivo de modo que o futuro prefeito consiga tocar todos os serviços essenciais no primeiro mês”. Garantiu que “estamos seguindo as recomendações do Tribunal de Contas e a resolução da Procuradoria Geral de Justiça. Então, já existe um roteiro preestabelecido por esses órgãos de controle, e o Município de Maceió está seguindo tudo. A comissão é composta por servidores efetivos, comissionados e servidores indicados pelo novo prefeito. O coordenador da transição indicado por JHC, deputado Davi Maia (DEM), espera um processo pacífico. “Será uma transição com auxílio de organizações nacionais, para que tudo aquilo que foi prometido na campanha seja cumprido. Tenho certeza da capacidade da nossa equipe técnica e, também, da boa intenção da gestão atual. Acho que não teremos ruído nas informações e, tenho certeza de que, em breve, o primeiro diagnóstico será divulgado. E, em janeiro, o plano de 100 dias estará nas ruas”, afirmou.