O prefeito eleito de Maceió, JHC (PSB), pode até garantir a maioria na Câmara Municipal, visando à aprovação de projetos de interesse do Executivo, mas o tempo curto para a transição de governo e a campanha eleitoral ainda na memória de muita gente podem ser fatores prejudiciais nas futuras articulações dentro do Legislativo. Parte dos vereadores novatos não decidiu para que lado vai – prefere dizer que fará um mandato independente e/ou uma oposição responsável –, sem criar obstáculos nas matérias de interesse público.
Outro entrave no meio do caminho é a atual formação da Mesa Diretora. O vereador Kelmann Vieira (PODE) é o presidente e, por enquanto, não aparece na lista dos edis que pularam para a base governista. Aliado de Rui Palmeira (sem partido), ele pediu votos e participou ativamente da campanha de Alfredo Gaspar de Mendonça (MDB). Era mais interessante a ele, politicamente, o ex-procurador-geral de Justiça no Executivo. A tarefa de convencê-lo a mudar de lado pode não ser fácil para o articulador de João Henrique Caldas na Casa de Mário Guimarães, vereador Francisco Sales (PSB). Apesar disto, o pessebista garantiu, esta semana, que conseguiu trazer 16 vereadores para a bancada do prefeito. Tudo aconteceu, conforme revela, na base do diálogo e com a finalidade de implementar as ideias defendidas por JHC durante a campanha e que exigem um esforço direto do Legislativo para serem implementadas. Ainda segundo Sales, há um consenso nesta composição alinhada com o prefeito eleito de defesa em torno do nome do vereador Galba Neto (MDB) para a Presidência da Mesa Diretora na próxima legislatura. O acordo também prevê a indicação de Marcelo Palmeira (PSC), Samyr Malta (PTC) e Siderlane Mendonça (PSB) para os cargos de 1º, 2º e 3º secretários, respectivamente. A futura chapa foi decidida em reunião com JHC. Por outro lado, conversas estão acontecendo no sentido de lançar Olivia Tenório (MDB) para comandar a Casa a partir de 2021, em oposição a Galba Neto. A novata é filha do deputado estadual Francisco Tenório (PMN) e tem, em sua defesa, os colegas que já renovaram o mandato algumas vezes, como Kelmann, Eduardo Canuto (PODE) e Silvânia Barbosa (PRTB). O entendimento é que Teca Nelma (PSDB) concorra à vice-presidência. Além dela, os diálogos envolvem Zé Márcio Filho (PSD), João Catunda (PSD), Fernando Hollanda (MDB), Oliveira Lima (Republicanos), Leonardo Dias (PSD) e Joãozinho (PODE).
Procurado pela Gazeta, o vereador Galba Neto preferiu não falar sobre as articulações acerca da nova composição da Mesa Diretora. Há uma orientação do grupo para que ele não conceda entrevistas neste primeiro momento. Já Olivia Tenório confirmou, durante entrevista, as tratativas para viabilizar a chapa. Ela garantiu que o diálogo não avança no sentido de se opor à futura gestão, mas ao nome de Galbinha, por se acreditar que ele não tem perfil para liderar o Poder Legislativo. Na última quinta-feira, JHC se reuniu com todos os vereadores eleitos numa tentativa de coalização. Nas redes sociais, publicou uma foto com todos, após o bate-papo que teve junto com o vice-prefeito eleito, Ronaldo Lessa (PDT), e o senador Rodrigo Cunha (PSDB). A única ausência na reunião foi a vereadora eleita Gaby Ronalsa (DEM), que está isolada por apresentar sintomas gripais. Ela é irmã do deputado Dudu Ronalsa (PSDB), apoiou Davi Filho (PP) no primeiro turno e marchou ao lado de JHC no segundo turno. “Nossa gestão não poderia iniciar sem colocar em prática o diálogo. Ele é essencial para buscar harmonia entre os poderes e chegar a soluções que beneficiem os maceioenses. Desmontar os palanques e iniciar as conversas necessárias para mudar é a atitude de um líder”, escreveu o prefeito eleito, no Instagram.