Chegou ao fim a luta pela vida do arquiteto e jornalista Manoel Miranda, 62 anos. Ele morreu no início da tarde desta segunda-feira, no Recife (PE), apos complicações decorrentes de um transplante de fígado realizado em 2020 no Hospital Oswaldo Cruz. Após sentir fortes dores, ele foi levando para a cidade e chegou a ser submetido a um novo procedimento, mas acabou não resistindo. Miranda era jornalista do batente e arquiteto por formação. Mas foi entre linhas e microfones que traçou sua carreira profissional que incluiu desde campanhas políticas, assessoria de comunicação e imprensa, passagens pelas redações do extinto Jornal de Alagoas, Gazeta de Alagoas, Tribuna de Alagoas, antigo Extra, TV Educativa, TV Gazeta, Rádio CBN e, mais recentemente, na assessoria do PDT. Seu último trabalho foi acompanhar o processo político que elegeu Ronaldo Lessa como vice-prefeito na chapa encabeçada pelo deputado federal, João Henrique Caldas (PSB). Ávido por política, substanciou toda a imprensa com informações de bastidores desde as primeiras conversas até o fechamento da aliança, após o recuo do partido articulado pelo Diretório Nacional. “Foi um jornalista dedicado, de extrema competência e muito ético. Lamento sua morte, pois acima de tudo sempre foi companheiro, amigo e politicamente de esquerda. É uma grande perda para o PDT, onde prestou grande assessoria e para imprensa alagoana que perde um excelente profissional”, disse Lessa ao tomar conhecimento de sua passagem. A notícia da morte de Miranda rapidamente tomou conta das redes sociais. Jornalistas que conviveram com ele nos mais diferentes momentos de sua carreira se manifestaram. A ex-secretária de Comunicação de Maceió, Eliane Aquino, relembrou como o conheceu escrevendo. “Trabalhamos juntos no Extra (da família Breda) e no jornal Gazeta de Alagoas. Mas nós conhecemos em 1978, na campanha de José Moura Rocha ao Senado, estávamos sempre nas reuniões, comícios e atos políticos da campanha. Uma triste perda, uma pessoa muito querida”, registrou Eliane. A jornalista Fátima Almeida, ex-assessora do Tribunal de Contas, repórter do jornal Gazeta e ex-presidente do Sindicato do Jornalistas (Sindjornal), também destacou a convivência com Miranda. Ela enfatizou que ele era muito conhecido pela capacidade de sintetizar em seus textos a essência da informação. “Quando o conheci já era um jornalista conceituado por seu texto. Quando cheguei à Gazeta de Alagoas, ele era o redator da coluna Fatos e Notícias. Também o acompanhei profissionalmente na TV Gazeta como apresentador e até diretor. Ele marcou época por conta de sua capacidade de escrever. Adorava o jornalismo investigativo, mas amava cultura e, claro, o jornalismo político”, relembrou Fátima Almeida. Sobre sua passagem à frente do comando da TV Educativa, o jornalista João Jacinto Branco destacou que seu envolvimento com a emissora conquistou os profissionais e elevou a qualidade do jornalismo praticado pela emissora. “Trabalhei por muitos anos com ele. Foi meu diretor de jornalismo na TV Gazeta e na TV Educativa. Para mim foi o único diretor que levou a TVE à sério”, escreveu Branco ao comentar post sobre a passagem de Miranda. O presidente do Sindjornal, Isaías Barbosa, lembrou que Miranda sempre foi considerado um jornalista à frente do seu tempo e buscou por onde passou imprimir uma marca diferenciada com inovação nas coberturas jornalísticas. “Era uma pessoa de personalidade forte e detentor de grande conhecimento nas áreas em que atuou na comunicação alagoana. No comando das redações, Miranda sempre buscou inovar, era um jornalista à frente de seu tempo que, infelizmente, partiu tão cedo”, lamentou Isaías se solidarizando com a família. Quem acompanhou o início de sua carreira e viu o seu crescimento profissional foi o ex-editor da Gazeta de Alagoas, diretor e apresentado da TV Gazeta e ex-repórter da TV Globo, Márcio Canuto. Ele lembrou que desde muito cedo ficou claro que Miranda era diferenciado por sua capacidade de articular opiniões sobre cinema. “Manoel Miranda despontou como talento precoce. Logo cedo, se destacou como crítico de cinema. Depois, como repórter de jornal e TV. Foi promovido a editor e continuou, sem cessar, sua marcante trajetória profissional. Sempre dedicado, inquieto e talentoso. Deixa exemplo para quem conviveu com ele e para os jovens que estão chegando agora nesta profissão que exigem coragem. Obstinação e competência”, enfatizou Márcio Canuto. O corpo do jornalista será velado no Parque das Flores, onde será sepultado às 10h da manhã desta terça-feira. Como a morte não foi causada em consequência da pandemia, o velório será aberto ao público, porém, respeitando o distanciamento e sem aglomeração.