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Nº 5884
Política Cabo Bebeto também destaca que o secretário está tomando o lugar de um policial

DEPUTADO CONDENA USO DE HELICÓPTERO COMO 'VITRINE POLÍTICA' POR SECRETÁRIO

Cabo Bebeto alerta para os riscos da presença de um civil durante as operações policiais da SSP

Por Marcos Rodrigues | Edição do dia 06/03/2021 - Matéria atualizada em 06/03/2021 às 04h00

Especialista em segurança e vigilante das ações da pasta, no Legislativo Estadual, o deputado estadual Cabo Bebeto (PTC) condena o uso do helicóptero da Secretaria de Segurança Pública para auto promoção de autoridades, como o titular da pasta, com voos rasantes durante operações policiais que são divulgadas nas redes sociais em formato de superprodução de mídia. O parlamentar lembra que o fato de estar a serviço do gestor da segurança gera uma uma subutilização porque "quem faz segurança pública é o agente de segurança e não o secretário".  "Se utilizado para policiais agirem como  agentes de segurança pública, eu aprovo sim porque é uma ferramenta importante. Mas não para ser usado como veículo de secretário. Lamento muito ter essa subutilização. É uma ferramente cara. O pessoal da tripulação tem uma formação diferenciada. Agente podendo voar com um atirador de um lado, outro do outro, termina servindo de transporte para o secretário. Isso não traz nada de objetivo porque o secretário não é polícia", disse Bebeto para justificar sua crítica. Na prática, a presença de um civil numa aeronave com fins de patrulhamento elimina a presença de mais um homem armado, com a experiência em vigiar do alto. Além disso, a função de gestor confere ao secretário um papel de responsável pelo planejamento. A presença no chão e no ar, tem outro efeito: a autopromoção.

VITRINE POLÍTICA

Além disso, ajuda a quebrar a hierarquia existente na corporação em seu momento operacional, pois cria uma cadeia de comando desnecessária em campo na hora em que o militar de maior patente e treinado, ao invés de estar liderando a tropa precisa ficar se reportando para quem tem função burocrática. "O helicóptero é para o policial atuar. Pare ele usar e fazer segurança. Quem faz segurança pública é agente de segurança pública, e não o secretário. Lamento estar havendo esse momento de distorção nesse aparelho público que é para servir ao povo. Os deputados e a população têm reclamado de uma mídia forçada (nas redes sociais do secretário), exagerada e distorcida do cargo. É um cargo de gestão que está sendo usado, a meu ver e de muitos alagoanos, como uma vitrine política porque o recurso é público e tem que atender ao alagoano", observou Bebeto. Depois de "tombar" na eleição municipal e retomar função anterior, o secretário de Segurança Pública resolveu decolar. Vive nas alturas, para conseguir cobrir operações em cidades do interior do Estado, com uma pessoa exclusiva para filmá-lo, revistando, mandando carros parar em bloqueios nas estradas e até cumprimentando as equipes.

INVESTIMENTO

O secretário, que se notabilizou como gestor do Ministério Público Estadual (MP), de onde saiu para sair candidato a prefeito, disputa que acabou perdendo após ter sua imagem ligada à do governador Renan Filho e do ex-prefeito Rui Palmeira, demonstra com suas ações querer decolar nas próximas eleições. Com os recursos que estão sendo gastos com a espetacularização da violência, como estão sendo chamadas as ações policiais comandadas pelo secretário, poderiam estar sendo comprados muitos outros equipamentos para as polícias Civil e Militar, como pistolas, coletes e fuzis, e oferecidos aos policiais cursos de formação, inteligência, estrutura de unidade, internet nas delegacias e estrutura dos batalhões e nos Cisps, diz o deputado. "Então, algo que fizesse diferença no serviço, para no segundo momento fazer diferença para o cidadão, e não para servir de transporte para o secretário. Essa é a minha opinião. É lamentável as coisas estarem tomando esse rumo. Fico triste como fala isso", concluiu o parlamentar.

SILÊNCIO

Desde que o tema ganhou repercussão, na semana passada, em reportagem de Arnaldo Ferreira, uma "onda de silêncio" tomou conta das autoridades governamentais. Ninguém quer falar sobre o assunto. Da SSP, ao invés de uma explicação, veio uma fala pouco política, muito menos técnica, já que o próprio secretário da pasta preferiu o ataque ao invés da prestação de contas. De quem poderia, de ofício, fiscalizar, que é o Ministério Público Estadual, também não surgiu até agora nenhum questionamento ao ex-colega de casa. A única informação levantada até agora pela reportagem diz respeito aos gastos com manutenção anual da aeronave, que giram em torno de R$ 797,00. Além de dados informados para garantir o funcionamento adequada do helicóptero, aluguel do hangar, ficaram de fora o valor gasto com combustível, que assim como o usado no dia a dia pelo cidadão também sofreu reajuste e o valor pago em diárias para a respectiva tripulação. Este último valor, porém, é o mais previsível, já que consta do ordenamento financeiro dos servidores também com previsão anual. Mas que, com certeza, se fossem incluídos as despesas já visualizadas fariam os custos se elevarem. Quanto aos custos de produção, edição e colocação nas redes sociais, até o momento não se sabe quem está financiando. Ser for a Secretaria Estadual de Comunicação (Secom), fica a dúvida de por que não é feito em outras secretarias. Além disso, em relação a estratégia de marketing é feita pela equipe de comunicação ou conta com um profissional exclusivo. Neste caso também representa custo. E quem paga?

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