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IMPACTO FINANCEIRO PODE CHEGAR A R$ 160 MI

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Comércio é o segmento que vai sentir o maior baque econômico da pandemia no estado
Comércio é o segmento que vai sentir o maior baque econômico da pandemia no estado -

Que a situação está crítica e beirando o descontrole sanitário no país, com reflexos nos estados e também em Alagoas, não há dúvidas. O modo como está sendo enfrentada a pandemia, com o recuo para a fase vermelha e suas restrições, é que causa discussão nos segmentos afetados. Comércio, turismo, bares e restaurantes que integram o setor produtivo que gera emprego e arrecadação projeta prejuízos astronômicos que podem resultar literalmente na morte de alguns negócios. O prejuízo estimado levando-se em conta os dias úteis dos 14 de validade do decreto pode se chegar a cifra de R$ 160 milhões apenas no comércio. Isto porque a projeção feita pela Federação do Comércio de Bens e Serviços (Fecomércio) para uma semana de sete dias já era de aproximadamente R$ 120 milhões (R$ 119,6 milhões). Ou seja, caso os números de contaminação, mortes e internações não baixem e o governo prorrogue por mais 14 dias, somente neste segmento serão R$ 240 milhões em média de prejuízos acumulados. O valor é bem inferior aos R$ 100 milhões anunciados pelo próprio governador Renan Filho (MDB), na coletiva que falou do recuo para a fase vermelha. Indagado sobre quanto iria dispor de socorro por meio da Desenvolve para ajudar o setor produtivo totalmente afetado ele apresentou esse número. Se não dá para cobrir nem o que será estimado no comércio, se somados bares e restaurantes, o turismo e as grandes empresas que também serão afetadas pelas medidas, o custo social do distanciamento social será muito elevado. O detalhe é que provocará reflexos nas empresas e na manutenção dos empregos. O sindicalista Izac Jacson da Central Única dos Trabalhadores (CUT) alertou para um problema grave que cerca as medidas. Ele lembra que como é a segunda vez que o Estado recua para a fase vermelha há um acumulado de “horas negativas” do ano passado, não trabalhadas pelos funcionários que irá se somar as novas a serem geradas agora. “O trabalhador vai ficar com o banco de horas negativo, passível de desconto, agora e numa eventual situação de demissão. Só que isso cria uma insegurança jurídica para algo que ele não gerou e nem provocou. Aliás, sequer foi convocado para discutir com o empresariado. Então de uma só vez, reconhecemos a necessidade e importância das medidas de distanciamento, mas precisamos lembrar que afetam questões trabalhistas que não são de responsabilidade do Estado por serem regulamentadas por leis federais”, explicou o sindicalista. No setor do turismo a “bola de neve” que se criou a partir da última sexta-feira (19) afetou quem já visita a capital, pouco mais de 8 mil turistas, que de uma só vez ficarão sem praias que serão fechadas, restaurantes que não terão salão para atender e um toque de recolher a partir das 21h. Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) é uma conta que não fecha e cria embaraços para quem organiza os pacotes, hospeda, opera e transporta. “Até o momento já são 30% cancelamentos e de 70% de adiamentos”, explicou André. E isso traz também um custo social que é a necessidade de adequação à realidade financeira. Em outras palavras também vai gerar demissão no setor. Até o momento já se estima 21 mil desligamentos por conta do que deixará de ser faturado. Como o turismo envolve uma cadeia, ela será totalmente quebrada e para se recompor, dependerá, em parte do feriadão da Semana Santa, que seria o fechamento da temporada. Mas, não há nenhuma certeza sobre seu êxito, pois tudo vai depender da redução dos números da pandemia. Como estão num crescimento exponencial é difícil prever qualquer projeção. Além disso, encerrando a temporada com o fim do verão, o novo planejamento fica para às férias do meio do ano, que também serão incertas.

FRAGILIDADE

A única unanimidade de todos os setores é que o quadro sanitário é desfavorável. Todos são a favor da defesa da vida. Mas gostariam de mais discussão, ajustes e até mais presença do Estado, quanto ao apoio econômico. Isto porque a fragilidade de alguns empresários do setor do comércio é real. São centenas de empresas que para compensar o capital de giro perdido no ano passado contraíram dívidas, mesmo sem recuperar o volume de vendas posteriormente e que mais uma vez serão forçadas a fecharem suas portas. Segundo o presidente da Associação Comercial, empresário Kennedy Calheiros, a sucessão de crises dentro da própria crise sanitária e econômica vai decretar o fim de muitos negócios. “Defendemos os cuidados com a saúde, sempre em primeiro lugar. Agora é preciso constatar que fechar o comércio vai fazer a diferença em negócios que já estão com as finanças em fragilidade. Cerca de 60% do movimento do setor de vestuário, calçados, alimentação e serviços de beleza concentram seu movimento nos finais de semana. É um prejuízo e tanto, que com certeza vai afetar o caixa de quem já está lutando contra essa crise e que em alguns casos corre o risco de não voltar nesses 14 dias”, lamentou o presidente Kennedy. Se por um lado os reflexos econômicos serão gigantescos, os políticos também devem vir em sequência. Isto porque caso o resultado das medidas, além de contribuir para a liquidação de algumas empresas vier seguido de uma ineficácia nos resultados sanitários, com o aumento progressivo de casos e perda de vidas, inevitavelmente o prejuízo político recairá sobre o governador Renan Filho. A reportagem da Gazeta Digital buscou informações com infectologistas sobre o real impacto da fase vermelha em Alagoas. Ninguém quis assumir publicamente que as medidas adotadas alcançará, por exemplo, redução de 20% em todos os números: contágio, casos confirmados e óbitos. E por uma questão simples: não se pode dimensionar o quanto infectada está a população. "Não posso afirmar nada quanto ao sucesso ou não. Isto porque o Estado não investiu em testagem. E isso num momento em que lidávamos com a forma convencional do vírus. Se no ano passado ele já foi capaz de fazer estragos, como podemos afirmar algo com certeza científica se não temos a estatística potencial do grau de contaminação", explicou um especialista sob a condição de anonimato. Ele lembra que como as pessoas estarão mais concentradas, quase sempre, também em áreas onde o contágio está elevado que já não estavam preventivamente mapeados. Sem o compromisso de estar longe dessas áreas por conta do trabalho, nada impedirá que numa rápida saída se contamine e adoeça. "Há uma nova cepa com a qual estamos lidando às cegas, estimando apenas que possa ser a responsável pelos novos casos", completou o estudioso. Na prática, estamos todos entrando numa experiência, exitosa no passado, quando a doença ganhava força no Brasil. Mas, completamente nova com o novo cenário. E mais complexa porque se o "componente humano" os cidadãos de um modo geral não aderirem contribuindo para a higienização, uso de máscaras adequado e se manter distantes de aglomeração comprometerá os resultados.Um outro entendimento reavaliado é o conceito de aglomeração. Em geral se pensa em grandes eventos e se esquece de que famílias de três ou quatro casas, cada uma com quatro pessoas podem juntar 12 ou 16 pessoas. Se moram numa vila, por exemplo, e decidem celebrar o fato de estarem de folga, juntamente com crianças, namorados e a agregados que vão se juntando, naquele momento haverá uma aglomeração. E se ocorre movida ao consumo de álcool, cigarro em bairros onde a contaminação já é algo presente, elevado, também podem gerar novos infectados. "Sempre poderá haver alguém infectado assintomático, outro com imunidade baixa pronto para ser contaminado e um outro que esteja sem máscara ou faça uso inadequado. Se moram num local onde a contaminação pode se dar na padaria, mercadinho ou numa oficina, ao final alguém vai levar para outro alguém, que poderá levar para sua casa. Isso só não acontece se em todos esses encontros informais todos, literalmente todos, a cada contato se prevenissem com álcool, máscaras e mantivessem uma distância segura. E quem garante que esses cuidados ocorrem diariamente?", indagou o profissional.

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