Petistas indicam vice do CSA para comandar o Incra
ARNALDO FERREIRA A tendência petista Democracia Socialista (DS) apresentou, ontem, o arquiteto urbanista Gino César de Menezes Paiva ao diretório estadual do Partido dos Trabalhadores (PT), como sugestão para substituir o engenheiro Mário Agra, na superi
Por | Edição do dia 28/01/2004 - Matéria atualizada em 28/01/2004 às 00h00
ARNALDO FERREIRA A tendência petista Democracia Socialista (DS) apresentou, ontem, o arquiteto urbanista Gino César de Menezes Paiva ao diretório estadual do Partido dos Trabalhadores (PT), como sugestão para substituir o engenheiro Mário Agra, na superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra/AL), conforme antecipou a GAZETA DE ALAGOAS. Os movimentos sociais de trabalhadores sem-terra não entenderam a indicação e alguns militantes estranharam a indicação de Gino César para tocar a política de reforma agrária do presidente Lula. A substituição de Mário Agra ainda está longe de ser resolvida. A indicação da DS agora depende da aprovação da direção estadual do PT. O Partido dos Trabalhadores reunirá sua Executiva para apreciar a sugestão da DS. A Executiva emitirá a sua posição o mais breve possível, adiantou o presidente do PT alagoano, deputado Paulo Fernando dos Santos (Paulão), sem fazer defesa ou crítica da indicação. Caso seja aprovado o nome de Gino César, a indicação seguirá para ser apreciada pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rosetto, e pelo presidente nacional do Instituto, Roelf Hackbart. Um detalhe: o presidente do Incra ainda não recebeu a carta-demissão de Mário Agra. Agra comunicou sua decisão ao PT por divergência com a DS. Mas até agora Brasília não sabe de nada oficialmente. Tanto que o presidente do Incra, em dois comunicados à superintendência local, cobrou a carta-renúncia de Mário Agra. O superintendente em exercício, Jorge Tadeu, confirmou a informação apurada pela GAZETA DE ALAGOAS. Mas preferiu não fazer comentários. Sobre a indicação da DS, Tadeu fez a política de boa vizinhança: Confiamos no PT. Há uma promessa do partido de que o novo superintendente do Incra atenderá critérios de perfil técnico, terá trânsito com os movimentos sociais e se integrará ao corpo técnico do instituto. Tadeu revelou, ainda, que os dirigentes dos movimentos sociais e os técnicos do Incra vivem um clima de expectativa. Esta expectativa é natural. Até porque houve uma ruptura no processo administrativo e na política de reforma agrária pouco usual. A saída do superintendente do Incra, como ocorreu, surpreendeu a todos. O superintendente em exercício do Incra admitiu que há um clima de insatisfação grande dos movimentos sociais. A nossa política de reforma agrária enfrenta um déficit de assentamento muito grande. Só do ano passado a previsão era assentar 1.600 famílias, disse, reconhecendo que desse total nenhuma família foi assentada. Somente agora estão sendo cadastradas apenas 70 famílias. Perfil A DS discutiu dois nomes para indicar ao PT. O professor Milton Canuto preferiu cuidar da militância sindical e de questões nacionais do Fundef. Ele acabou também indicando o nome de Gino César. Mas quem é a nova indicação do PT para o Incra? Esta foi a pergunta que os trabalhadores sem-terra faziam ontem. Gino César é um conhecido militante do movimento estudantil da década de 80. Em 1985 foi vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE); foi presidente do Centro Acadêmico (CA) de Engenharia. Em seguida, presidiu, duas vezes, o CA de Arquitetura da Ufal. Formou-se em arquitetura urbanística. No primeiro ano do governo Ronaldo Lessa (PSB), assumiu a direção da Fundação Estadual de Planejamento Agrícola - antigo Cepa - na gestão do secretário de Agricultura Mário Agra. Atualmente, é secretário geral do PT/AL, é da coordenação nacional e estadual da DS, é chefe de gabinete do vereador Thomaz Beltrão (PT) e ainda é o vice-presidente do Centro Sportivo Alagoano (CSA). Pela minha formação política, sempre tive boa relação com os movimentos sociais. Temos de superar divergências locais para tocar a política de reforma agrária, que para mim é o coração do governo Lula, defendeu Gino, ao lembrar que ainda tem um longo caminho a percorrer até assumir o Incra.