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Nº 5759
Política

Secret�rio defende “cautela” em investiga��o

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Por | Edição do dia 01/02/2004 - Matéria atualizada em 01/02/2004 às 00h00

CÉLIO GOMES O secretário de Defesa Social, Robervaldo Davino, disse que a polícia ainda não pode dar nenhuma informação sobre os assassinatos do comerciante de jóias José Cerqueira e de seu motorista, Magelo da Silva. Os dois desapareceram em agosto do ano passado e suas ossadas foram encontradas em novembro, na região do município de Coruripe, a 130 quilômetros de Maceió. A polícia investiga a participação de dois policiais (um militar e um civil) no duplo homicídio. A GAZETA apurou junto à secretaria que os dois moram em Coruripe e fazem trabalho de segurança para o deputado estadual João Beltrão (PMDB). Davino mostrou-se cuidadoso ao falar sobre o assunto na última sexta-feira, durante entrevista à Rádio Jornal. “Não saiu nada da polícia, até agora, dizendo que o deputado está envolvido de forma direta ou indireta. São comentários, que apareceram no momento do desaparecimento das pessoas”, explicou o secretário. “A gente tem que ter uma certa cautela”, defendeu Davino ao reforçar que a polícia não aponta oficialmente nenhum suspeito no caso. “A polícia não tem ainda nada para dizer que é fulano ou sicrano”, acrescentou. Mas o secretário confirmou que a apuração do crime tem uma linha definida e que os trabalhos vão desvendar o caso. “A Polícia Civil e a Polícia Militar estão investigando, tem um caminho para esclarecer tudo. A demora foi o processo para a identificação”. A identificação a que o secretário se referiu foi feita nas ossadas há duas semanas, através de exames de DNA, pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Os testes confirmaram que as ossadas eram, de fato, do comerciante Cerqueira e do motorista Magelo. Reunião Durante a semana que terminou, um dos diretores da Secretaria de Defesa Social informou que a polícia decidiu pedir a prisão de pelo menos dois suspeitos no caso, mas até a sexta-feira isso não havia acontecido. A GAZETA também apurou que integrantes da polícia teriam uma reunião marcada com membros do Judiciário para tratar do caso. Segundo uma fonte da secretaria, a polícia quer discutir com a Justiça os pontos básicos da investigação e dizer em que ritmo está o trabalho até agora. A reunião também iria definir os próximos passos da investigação e as diretrizes a seguir. Se tiverem em mãos algumas informações que buscavam nos últimos dias, os delegados do caso farão o pedido de prisão para suspeitos de autoria material dos assassinatos. De qualquer modo, o secretário Robervaldo Davino não dá informação concreta sobre o assunto. Na mesma entrevista no rádio, Davino chegou a dizer que a polícia tem alguns casos “complicados”, que exigem o tratamento cauteloso pregado por ele. Intimação Nesta segunda-feira, o gabinete do deputado João Beltrão deverá receber uma intimação endereçada ao parlamentar. Ele será convocado para prestar depoimento em termos de declaração. Testemunhas disseram à polícia, na primeira fase da investigação, que o comerciante José Cerqueira teria se encontrado com o deputado Beltrão, em Coruripe. O deputado já admitiu que conhecia o comerciante de jóias, com quem manteve negócios ao comprar entre R$ 5 mil e R$ 8 mil em objetos. Beltrão nega que tivesse alguma dívida para acertar com o comerciante. Há duas semanas, a GAZETA tenta um contato com o deputado João Beltrão. Assessores e parentes informam que ele está em viagem fora do Estado. Luciano Rocha, chefe de gabinete do deputado, disse que ele chegaria no fim de semana passado; depois afirmou que isso aconteceria na segunda-feira. Mas, segundo Rocha, o deputado não pôde deixar sua fazenda em Tocantins, onde se encontra, por causa das chuvas. A última previsão de retorno do deputado, conforme seu chefe de gabinete, era para este sábado, mas isso também não aconteceu. Os delegados do caso esperam que Beltrão responda à intimação “o mais brevemente possível”. O deputado tem o direito de escolher o local, o dia e a hora em que vai falar sobre o assunto para os delegados. Entenda o caso José Cerqueira, 38, e Magelo da Silva, 20, sumiram no dia 19 de agosto de 2003. Foram vistos pela última vez em Coruripe, onde chegaram no dia anterior. Quando saíram de Arapiraca, onde moravam, para Coruripe, os dois disseram que iriam receber pagamentos de clientes, entre eles alguns fazendeiros da região. Eles também serão intimados a depor. As apurações da polícia mostraram que os dois visitaram alguns clientes, entre eles um dos policiais da segurança de Beltrão. Quando desapareceram, o comerciante e o motorista estavam com uma quantidade de jóias avaliada em cerca de R$ 60 mil. Levavam, também, um bloco de notas promissórias com os valores que foram cobrar. Nada disso foi encontrado até agora pela polícia. O carro em que os dois viajavam também não foi encontrado. Os corpos de Cerqueira e Magelo foram enterrados pelos assassinos numa mesma cova rasa, um sobre o outro, num canavial da Usina Guaxuma. O veículo usado pelos dois era um Fiat Palio, que foi visto por testemunhas deixando o município de Coruripe no dia 19 de agosto. Elas garantiram em depoimento que Cerqueira e Magelo não estavam no carro. Segundo a polícia, todas as pessoas ouvidas na primeira fase da investigação, no ano passado, serão ouvidas novamente.

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