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Nº 5790
Política

C�cero Ferro � lan�ado pr�-candidato a prefeito

ARNALDO FERREIRA Das disputas nas eleições municipais de outubro, em Alagoas, a mais acirrada e tensa, no momento, é numa das menores prefeituras do sertão: Minador do Negrão. Até agora, cinco pré-candidatos se apresentam. O deputado Cícero Ferro (PMDB)

Por | Edição do dia 08/02/2004 - Matéria atualizada em 08/02/2004 às 00h00

ARNALDO FERREIRA Das disputas nas eleições municipais de outubro, em Alagoas, a mais acirrada e tensa, no momento, é numa das menores prefeituras do sertão: Minador do Negrão. Até agora, cinco pré-candidatos se apresentam. O deputado Cícero Ferro (PMDB) que escapou, no sábado, 31, de uma emboscada com várias perfurações a balas no corpo e que continua internado na UTI do Hospital Arthur Ramos, domina um poderoso lado da política local e pode ser candidato. Outro lado tem um candidato forte: é o fazendeiro José Nilton Cardoso Ferro (PFL), que se encontra foragido e é acusado de comandar pessoalmente o atentado contra o deputado, que é seu primo. Os outros pré-candidatos são: Eladja Ferro (esposa do deputado Cícero Ferro), o vice- prefeito Flávio Emílio Silva (PMDB) e o prefeito João Bosco Cardoso Ferro (PSDB), que avisou a amigos da cidade que só seria candidato à reeleição se for a vontade de seu grupo. Os três últimos pré-candidatos são ligados ao deputado e garantem que retiram seus nomes quando o grupo definir a chapa majoritária. “Defendemos o nome de Cícero Ferro para prefeito. Se ele não puder ou não quiser, haverá três opções”, observou o vice- prefeito. Com relação à pré-candidatura de Eladja, apontada como pivô do acirramento da inimizade entre o deputado e José Nilton, o vice-prefeito explicou que a candidatura dela é articulada pelo grupo. “Mas qualquer um de nós pode ser convocado a assumir a chapa”. Ele não acredita que Zé Nilton volte à cidade para disputar a eleição. Pobre Apesar da disputa mortal pela prefeitura, o município de Minador do Negrão, um dos menores de Alagoas, com 167 quilômetros quadrados, é também um dos mais pobres. Segundo o secretário municipal de Finanças, Geraldo Barbosa Costa Júnior, a arrecadação própria não passa de R$ 2 mil por mês. Somado com as transferências estaduais e federais do Fundo de Participação do Município (FPM), do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), do Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (Fundef), da Saúde, a arrecadação total não ultrapassa R$ 300 mil por mês. A metade da receita é para pagar a folha de 450 servidores. A economia local é sustentada pela pecuária leiteira. A cidade de Minador tem apenas três ruas calçadas. A população, segundo o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de 5.399 habitantes, dos quais 2.718 são mulheres, e cerca de 60% da população é analfabeta. O município tem 3.517 eleitores. A maioria com sobrenome Ferro. No catálogo telefônico de Alagoas, Minador do Negrão tem apenas 15 telefones. Em dez deles, o sobrenome do assinante é Ferro. Não há hospital. A população é atendida em dois ambulatórios que funcionam na sede da prefeitura. Os casos graves vão para Palmeira dos Índios ou Maceió. Oficialmente cadastradas, o município tem 30 empresas, a maioria de micro e pequeno porte. Quase todas da família Ferro. Das 1.215 residências, 745 têm banheiros ou sanitários. Mas o município dispõe apenas de quatro pequenas redes de esgoto sanitário. A água tratada da Casal, em período de estiagem, chega, no máximo, duas vezes por mês, reclamam os moradores socorridos por caminhões-pipa. A rede geral de abastecimento de água só atende a 274 domicílios. A coleta de lixo beneficia 425 residências. O município dispõe de 21 escolas de ensino fundamental e uma de ensino médio. O Censo do IBGE observou que, em 1991, Minador tinha uma população de 7.471 habitantes; em 1996, o IBGE constatou que o número de habitantes caiu para 5.399 pessoas. Moradores continuam saindo do município, com medo da violência. Um dos que vão deixar a cidade é o marceneiro Olintho Bernardino da Ponciúncula, 78 anos. Há seis anos, sua família foi vítima do último crime político de repercussão. O filho, vereador Geovani Bernardino da Ponciúncula, conhecido como “Vaca Véia”, foi assassinado num campo de futebol. O fazendeiro José Nilton Cardoso chegou a ser acusado de mandante, mas foi absolvido pela Justiça. “Vou vender minha marcenaria. Não dá mais para viver aqui”, diz “seu” Olintho. Outro que anda desaparecido é o padre José Neto Silva. Durante a semana, ele não celebrou missas. Os fiéis afirmam que o padre também teme a violência. As beatas negam. Setores da Igreja adiantam que padre José Neto vai se transferir para Santana do Ipanema, a 40 quilômetros de Minador.

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