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Nº 5759
Política

Beltr�o diz que acusa��es de envolvimento em assassinatos s�o “por interesse pol�tico”

MARCOS RODRIGUES O deputado João Beltrão (PMDB) rebateu, ontem, as denúncias que têm circulado na imprensa sobre o envolvimento de um de seus seguranças no assassinato do vendedor de jóias José Cerqueira e de seu motorista Magelo da Silva, em Corur

Por | Edição do dia 12/02/2004 - Matéria atualizada em 12/02/2004 às 00h00

MARCOS RODRIGUES O deputado João Beltrão (PMDB) rebateu, ontem, as denúncias que têm circulado na imprensa sobre o envolvimento de um de seus seguranças no assassinato do vendedor de jóias José Cerqueira e de seu motorista Magelo da Silva, em Coruripe. Ele cobrou mais investigações sobre o caso, mas se posicionou contra o possível decreto de prisão do policial civil e vereador Jesse James Viana Neto (Neno), apontado como autor material do duplo crime. O parlamentar, que está licenciado, apresentou certidões negativas da Justiça do Maranhão que, supostamente, atestariam que ele não estaria envolvido na morte do fazendeiro Paulo José Gonzaga dos Santos. “Tenho aqui duas certidões datadas da época. Uma é do Tribunal de Justiça e a outra é do cartório. Ambas atestam que não existe nada contra mim”. Beltrão contesta a ligação entre as duas mortes em Coruripe e seus seguranças. “Nunca havia comprado nada ao comerciante [Cerqueira] antes de ele ter ido me vender dois brincos, pelos quais paguei R$ 1.700,00 à vista e fiquei devendo outros R$ 1.000,00. Além disso, sequer o conhecia e só comprei as peças porque ele me procurou insistentemente através de um proprietário de restaurante conhecido como Baiano”, disse o deputado. Depois, segundo Beltrão, Cerqueira “desapareceu na quarta-feira”. Segundo as informações que o deputado diz ter colhido informalmente, Cerqueira e Magelo teriam pago a conta na Pousada da Ada, depois de terem sido informados de que dois homens, numa moto, os teriam procurado. Essas informações, segundo Beltrão, foram repassadas ao delegado Cícero Torres, que inicialmente investigava o caso. Beltrão disse que Torres lhe ligou um dia após a confirmação do desaparecimento dos dois. “O delegado ligou para mim e eu confirmei essas informações. Mas o fato é que as investigações não prosseguiram, pois o delegado foi substituído. Agora, só sei das notícias pela imprensa, através desse diretor, Mário Jorge Marinho. Defendo que se investigue mais. Mas que se saia dos limites do gabinete. Ele deveria cair em campo. Vá fundo, porque não existe crime perfeito. Eu juro que, se provar alguma coisa, eu peço para a Assembléia me liberar”, desafiou Beltrão. Uma das linhas que ele sugere é a de que o comerciante “devia alta quantia a fornecedores de ouro”, versão que, segundo disse ter apurado, “circula em Arapiraca”. Beltrão alega que o carro das vítimas nunca foi localizado, assim como o restante das mercadorias que ele possuía. Isso, para o parlamentar, “pode ser um sinal de que ele poderia ter sido vítima de um assalto”. Acusado Quanto ao envolvimento do policial e vereador Jesse James, que vem sendo apontado como integrante de sua segurança, Beltrão contestou veementemente. Ele chegou a desafiar “quem possa provar o contrário”. “Como ele [Jesse] é vereador, não posso negar que já andamos juntos. Ele é correligionário”, confirmou Beltrão. O deputado considerou “injustas” as informações de que a Justiça pode decretar a prisão de Neno. “Por que pedir a prisão de uma pessoa que ninguém denunciou? Só quem está acusando são as matérias dos jornais. Eu, inclusive, tive chance de conversar com o secretário Robervaldo Davino sobre um outro problema, mas disse para ele que, se precisar falar comigo, era só marcar. Na oportunidade, estava diante do deputado Francisco Tenório, que também estava lá. O secretário disse que desconhecia qualquer coisa em relação a mim. Naquele momento, procurava resolver um clima de tensão que se anunciava em Piaçabuçu”, disse. Política Sobre a correlação de seu nome com crimes no Tocantins, no Maranhão e em Coruripe, Beltrão diz que isso se deve a “questões ligadas à política”. “Digo isso porque não sou uma pessoa que ando tratando mal ninguém. E como denúncias contra mim só surgem em ano eleitoral, atribuo tudo à política. Até hoje, nada foi provado contra mim. Se um dia tiver alguma coisa provada, que se divulgue, mas insinuações disso e daquilo... Ou seja, pra dizer, eu tenho que provar, mas a imprensa diz aquilo que imagina que houve. Isso só serve para me atingir e à minha família”. Ele se considera “vítima de interesses” decorrentes de sua postura política nas últimas eleições, em 2002, quando apoiou a reeleição do governador Ronaldo Lessa. “Entendo que essa é uma possibilidade forte. Só posso entender que parte daí”, acredita o deputado. Beltrão disse que tem uma atuação política “discreta”. Ele disse que já chegou a ser “eleito presidente da Assembléia Legislativa”, mas diz que preferiu recusar “para ficar livre para circular nos departamentos e secretarias, conseguindo recursos” para suas bases. Beltrão descarta que a oposição em Coruripe esteja por trás de qualquer uma das denúncias que têm sido divulgadas envolvendo seu nome. “Dos adversários é que não vem, porque até a oposição, que é feita por um rapaz chamado José Enéas, é de respeito e ele próprio é meu amigo”. Afastamento O deputado informou que desde o início das acusações que vem sendo feitas “não teve a chance de conversar com ninguém ligado ao governador Ronaldo Lessa”. Beltrão integra a bancada governista desde o primeiro governo de Lessa. E disse que “não tem conhecimento” da declaração de Lessa sobre o desejo de afastar de sua base deputados ligados a episódios violentos. “Se o governador não me quiser em sua bancada, não tem problema. Ele tem meus telefones e pode falar comigo. Eu não ando com um amigo se ele não quer minha companhia”, afirma. Beltrão destacou, ainda, que, na Assembléia, mantém um bom relacionamento com todos os deputados. “Me dou bem com todos, até com o Paulo Fernando dos Santos, que é oposição”, disse. Ele acredita que, na hora em que precisar de apoio, “todos darão sem hesitar”. Ameaças A repercussão de suas entrevistas, onde chegou a citar nominalmente jornalistas, fez o sindicato da categoria emitir nota pública defendendo os profissionais. Beltrão negou, entretanto, que tenha feito ameaças. “Eu não fiz ameaça a ninguém. Quem me conhece, sabe que quando quero dizer alguma coisa a alguém, eu digo na cara. Só acho que o sindicato deve ter a humildade de chamar os seus filiados e dizer que eles estão errados. Antes de ficar insinuando”, disse o parlamentar. Ele disse, ainda, que não recusa contatos para entrevistas, porém resiste a prestar declarações gravadas. “Nunca recuso entrevistas a nenhum jornalista, mas costumo valorizar os programas ao vivo”, finalizou.

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