Fazendeiro que tentou matar C�cero Ferro quer se entregar
ARNALDO FERREIRA MARCOS RODRIGUES O fazendeiro José Nilton Cardoso Ferro, acusado de comandar, pessoalmente, a emboscada contra o seu primo deputado Cícero Ferro (PMDB), no dia 31 de janeiro, está tentando se entregar à polícia de Alagoas junto com os f
Por | Edição do dia 13/02/2004 - Matéria atualizada em 13/02/2004 às 00h00
ARNALDO FERREIRA MARCOS RODRIGUES O fazendeiro José Nilton Cardoso Ferro, acusado de comandar, pessoalmente, a emboscada contra o seu primo deputado Cícero Ferro (PMDB), no dia 31 de janeiro, está tentando se entregar à polícia de Alagoas junto com os filhos Waldeck, Wando, Wagner, o sobrinho Jackson Cardoso Ferro e mais dois pistoleiros que também teriam participado da emboscada. Mas José Nilton diz que só se entrega, junto com a família, se a polícia retirar o pedido de prisão preventiva que a Justiça decretou contra ele. Oficialmente, o fazendeiro foragido ainda não fez nenhum contato com a polícia para se entregar. Soube que o fazendeiro José Nilton quer se entregar. Para isso, estaria exigindo que fosse retirado o pedido de prisão preventiva. Mas até agora não chegou nenhum contato oficial dele ou de alguém da família, confirmou, ontem, o delegado Rosivaldo Vilar, presidente do inquérito que investiga o atentado a bala contra Cícero Ferro e seu motorista José Maria Ferro. Mesmo com ajuda das polícias Civil e Militar dos estados de Sergipe, Bahia e Pernambuco, a polícia alagoana diz não ter pistas dos acusados. Eles continuam desaparecidos. Recebemos vários indicativos de esconderijos, investigamos todos, mas até agora, nada, admitiu o delegado. O inquérito tem 30 dias para ser concluído. A gente pode pedir prorrogação por mais 30 dias para continuar as investigações. A lei prevê esta possibilidade, adiantou Vilar, que hoje deve ouvir o motorista José Maria, que quer depor novamente e fornecer mais detalhes sobre o atentado. O secretário de Defesa Social, Robervaldo Davino, também não manteve nenhum tipo de contato com José Nilton. Nossa missão é prender o fazendeiro apontado como participante do atentado ao deputado Cícero Ferro. Existe um decreto de prisão contra ele e seus parentes, expedido pela Justiça, e a polícia está tentando cumprir, frisou Davino. No fim da manhã de ontem, circularam rumores entre os integrantes da família do deputado, dando conta de que a Justiça teria revogado o pedido de prisão. Porém, o promotor de Justiça, Nilson Miranda, que deu parecer favorável à prisão dos acusados, considerou a informação uma especulação sem sentido. No dia 31 de janeiro, o deputado Cícero Ferro sofreu duas emboscadas. Na lataria da caminhonete do deputado, a perícia criminal contou 66 tiros e, no pára-brisa, 87 tiros. O motorista José Maria levou três tiros e hoje está em casas de amigos, em Maceió, fora de perigo. O deputado tem várias perfurações de bala no corpo e continua internado no Hospital Arthur Ramos, assistido por uma equipe multidisciplinar de médicos. Recuperação A recuperação do parlamentar vem ocorrendo dentro do que a equipe havia traçado. Ferro está apresentando a disposição física de um paciente em pós-operatório. Ontem, deixou a cama e conseguiu repousar numa poltrona instalada na UTI onde está sendo tratado. Segundo informações do porta-voz da família, jornalista Roberto Lopes, durante todo o dia Cícero Ferro deu sinais de reconhecimento de todos que o visitaram. A família do deputado, segundo Lopes, mantém reuniões religiosas promovidas por grupos de oração. Ainda segundo Roberto Lopes, o parlamentar poderá deixar as dependências da UTI e concluir sua recuperação em um apartamento convencional. Se a recuperação do deputado continuar desta forma, os médicos acreditam que, na próxima semana, ele pode ser levado a um apartamento sem equipamentos de tratamento intensivo, explicou. A notícia de que Ferro estava melhor atraiu dezenas de visitantes, entre familiares e políticos, ao hospital. Ele, entretanto, se limitou a se comunicar por gestos. Mas, com o fim da sedação, usada para mantê-lo dormindo, é possível que hoje ele possa conversar normalmente e com clareza.