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Nº 5759
Política

C�cero Ferro revela � pol�cia novos suspeitos no atentado

CÉLIO GOMES O deputado Cícero Ferro (PMDB) começou a ser ouvido pela polícia às 16 horas de ontem e o depoimento só terminou por volta de 21 horas. Ele falou para o delegado Rosivaldo Vilar, que preside o inquérito sobre o atentado sofrido pelo parlament

Por | Edição do dia 27/02/2004 - Matéria atualizada em 27/02/2004 às 00h00

CÉLIO GOMES O deputado Cícero Ferro (PMDB) começou a ser ouvido pela polícia às 16 horas de ontem e o depoimento só terminou por volta de 21 horas. Ele falou para o delegado Rosivaldo Vilar, que preside o inquérito sobre o atentado sofrido pelo parlamentar no dia 31 de janeiro, em Minador do Negrão, a 170 quilômetros de Maceió. Durante o depoimento, que aconteceu na casa de Cícero Ferro, no condomínio Aldebaran, em Maceió, o deputado contou em detalhes o que viu no dia em que escapou de morrer, junto com seu motorista José Maria Ferro. Pelo menos mais três nomes aparecem na lista dos suspeitos do crime – informação até agora mantida em sigilo pela polícia. São eles: o vereador de Minador do Negrão, Emílio Barros, e os irmãos Cícero e Altair Zacarias. Na véspera do crime, à noite, Barros foi visto numa conversa demorada com o fazendeiro José Nilton Ferro, que está foragido. Esse fato e outras informações levantadas pela polícia, logo no começo da investigação, fizeram do vereador suspeito no atentado. Ele foi ouvido pela polícia cinco dias depois do crime. O vereador negou qualquer participação no crime, mas continua sendo investigado. O deputado não acusou Emílio Barros, mas considera estranho o fato de ter havido a conversa entre ele e José Nilton exatamente na noite que antecedeu o atentado. Em razão desses fatos, a polícia trabalha com a hipótese de que a morte de Cícero Ferro tenha sido tramada por três pessoas: José Nilton Cardoso Ferro, Jacó Cardoso Ferro (vereador) e Emílio Barros (também vereador). Irmãos pistoleiros Os irmãos Altair e Cícero Zacarias, citados ontem no depoimento do deputado, são velhos conhecidos em Minador do Negrão, mas estão longe do município faz muito tempo. Eles foram vistos por Cícero Ferro no dia do crime. Essa informação é do conhecimento da polícia desde o começo da investigação. O deputado não sabia, mas foi informado pelo delegado Rosivaldo Vilar, durante seu depoimento, que um morador do município de Delmiro Gouveia contou detalhes sobre a presença dos dois irmãos naquela região. Segundo o homem ouvido na investigação, um dos irmãos tinha uma amante em Delmiro e teria ido buscá-la depois da tentativa de assassinato. Anda segundo esse depoimento, o pistoleiro que apareceu em Delmiro comentou com conhecidos que seu irmão estava ferido à bala. O delegado também sabe que Cícero e Altair são acusados de cometer outro crime na região de Minador do Negrão. Por causa disso, eles estariam foragidos e vivendo no Estado do Maranhão, de onde saíram para participar do crime encomendado. Apesar dos detalhes de como os suspeitos agiram, a polícia diz que ainda não tem pistas concretas que possibilitem a localização deles. Sigilo telefônico Durante o depoimento do deputado, o delegado Vilar informou que a investigação pediu a quebra de sigilo telefônico dos principais suspeitos, mas a juíza Iva Bernardete negou. A titular da comarca de Cacimbinhas (a qual pertence Minador do Negrão) argumentou que o pedido não tinha o embasamento necessário. A juíza disse à polícia que fossem coletadas mais informações para melhor justificar o pedido de quebra de sigilo. Iva Bernardete disse ainda que precisaria de informação mais concreta sobre cada um dos números de telefone apresentados pela polícia. A essa altura das investigações – que vão completar um mês – o número de suspeitos passa de dez, entre autores materiais e mandantes. O depoimento do deputado Cícero Ferro era uma das peças mais importantes que faltavam. Durante as mais de quatro horas em que falou, o parlamentar relembrou os momentos de maior tensão e desespero vividos por ele e por seu motorista. Sua narrativa dos fatos confirmou, de modo geral, o que foi contado à polícia pelo motorista José Maria. O deputado afirmou que saiu de casa em Minador, por volta de 5h30, em direção a uma de suas fazendas. Ferro disse que ao passar pelo centro de Minador viu o vereador Jacó Ferro e que este fez um sinal como se estivesse avisando a José Nilton, que também estava nos arredores. O deputado disse no depoimento que José Nilton Ferro dirigia a caminhonete usada no atentado. “Ele estava dirigindo e quando desceu veio atirando na minha direção”, afirmou. O carro do deputado também era uma caminhonete. Segundo o parlamentar, os outros pistoleiros foram para o lado do motorista (Zé Maria), mas Zé Nilton foi direto para o lado do passageiro, onde ele estava. Sem saída, Cícero Ferro disse que não tinha outra coisa a fazer, a não ser tentar uma reação para não morrer. Ele confirmou que usou sua pistola 380 e disparou contra os pistoleiros. Visita O depoimento de Cícero Ferro foi interrompido somente uma vez pela chegada de uma visita – o ministro do Tribunal de Contas da União, Guilherme Palmeira, que também já foi senador, prefeito de Maceió e governador de Alagoas. A visita não pôde ser demorada por causa do depoimento. Palmeira ficou por cerca de 20 minutos. Depois, o depoimento foi retomado. Além do delegado Rosivaldo Vilar, uma escrivã e uma advogada acompanharam o depoimento de Cícero Ferro. Descontraído, ele contou que quando estava sendo levado de Minador para o hospital de Palmeira dos Índios, fez uma recomendação bem-humorada ao motorista da ambulância: “Cuidado, eu escapei de morrer na bala, não quero morrer de acidente”.

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