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Nº 5759
Política

CPT afirma que “paci�ncia” com Lula acaba em abril

MARCOS RODRIGUES A paciência dos movimentos agrários do País com o governo Lula e com o cumprimento do Plano Nacional de Reforma Agrária acaba em abril. Quem afirma é a coordenadora nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Izabel Diniz, 36, que este

Por | Edição do dia 10/03/2004 - Matéria atualizada em 10/03/2004 às 00h00

MARCOS RODRIGUES A paciência dos movimentos agrários do País com o governo Lula e com o cumprimento do Plano Nacional de Reforma Agrária acaba em abril. Quem afirma é a coordenadora nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Izabel Diniz, 36, que esteve ontem em Maceió para proferir palestra sobre “A mulher e a reforma agrária”, numa faculdade da capital. Segundo ela, a agenda de reivindicações do movimento dos trabalhadores rurais já começou a ser posta em prática, desde a semana passada, com a realização do encontro de mulheres camponesas. Ela lembrou que todos os anos os meses de abril e maio são os de maior mobilização, por causa dos preparativos para o “grito da terra”, que ocorre em maio. “O mês de abril será decisivo porque já estaremos de posse das avaliações que todos os movimentos agrários fizeram. Isso deverá ser conduzido por intermédio do Fórum Nacional de Reforma Agrária, que congrega todos os segmentos sociais agrários e agrícolas do País”, explicou. Pressão Para Izabel, a pressão junto ao governo e suas metas pré-estabelecidas já começou. “Logo ao final do encontro de mulheres camponesas já foram realizadas manifestações em frente ao Banco Central, no Ministério do Desenvolvimento Agrário e uma audiência no Ministério da Previdência”, destacou. De acordo com ela, os movimentos sociais vêm acompanhando desde o ano passado o desempenho do governo e suas ações voltadas para as famílias que aguardam ser assentadas. Izabel lembra, ainda, que a pauta que inclui o Plano Nacional de Reforma Agrária, por parte do governo, foi conseguida por meio da pressão organizada de todos os movimentos. “Todas as nossas conquistas são reflexo das mobilizações. Mesmo que consigamos negociar em seguida, é através da pressão que conseguimos ser ouvidos. E foi assim com o Plano Nacional de Reforma Agrária”, afirmou Izabel. Ela é a primeira mulher a coordenar a CPT em 30 anos de existência do movimento, que tem base na Igreja Católica. O seu envolvimento com o movimento agrário já a levou a integrar a Coordenação Nacional da Via Campesina – movimento internacional que tem representação no País – e a coordenação do Fórum Social Mundial (2002 e 2003), em Porto Alegre. Prioridade A líder da CPT nacional disse que a agenda da reforma agrária não é prioritária para o governo. Ela entende que as discussões em torno dos temas ligados ao campo perdem espaço para questões ligadas à economia e à administração pública. “O que predomina é a questão da reforma tributária e política. Elas são o centro e o foco, além das oscilações econômicas”, analisa. Sobre os problemas atuais que o governo vem enfrentando, Izabel considera como um ponto de deslocamento de atenções. Segundo ela, as discussões em torno da criação ou não da CPI dos Bingos, fruto do caso Waldomiro Diniz, também contribuem para um distanciamento das prioridades do Executivo. Ela preferiu não avaliar sob uma ótica crítica o comportamento do governo, mas não conseguiu esconder o desapontamento com os rumos que o fato vem tomando. “O caso da CPI dos Bingos desfoca não só a agenda do governo em relação aos movimentos, mas além disso afasta do debate toda a agenda política proposta anteriormente pelo governo”, sustenta a coordenadora. Mas a principal crítica a respeito da postura do governo envolve seu compromisso econômico com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Mesmo reconhecendo que os movimentos agrários têm responsabilidade política com o governo, ela lembra que em 2003 setores do Executivo argumentaram que as metas com o fundo eram decorrentes do acordo do governo de Fernando Henrique. “O principal argumento era o da herança política do governo anterior. Agora, acreditando ainda nesse governo, nós entendemos que há espaço para implementar suas metas e tudo que precisa ser feito, para que o calendário agrícola seja implementado. Somente assim é que as mudanças necessárias podem acontecer”, finalizou.

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