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Nº 5759
Política Auditagem está sendo acompanhada pela secretária de Gestão de Maceió, Rayanne Tenório

PREFEITURA GASTOU R$ 5,2 MI EM 2020 EM CURSOS E PALESTRAS

Levantamento feito pela atual gestão da capital revela pagamentos robustos mesmo com a pandemia já em vigor

Por null | Edição do dia 25/05/2021 - Matéria atualizada em 25/05/2021 às 04h00

Uma auditoria nas contas do Fundo de Desenvolvimento de Recursos Humanos de Maceió descobriu um “desperdício enorme” de dinheiro público, em 2020, na Administração Municipal, segundo release distribuído ontem pela Secretaria de Comunicação de Maceió (Secom). Em plena pandemia e sob uma série de recomendações para se evitar os gastos excessivos, a antiga gestão, do então prefeito Rui Palmeira, gastou R$ 5,2 milhões com a Escola de Formação e Desenvolvimento de Pessoal, conhecida como Escola de Governo, em cursos e palestras online. Quando a ‘caixa preta’ foi aberta pelo prefeito João Henrique Caldas o JHC (PSB), verificou-se que a administração anterior registrou a despesa de R$ 4,4 milhões em capacitações ao longo do ano passado. Foram palestras, seminários, cursos rápidos e apresentações ofertadas ao funcionalismo, alguns destes que nada acrescentam ao trabalho do dia a dia, a exemplo de acessos a exibição de filmes de comédia em sala de cinema. Chama a atenção o custo por pessoa e o investimento total. Em junho, o Fundo de Desenvolvimento de Recursos Humanos foi utilizado para pagar o evento ‘Filhos em casa e agora?!’, no valor global de R$ 17.940, destinado a 46 servidores. Ainda neste mês, o seminário ‘Uso abusivo de álcool e outras drogas’ gerou a despesa de pouco mais de R$ 44 mil. Por cada participante, foram pagos R$ 750. Em outros cursos, que tratavam de temas como resiliência, criatividade, imunidade emocional, medo, cuidado, paixão, adaptação e superação, a Prefeitura de Maceió chegou a desembolsar R$ 1.410 por cada participante. O custo final de um destes eventos, por exemplo, chegou a R$ 85 mil. As contas revelaram que os maiores gastos foram registrados no último trimestre, período em que a situação epidemiológica do Estado apresentava sinais de melhora e o poder público afrouxou as medidas de isolamento social. Em outubro, mais de R$ 1 milhão do Fundo serviram para pagar estas capacitações. Uma delas, no dia 29, destinada a 200 servidores da Secretaria Municipal de Educação (Semed), custou R$ 168 mil. O mesmo ciclo de palestras aconteceu no começo de dezembro, com despesa igual. Em novembro, a gestão utilizou R$ 1,8 milhão com uma série de palestras. Somente com um evento sobre a não violência, pagou-se R$ 200 mil. A análise também confirmou que os institutos contratados para a ministração destas capacitações receberam valores bem acima do que é praticado no mercado. Só para se ter uma ideia, a administração pagou pelos cursos de Excel, no nível básico e avançado, o valor global de R$ 24.750 cada um. O custo por cada inscrito (foram 15) era de R$ 1.650. Fazendo uma pesquisa simples nestas escolas profissionalizantes de Maceió, o investimento total não ultrapassa R$ 380. Os trabalhos de auditagem estão sendo acompanhados de perto pela atual secretária municipal de Gestão de Maceió, Rayanne Tenório. Ela classifica os gastos do Fundo de Desenvolvimento de Recursos Humanos, no ano passado, como um desperdício ao dinheiro do servidor. Um relatório da checagem será enviado à Secretaria de Controle Interno para avaliação de medidas a serem tomadas acerca do que está sendo descoberto. “A avaliação inicial é que Fundo foi mal administrado, sendo destinado ao custeio de cursos que não acrescentavam na formação do servidor, totalmente fora dos padrões comumente utilizados em cursos até melhores e sem valorização do dinheiro que estava sendo gasto”, destaca. Ela revela que não encontrou, na Escola de Governo, nenhum documento do trabalho desenvolvido ao longo de 2020. Segundo ela, os relatórios e as fichas de inscrições dos eventos sumiram, restando, apenas, de anos anteriores. “É estarrecedor o que fizeram com o Fundo. Vou estar, ao longo de toda esta semana, avaliando as contas”. O ex-prefeito Rui Palmeira deve se posicionar hoje sobre as constatações encontradas pela atual gestão.

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