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Nº 5884
Política Maceió, 08 de março de 2021 
Movimento nos bares durante a nova fase na pandemia em Maceió. Alagoas - Brasil.
Foto:@Ailton Cruz

MEDIDAS DE RESTRIÇÃO SOCIAL GERAM MAIS DESEMPREGO

Comércio, bares e restaurantes anunciaram novos cortes de pessoal e fechamento de estabelecimentos

Por Ailton Cruz | Edição do dia 29/05/2021 - Matéria atualizada em 29/05/2021 às 04h00

Dois dias depois da divulgação dos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), nos quais Alagoas aparece com pior resultado do País: menos 3.208 postos de trabalho, as duas maiores fontes empregadoras do Estado – lojistas e o setor de bares e restaurantes – anunciam mais demissões e suspensão de contratos de trabalho. As medidas foram anunciadas depois que o governador Renan Filho (MDB) adotou novas restrições sociais e de funcionamento dos estabelecimentos até o dia 10 de junho, para tentar conter o avanço do coronavírus, que provocou aumento de 20% nos números de óbitos, contaminados e confirmou a superlotação dos hospitais. Esses dois setores estavam retomando os investimentos, renovação de estoques e contratação de pessoal, na esperança de melhora econômica. No começo do ano, a Associação de Bares e Restaurantes (Abrasel) revelou que 68,9% das mais de 20 mil empresas do setor promoveram demissões quando o Estado atravessava a fase laranja. Os demais seguraram os empregos ou mantiveram a suspensão dos contratos de trabalho, amparado na legislação federal, revelou o presidente da Entidade, Thiago Falcão. Com a piora da pandemia e o Estado voltando à fase vermelha, a maioria dos setores produtivos voltou a demitir, e mais de 8% das empresas fecharam as portas para evitar o abre e fecha. Ainda não está definido quantas empresas ligadas à Abrasel funcionarão com sistema delivery nos finais de semana. Estima-se que 20% atenderão a clientela sábado e domingo no sistema pegue-leve, e a maioria funcionará de terça a sexta-feira. Mesmo assim, a incerteza do cenário atual é grande.

LOJISTAS

O presidente da Associação dos Retalhistas de Maceió, Guido Santos Júnior, reconheceu que o momento da pandemia é grave e, com os hospitais lotados, as medidas restritivas foram necessárias. Porém, disse que os lojistas fizeram investimentos, adotaram os protocolos sanitários e estavam se recuperando. “Com as novas medidas, os prejuízos com os estabelecimentos fechados sábados, domingos, segundas-feiras e feriados são enormes. Estamos com dificuldades para pagar os impostos e manter a folha de pessoal”. O líder dos lojistas avaliou que a situação se agravou por causa das aglomerações nos transportes coletivos, nos mercados públicos e em alguns estabelecimentos que não obedeceram à orientação sanitária. Responsabilizou também a população. “É preciso que haja conscientização popular. Do contrário, vamos viver nesta situação de abre e fecha, alguns negócios não resistem”. Em entrevista à TV Gazeta, Guido Júnior defendeu a união de setores públicos, privados e a população para que as empresas voltem a gerar empregos. Destacou a importância de vacinar rápido a população.

ABRASEL

O fechamento dos bares, restaurantes e praias nos finais de semana afetará toda a cadeia produtiva do turismo. Alagoas depende do turismo e, na maioria dos municípios, é o maior empregador. O turista não sairá de casa para ficar trancado no hotel ou restrito à piscina. A avaliação é do presidente da Abrasel, André Falcão, ao criticar as medidas anunciadas pelo governador de restringir o funcionamento dos estabelecimentos novamente. “Em Maceió, o maior gerador de empregos é a cadeia do turismo”, frisou. No entanto, reconheceu a gravidade do momento. Nos últimos dias, os diretores da Abrasel estavam conversando com os setores econômicos, do turismo e da saúde pública dos governos estadual e municipais, na tentativa de oferecer alternativas para manter os estabelecimentos abertos nos finais de semana. “A nossa sugestão era para aumentar a fiscalização em todos os segmentos produtivos, assim evitar o que está ocorrendo e garantir o funcionamento dos estabelecimentos”. Falcão considera que a população está cansada e muita gente não quer seguir os protocolos de prevenção sanitária. Isso sem contar aquelas pessoas que tomaram uma dose da vacina e se consideram imunizadas. As sugestões dos empresários foram acatadas pelas prefeituras e pelo governo do Estado. A fiscalização está intensificada. O próprio governador Renan Filho confirmou que a fiscalização está na rua para atuar contra quem descumprir as medidas de restrição social. Os empresários consideram que o trabalho de fiscalização é fundamental para punir os “irresponsáveis”. Segundo o presidente da Abrasel, a entidade contabiliza mais de 20 mil negócios de alimentação no Estado. “Deve ter 20, 30 ou 40 empresários que não cumprem os protocolos determinados pela saúde pública. Mas a maioria dos empresários fez investimentos e segue os protocolos. Então, a punição deve ser em quem trabalha errado e não punir toda a cadeia que neste momento sinaliza com novas demissões”. André Falcão disse que os setores da cadeia do turismo estavam sinalizando a retomada dos postos de trabalho e agora recuaram. O presidente da Abrasel admitiu que imaginava a adoção de novas medidas restritivas de funcionamento das atividades produtivas por causa da superlotação dos hospitais e pelo avanço das contaminações. Isso ficou evidente depois das reuniões que manteve com os secretários de Saúde do estado e dos municípios. Inclusive, ele divulgou um áudio alertando os empresários do seu segmento. “A responsabilidade para tentar conter o avanço dos vírus é do Estado, da população e dos empresários”.

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