Desenvolvimento: BID pode financiar projetos
MARCOS RODRIGUES O Desenvolvimento da Economia do Estado depende exclusivamente do apoio financeiro do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). E isso pode ocorrer se o projeto do Plano Estadual de Desenvolvimento de Alagoas for aprovado pelo setor
Por | Edição do dia 21/03/2004 - Matéria atualizada em 21/03/2004 às 00h00
MARCOS RODRIGUES O Desenvolvimento da Economia do Estado depende exclusivamente do apoio financeiro do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). E isso pode ocorrer se o projeto do Plano Estadual de Desenvolvimento de Alagoas for aprovado pelo setor de investimentos da entidade. Atualmente a proposta alagoana vem sendo analisada pelo consultor do banco, Caio Marini. Seu objetivo é conhecer em detalhes o que o Estado pretende realizar com os recursos do BID. Em entrevista à GAZETA ele disse que em sua segunda visita verificou duas condições básicas: o ambiente do projeto e o grau de comprometimento dos fatores externos. Tive uma reunião com a Federação da Indústria, da Agricultura e o BNB. E isso serve para conhecer o grau de adesão desses agentes externos. Outro detalhe importante é verificar a capacidade institucional e de implantação. Além disso o modelo de gestão e infra-estrutura oferecido também é importante, adiantou. Condições Objetivamente as condições pré-estabelecidas para Alagoas negociar com o BID já estão consagradas. O Estado, hoje, vive uma situação de adimplência e não integra mais a lista do Cadastro de Inadimplentes do Governo Federal (Cadin). Conforme informações da Célula de Desenvolvimento Econômico, dirigida pelo secretário Arnóbio Cavalcante, o acerto de contas com a União ocorreu no primeiro mandato do governador Ronaldo Lessa (PSB). O BID O banco é considerado uma espécie de tábua de salvação para os países que querem recursos para investimentos internos. A entidade investe exclusivamente em países em desenvolvimento ou de terceiro mundo. Essa função socioeconômica remonta o período difícil da reestruturação econômica depois da Segunda Guerra Mundial. Segundo Caio Marini, a entidade atua praticamente em todos os países da América Latina. Sobre seu trabalho como consultor ele destaca que mesmo prestando serviços para o banco, não integra o seu quadro fixo. Esse é o segundo momento que ele presta serviços ao BID. Sua credibilidade para a direção é conseqüência de sua formação. Marini é mestre em administração, tendo sido professor da Fundação Getúlio Vargas e atualmente da Fundação Dom Cabral, em Belo Horizonte. Ele garante que a entidade tem interesse em manter a linha de investimentos no País, e revela: Mesmo com o universo de países com que trabalhamos e mantemos investimentos é no Brasil que está aplicado o maior volume de recursos. Fatia É a partir da disponibilidade dos investimentos que o BID tem que o Estado espera conseguir apoio financeiro para a sua proposta de desenvolvimento. Marini foi indagado sobre o que Alagoas vem pleiteando, mas preferiu não fornecer detalhes. Claro que isso também fará parte do relatório que será encaminhado, mas é algo que o próprio secretário Arnóbio fará no momento certo, disse. Ele apenas adiantou que diante dos valores que podem ser liberados a proposta de pagamento dependerá do acordo que venha a ser firmado. Marini considera que Alagoas tem condições de firmar um bom acordo por conta de sua capacidade de endividamento e principalmente por ter condições de oferecer contrapartida ao que receberá. Isso também funciona como garantias e demonstra compromisso com o que está sendo feito, destacou. Efetivamente, para a liberação do dinheiro o representante do BID esclarece que é necessário haver uma demanda qualificada e que seja uma expressão definitiva das necessidades da região. Outro detalhe que vale identificar é quanto ao fortalecimento institucional, em nível local, para que o projeto tenha o que é fundamental para projetos de desenvolvimento, que é sua sustentabilidade, explica. Ainda segundo ele, essa exigência deve-se à necessidade de garantir continuidade para projetos com natureza coletiva e de intervenção social. Não se pode garantir investimentos para idéias isoladas que não agreguem valor público e não tenham envolvimento da sociedade, complementou Marini. Financiamentos Mas o processo para a liberação dos recursos não leva em conta os projetos e sua capacidade e alcance social. Existe também a necessidade da presença de unidades financiadoras, a exemplo dos bancos estatais: Caixa Econômica, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, além de organismos internacionais. Nessa etapa será decisiva a negociação que o Estado encaminhar para as instituições, lembrou Caio Marini. É esse conjunto de fatores um Plano de Desenvolvimento que poderá qualificar Alagoas a receber os recursos necessários para a implantação da proposta. O fato de haver um plano montado, ou seja, um conjunto de iniciativas, é que, somado aos fatores externos, será decisivo para a liberação. Neste sentido, as visitas de Marini servem para aproximar o Estado dos interesses do BID.