Política
OPOSIÇÃO PROTOCOLA SUPERPEDIDO DE IMPEACHMENT
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Brasília, DF - Em meio à denúncia de cobrança de propina por vacina, a oposição e movimentos sociais protocolaram nesta quarta-feira (30) o superpedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mas ainda sem apoio político necessário para que o processo prospere na Câmara dos Deputados. O ato simbólico teve discursos de líderes da oposição, como a presidente nacional do PT, a deputada Gleisi Hoffmann (PR), e de adversários de Bolsonaro, como os deputados Kim Kataguiri (DEM-SP) e Joice Hasselmann (PSL-SP), ex-líder do governo no Congresso. O evento, realizado no Salão Negro da Câmara, não seguiu as regras de distanciamento social, em especial na área dedicada aos discursos políticos. Os participantes usavam máscara. O líder do PT na Câmara, deputado Bohn Gass (RS), disse que a pressão agora deve se dar sobre o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), para abertura do processo de impeachment. Durante a apresentação do superpedido, Lira presidia a sessão da Câmara dos Deputados que discutia o acordo de livre-comércio entre Brasil e Chile. Para o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), o contexto atual eleva a pressão sobre o presidente da Câmara. “Tem um arco de alianças maior, que pega a esquerda, mas vai até segmentos de direita que estiveram aqui representados”, diz, segundo quem Lira também é o alvo de pressão. O ex-presidente Lula também se manifestou, em uma rede social. “Parabenizo as forças de oposição ao Bolsonaro e os movimentos sociais que conseguiram unificar os mais de 120 pedidos de impeachment para pressionar o Lira. Espero que as manifestações de rua convençam o presidente da Câmara a colocar em votação”, escreveu. O vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB), disse nesta quarta não ver espaço para que prospere um pedido de impeachment de Bolsonaro. “Acho que não há espaço para prosperar um pedido de impeachment. Estamos a um ano e pouco das eleições. Vamos deixar o processo prosseguir e chegar a outubro do ano que vem para ver o que acontece”, afirmou. Pela lei, o presidente da Câmara é o responsável por, monocraticamente, decidir se dá sequência ou se arquiva os pedidos de impeachment. Ele também não tem prazo para fazer essa análise. A reportagem questionou o presidente da Câmara e aguarda uma manifestação. Lira comanda o centrão, bloco que dá apoio a Bolsonaro na Câmara e tem dito reiteradamente não ver clima para abertura de impeachment. O documento protocolado na Câmara nesta quarta reúne cerca de 120 pedidos em um só, apontando mais de 20 tipos de acusações. A denúncia do empresário Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que afirmou ter recebido pedido de propina de US$ 1 por dose em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde, foi incluída como um pedido de investigação, mas não ainda como um suposto crime do presidente.