Política
‘MANDATOS DEVEM EXPRESSAR A COLETIVIDADE’, DIZ DEPUTADA
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À frente da liderança da bancada federal alagoana, a deputada Tereza Nelma (PSDB) tem sua vida política ligada a representação feminina e também a causas sociais. Acredita que ao longo do tempo essa construção naturalmente a fez defender e incluir essas pautas no âmbito dos mandatos que representou como vereadora. Sendo assim, não tem dúvidas que o melhor para a sociedade é ter maior e melhor representação para que de fato sejam a expressão da coletividade. “Na minha avaliação, a Reforma Política está longe de superar o problema da sub-representação feminina na política. Pelo menos na teoria, o parlamento deveria representar todos os diversos segmentos sociais. Para representar o Estado já temos o Senado, com sua eleição majoritária. Mas as Câmaras e Assembleias devem estar abertas à pluralidade de posicionamentos políticos da sua população. O modelo que está sendo discutido favorece ao personalismo, não atende a coletividade”, analisou a deputada. Tereza parte do referencial da população feminina que hoje conta 52%. Sendo assim não há como imaginar uma sociedade que não reflita essa representação. Por isso, não deixa de criticar o conceito do distritão, que dificulta a ascensão de novas lideranças. “O ‘distritão’ é um modelo que contempla diretamente os candidatos mais votados, sem levar em conta o coeficiente eleitoral. Não gera o aumento da representatividade das mulheres, das minorias excluídas. Pelo contrário. Ele gera privilégios para os “maiores” que terão mais chances de se perpetuarem no poder”, alertou a deputada federal, única mulher na banca alagoana. A questão é séria e precisa ser amplamente discutida. É o que defende o cientista político e professor da Ufal, Ranulfo Paranhos, por conta das manobras que foram feitas nas eleições onde as candidaturas de mulheres foram usadas pelos partidos para atender a legislação, mas condições plenas de vitórias. Segundo analisa, tanto foi assim que até mesmo nas últimas eleições, após a evolução do direito de 30% da representatividade existiram ainda as candidaturas “laranjas”. “A cota dos 30% foi uma vitória de abrir mais espaço e diminuir a concorrência”, lembra ele. “Mas houve um momento que não redeu frutos porque os partidos manipularam isso para atingir a cota e usaram algumas candidaturas só para cumprir a legislação, sem fundo eleitoral, sem fundo de campanha e algumas saíram com voto zerado”, ponderou. Na prática, o que considera necessário é que a sociedade possa ter mecanismos de formação de lideranças com poder de pressão, já que só a legislação não garantiu o aparecimento da tão esperada representatividade. “O fato é que a legislação dos 30% é um ganho e há uma tentativa de equalizar, mas na ponta, na saída não temos os 30% das mulheres eleitas”, questionou.