O deputado Davi Maia (DEM) protocolou, nessa quarta-feira (25), nos Ministérios Públicos Estadual (MPE), Federal (MPF) e de Contas (MPC), além da Polícia Federal (PF) e Controladoria Geral da União (CGU), as denúncias que fez no plenário da Assembleia Legislativa (ALE) contra a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). Ele citou possíveis pagamentos de supersalários, acúmulo ilegal de cargos e recorrentes casos de fraudes em escalas de plantão em unidades sob a responsabilidade da pasta. Além desta providência, o parlamentar também revelou que oficializará pedido formal para que as comissões de Fiscalização e Controle, de Saúde e Seguridade Social e de Direitos Humanos e Segurança Pública do Poder Legislativo iniciem uma apuração paralela. A documentação reunida por Maia também será compartilhada aos parlamentares. Paralelo a isto, o deputado trabalha no sentido de convencer os colegas a aceitarem a instalação de uma CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito] com a finalidade de investigar os gastos do governo do Estado com a Saúde ao longo da pandemia. Por enquanto, Davi Maia contaria com cinco assinaturas a favor da proposta, mas precisa de, no mínimo, nove (o equivalente a um terço dos parlamentares). Ele quer levar a ALE a apurar as ações da gestão Renan Filho (MDB) da mesma forma que o Poder Legislativo do Rio Grande do Norte fez. O problema é que, em Alagoas, a oposição é minoria e enfrenta uma base governista bastante articulada e pronta para desmontar qualquer iniciativa que acabe com a blindagem da administração estadual. No âmbito dos MPs, os pedidos são para que a investigação tente descobrir o que seria a ponta de um iceberg, comparado por Maia por acreditar que na Sesau há uma série de irregularidades que deveriam ser checadas. Até agora, o alvo do bombardeio de Davi Maia não se pronunciou. Sargento Marcos Ramalho, como é conhecido, é acusado pelo parlamentar de receber supersalário de R$ 70 mil, além de acumular várias funções no Estado e de não cumprir plantões duplos ou até triplos ao mesmo tempo. O deputado diz que o gestor estaria sendo pago com verba federal. Pela denúncia, só em abril, Ramalho deu 42 plantões no Samu e no Hospital Metropolitano. E tirou, em março, 14 plantões ao mesmo tempo, recebendo por dois plantões pelo mesmo turno, como se estivesse ao mesmo tempo nos dois locais. Ainda segundo o parlamentar, o secretário-executivo tem salário de R$ 15 mil mensal, mas ainda estaria recebendo cerca de R$ 50 mil somente com plantões simultâneos que estaria tirando no Samu e no Hospital Metropolitano de Maceió. Na pesquisa, ele também descobriu que o servidor ainda recebe R$ 5 mil da Prefeitura de Maceió, após ter conseguido passar em um processo seletivo da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Nessa terça-feira, na sessão ordinária, Davi Maia acusou o psicólogo Bresser Kenison Lima Diniz, que seria coordenador de Recursos Humanos do Hospital Metropolitano, de figurar em reiteradas escalas simultâneas (foram 72), também, no Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência] e no Hospital da Mulher. O deputado informou que este funcionário esteve escalado em 233 plantões, entre janeiro e julho deste ano. Em nota, a Sesau negou qualquer ilegalidade e favorecimento nos salários pagos aos profissionais que atuam na linha de frente da Covid-19. Para o órgão, a remuneração está no padrão praticado no mercado para a época de pandemia. A secretaria informou, ainda, que revisará as folhas de pagamento de todos os funcionários.