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Nº 5700
Política Caminhão-pipa abastece poço em residência da zona rural de Alagoas: vai faltar mais água

DEFESA CIVIL DEIXA MAIS DE 300 MIL SERTANEJOS SEM CAMINHÃO-PIPA

Governo do Estado alega falta de repasse de verba federal e tarefa de matar a sede da população rural será executada só pelo Exército

Por arnaldo ferreira | Edição do dia 11/09/2021 - Matéria atualizada em 11/09/2021 às 04h00

Os prefeitos dos 42 municípios em situação de emergência decretada pelo governador Renan Filho (MDB) por causa da seca terão que superar as dificuldades financeiras municipais e conseguir recursos para fretar caminhões pipa. A Comissão Estadual de Defesa Civil não vai mais fretar cerca de 150 caminhões-pipa, como o governo prometeu no semestre passado, para somar aos mais de 100 caminhões do Exército que fornecem água para as zonas rurais. Na região do alto sertão praticamente não choveu em quantidade suficiente para atender a demanda das comunidades. A partir deste mês, a temperatura aumenta e a pouca água armazenada nos açudes e barragens improvisadas vai evaporar. Oficialmente, os prefeitos ainda não foram informados de nada. A maioria dos gestores está convencido que a partir de outubro o governo estadual retomará o abastecimento de água com caminhões-pipa no sertão e agreste, como faz anualmente. O Canal do Sertão atende parte das áreas urbanas. A zona rural é dependente dos caminhões-pipa por falta de projetos estaduais de melhor aproveitamento do Canal do Sertão.

A reportagem da Gazeta esteve na região semiárida e constatou a escassez de chuva no alto sertão. Também percorreu os bastidores da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) e conversou com técnicos e eles confirmaram que em períodos de seca prolongada os municípios em situação de emergência são atendidos pelos caminhões da Defesa Civil, do Exército e os fretados por algumas prefeituras. “A maioria das prefeituras do sertão e do agreste está quebrada, depende do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e o que arrecada destina-se ao pagamento de servidores, mantém obras públicas e o funcionamento da máquina administrativa. Não sobra dinheiro para fretar caminhão-pipa. Por isso, os gestores municipais contam com as operações “Água é Vida”, do governo estadual, e “Operação Pipa”, do Exército, revelou um dos prefeitos que por ser aliado do governo não quer ter o nome divulgado. Desde o ano passado, a Defesa Civil espera a liberação de recursos federais para fretar caminhões. Até junho, o Ministério do Desenvolvimento Regional não tinha feito nenhuma liberação para complementar o abastecimento de água dos sertanejos, disse uma fonte do governo estadual. O presidente da AMA e prefeito do município de Cacimbinhas, Hugo Wanderley (MDB), também depende dos caminhões-pipa para atender a zona rural. Ele ainda não sabe que o governo estadual não ativou os caminhões para ajudar no abastecimento da população rural. Em recente entrevista, Hugo Wanderley revelou que a maioria das prefeituras do semiárido atravessam dificuldades financeiras agravadas pela pandemia do coronavírus.

DECRETO

O Diário Oficial do Estado de 20 de julho passado publicou o decreto do governador oficializando a situação de emergência por 180 dias por causa do longo período de estiagem em 42 municípios das regiões Agreste e Sertão de Alagoas. O decreto considera ações necessárias para combater as situações na “preservação do bem-estar da população e das atividades socioeconômicas das regiões atingidas por efeitos adversos”. De acordo com a publicação do Diário Oficial do Estado, os impactos da seca prolongada comprometem os reservatórios hídricos locais e aumentam as dificuldades da população no abastecimento d’água para o consumo humano e animal. Os municípios em “situação de emergência” são: Água Branca, Arapiraca, Batalha, Belém, Belo Monte, Cacimbinhas, Canapi, Carneiros, Coité do Nóia, Craíbas, Delmiro Gouveia, Dois Riachos, Estrela de Alagoas, Girau do Ponciano, Igaci, Inhapi, Jacaré dos Homens, Jaramataia, Lagoa da Canoa, Major Izidoro, Maravilha, Mata Grande, Minador do Negrão, Monteirópolis, Olho d’Água das Flores, Olho d’Água do Casado, Olho d’Água Grande, Olivença, Ouro Branco, Palestina, Palmeira dos Índios, Pão de Açúcar, Pariconha, Paulo Jacinto, Piranhas, Poço das Trincheiras, Quebrangulo, Santana do Ipanema, São José da Tapera, Senador Rui Palmeira, Tanque D’arca e Traipu. O Executivo reconheceu os impactos da seca, sobretudo na zona rural onde a agricultura tradicional amarga mais um ano de perda e prejuízos significativos na pecuária. O governo de Alagoas esperava a liberação de R$ 10 milhões em duas parcelas. O dinheiro não chegou. Por isso, o Exército ficará com duas operações: “Carro pipa” e “Água é vida”, que deveria ser executada pela Defesa Civil, revelou uma fonte da Coordenação Estadual de Defesa Civil. Para justificar a situação que compromete a imagem do governo estadual, que até o momento não avisou nada a nenhum prefeito, o coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Moisés Melo, explicou que “como a gente trabalha com recursos federais, não tem sentido continuar com esta ação do governo federal. O Exército está absorvendo as operações com mais de 100 caminhões pipas”.

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