Sem conseguir emplacar a investigação do calote de R$ 5 milhões na compra de respiradores pelo governador Renan Filho (MDB), na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE), o deputado Davi Maia (DEM) foi destaque na CPI da Covid-19 no Rio Grande do Norte. Lá, ele denunciou o Consórcio Nordeste, a empresa especializada em maconha Hempcare, que embolsou dos estados R$ 48,7 milhões, e propôs que a investigação peça a quebra do sigilo dos governadores. “O que temos é a cumplicidade dos governadores com o Consórcio Nordeste. É necessário que se quebre os sigilos dos governadores”, defendeu Davi Maia. O deputado se apresentou como integrante de um grupo de parlamentares que compõem a CPI Interestadual da Covid e opositor político da família do senador Renan Calheiros (MDB) e do governador Renan Filho. Ao fazer o histórico do problema, ele disse não ter dúvidas de que algo errado ocorreu e com a complacência de todos. “Os Estados do Nordeste, a toque de caixa, sem qualquer tramitação licitatória local, repassaram os valores de R$ 4,9 milhões cada para o Consórcio Nordeste. Na posse dos valores repassados, o Consórcio Nordeste optou por realizar a compra ilegalmente por meio do governo da Bahia, sem apresentar qualquer justificativa para tanto”, completou Maia.
Ele considerou muito positiva a troca de informações porque com o avanço das investigações, que já contam também com a Polícia Federal, os dados vão se cruzando e cada vez mais é possível identificar o papel de cada ente e agente. Ainda assim, como os prejuízos financeiros e para as vidas perdidas ocorreram em cada um dos estados, defendeu que as investigações pudessem ser individualizadas. Isto porque em cada um deles ocorreram o que Davi Maia classifica como “aberrações”. Em Alagoas, por exemplo, ocorreu o repasse do dinheiro sem parecer da Procuradoria Geral do Estado (PGE). Para o parlamentar, esse fato é um indício claro de que houve sim conivência com o que ocorreu, já que oficialmente o repasse dificilmente seria aceito sem as explicações necessárias. “Diante de tantas irregularidades, pedimos ao secretário-executivo que nos disponibilizasse os comprovantes bancários das movimentações financeiras do Consórcio Nordeste, o que nos foi negado pelo Sr. Carlos Gabas. Com essa negativa, encaminhamos representações ao MPE/AL, MPF em Alagoas e ao TCE/AL. No TCE/AL conseguimos um parecer favorável do MP de Contas, o que significou numa decisão do TCE/AL para proibir nova aquisições via Consórcio Nordeste”, completou Davi Maia em seu pronunciamento à CPI.