Vereadores flagram caos na Unidade de Emerg�ncia
MARCOS RODRIGUES Desespero, superlotação e abandono. Esse foi o cenário encontrado, ontem, por uma comissão de vereadores da Câmara Municipal de Maceió que decidiu fazer uma visita surpresa à Unidade de Emergência (UE) Armando Lages. A visita foi feita p
Por | Edição do dia 06/05/2004 - Matéria atualizada em 06/05/2004 às 00h00
MARCOS RODRIGUES Desespero, superlotação e abandono. Esse foi o cenário encontrado, ontem, por uma comissão de vereadores da Câmara Municipal de Maceió que decidiu fazer uma visita surpresa à Unidade de Emergência (UE) Armando Lages. A visita foi feita pelos vereadores Judá Nicácio (PTB), George Sanguinetti (PTB), Thomaz Beltrão (PT), Jaudeni Coutinho (PSB), Marcos Alves (PSB) e Rita Correa (PTB). A comissão, proposta pelo vereador Judá Nicácio, percorreu os corredores dos setores de urgência e emergência, além da recém-inaugurada ala de tomografia. É para lá que seguem os pacientes que passam pela triagem, num dos pavilhões da entrada. Segundo uma enfermeira da UE que falou com a GAZETA, é justamente nesse setor que os funcionários têm a difícil tarefa de escolher quem vai ser atendido, e poderá ser salvo, e quem não vai ser e provavelmente morrerá. A falta de leitos, associada à superlotação, faz a equipe ter que decidir, entre os pacientes, quem receberá o atendimento especializado. Se duas pessoas com traumatismo craniano, por exemplo, precisarem de uma tomografia, caberá a nós decidir quem será o escolhido. Isso aumenta o nível de estresse no trabalho, revela a enfermeira, que não quis se identificar. Na visita à unidade, a vereadora Rita Correa confirmou o depoimento da enfermeira. Quando cheguei, encontrei uma pessoa que fora avaliada por um clínico, mas precisava de atendimento de um cirurgião vascular, já que seu problema envolvia uma úlcera de membro inferior (perna). Mas desde que chegamos, até agora (meia hora depois), o especialista não veio atendê-la. O detalhe é que o caso é grave, relatou. Ela também disse que os pacientes que foram submetidos a cirurgias estão expostos, permanentemente, à infecção, porque muitos se recuperam em colchões espalhados pelo chão. A GAZETA tentou contato com o diretor-geral da UE, Marcos Sampaio, mas ele não se encontrava na unidade. Quem recebeu a imprensa e os vereadores foi a assistente social Vânia Ticianelli. Ela explicou que o maior problema da unidade é exatamente o alto volume de atendimentos. Os servidores se desdobram para dar conta, mas o número de atendimentos fica em torno de 400 a 450 pessoas por dia. Muitos vêm do interior, por não poderem contar com hospitais em seus municípios, explica. Para a dona de casa Maria de Lurdes do Carmo, 55, casada e mãe de três filhos, a situação da unidade é péssima. Mesmo assim, ela agradeceu o fato de ter recebido atendimento. Apesar de toda essa situação, ainda tenho que agradecer a Deus porque tive atendimento, declarou, enquanto se recuperava num dos corredores. Aliviada disse: Amanhã serei transferida. Minha família vai me tirar daqui, suspirou. Diante das cenas com pacientes espalhados pelo chão ou sentados em bancos de cimento com ferimentos expostos, o vereador Thomaz Beltrão não hesitou em afirmar que a Unidade de Emergência é um hospital de guerra, com feridos por todos os lados.