O ditado “Faça certo para não dar errado” aplica-se perfeitamente ao governo de Alagoas no caso dos serviços malfeitos executados na duplicação da rodovia AL-220, que custou R$ 67 milhões aos cofres públicos e, vergonhosamente, registra esfarelamento do asfalto no trecho entre Campo Alegre e Limoeiro de Anadia. A buraqueira se acentuou e a construtora responsável, S.A. Paulista, uma das quatro de um grupo seleto que vem ganhando licitações na gestão estadual, está sendo obrigada a recapear a “estrada de farinha”, como ficou conhecida a obra feita pelo governo Renan Filho.
No início do mês, reportagem da Gazeta, com base num vídeo publicado pelo deputado estadual Davi Maia (DEM), confirmou a má qualidade do material usado e o risco permanente dos motoristas que transitam no local. A possibilidade de acidentes, associada a prejuízos com suspensão e pneus, provocou críticas ao chefe do Executivo.
Outros vídeos, dessa vez feitos por motoristas e moradores da região, começaram a circular nas redes sociais, além de memes com falas editadas de Renan Filho enquanto enaltecia os gastos de seu governo. Após cobrança de explicações à Secretaria de Infraestrutura e ao DER, foi iniciada uma operação emergencial para remendar os defeitos. Entretanto, a qualidade diferente do asfalto utilizado com o que já havia sido utilizado fez o serviço não surtir efeito.
A reportagem já havia alertado para isso porque foi fácil perceber que o material não se fixava e rapidamente os buracos reapareciam. No local mais crítico foram vistos operários trabalhando. Só que, logo atrás, por onde já haviam passado, o problema havia reaparecido.
De novo
Sem conserto, o jeito foi recapear toda a área destruída para evitar mais críticas. Na manhã desta quarta-feira (27), uma nova equipe de reportagem esteve no local e constatou que a equipe foi ampliada, assim como o maquinário para dar conta da péssima qualidade do serviço anterior.
Sobre o valor dos serviços anteriores e, principalmente, os custos atuais, o governo silenciou. Desde a primeira vez que o assunto veio a público, o governador, figura carimbada nas redes sociais, não pediu desculpas nem deu explicações ao povo alagoano. Até o momento não se sabe, por exemplo, se os custos para essa nova operação estão inclusos como parte do que já foi pago ou em forma de seguro.
Outra dúvida é se o governador com sua equipe de marketing, juntamente com aliados políticos, irá inaugurar novamente o trecho. A única certeza é que a S. A. Paulista é uma das empresas “queridinhas” do Palácio República dos Palmares. Integra o “Grupo das Quatro”, como ficaram conhecidas as construtoras que passaram no filtro estabelecido pelo próprio governo para realizar obras em bloco.
É da S.A. Paulista, por exemplo, a obra do Viaduto da PRF, que foi inaugurada antes de ser totalmente concluída pelo governador e, posteriormente, pelo real financiador do projeto, o governo federal. O projeto, que em sua origem deveria garantir o trânsito de veículos sem paradas, bem como de pedestres e ciclistas, consta de quatro semáforos. Sem funcionar, já travam o trânsito nos horários de pico e, quando começarem a operar, voltarão a fazer o mesmo.