Política
Promotor denuncia liga��o de autoridades com crime em AL

ODILON RIOS GILVAN FERREIRA Membros dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário mantêm uma relação direta com facções de bandidos existentes nas polícias Militar e Civil de Alagoas. A acusação foi feita ontem pelo promotor de Justiça Márcio Roberto, em entrevista à TV Gazeta e à GAZETA DE ALAGOAS sobre a ?corrente? que liga a polícia ao crime organizado, principalmente aos bicheiros. ?No seio da PM e da Polícia Civil existem várias facções de bandidos, que, apesar do trabalho desenvolvido pelo secretário de Defesa Social, Robervaldo Davino, ainda não foram desbaratadas, porque há pessoas que fazem parte do Poder Judiciário, políticos, pessoas influentes?, disse o promotor. As afirmações de Márcio Roberto envolvem até a Secretaria de Defesa Social. Do próprio gabinete do secretário, afirmou Márcio Roberto, estariam vazando informações privilegiadas, beneficiando os chefes da criminalidade alagoana. ?Apesar de ter saído do gabinete do magistrado, só Robervaldo Davino, secretário de Defesa Social, sabia daquele mandato e até hoje o cidadão não foi preso, não se sabe o porquê?, disse o promotor, ao citar o caso do bicheiro Plínio Batista, com ordem de prisão decretada pelo juiz Daniel Accioly e entregue nas mãos de Davino. ?O mandato estava com Davino desde as cinco horas da tarde?, destacou o promotor. A Assembléia Legislativa também entrou nas denúncias do promotor. O deputado Luiz Pedro (PDT) teria sido procurado pelo policial José Alfredo de Souza Pontes, intermediado por seu assessor parlamentar, um policial conhecido como Xavier, que está preso por envolvimento na ?guerra dos policiais? em Alagoas. O promotor disse que não existem indícios contra o deputado para incriminá-lo na ?guerra de policiais?. Já o Poder Judiciário é acusado de facilitar a libertação de acusados mediante liminares. ?O presidente do TJ, com uma liminar, libertou todos os presos, quando podíamos aprofundar mais as investigações e identificar outras pessoas que estão diretamente envolvidas com o crime organizado?, afirmou, citando o caso da advogada Cláudia Regina de Souza Pontes. ?Ela articulava, junto aos órgãos governamentais e judiciais, a impunidade destes crimes, buscando a absolvição dos réus?, desabafou o promotor, lamentando a posição dos poderes alagoanos. ?Plínio Batista (bicheiro procurado pela polícia) tem influência na Justiça e em toda a sociedade. É um homem que tem dinheiro e financia a criminalidade exatamente para se beneficiar?, disse o promotor. A relação entre o bicheiro e uma facção criminosa das polícias foi revelada esta semana pelo Ministério Público Estadual. A facção é responsável por vários crimes no Estado, inclusive o assassinato do policial Valter Dias Santana, ocorrido ano passado na Via Expressa, em Maceió. Segundo o processo que apura as ligações entre o jogo do bicho e o poder em Alagoas, os policiais civis José Alfredo de Souza Pontes, Robson Rui Gomes de Araújo e Ivanildo Pereira da Silva, além do policial militar Josué Teixeira da Silva, coordenaram a execução. O promotor frisou, por diversas vezes, que existem pessoas dos poderes envolvidas, mas não as instituições.