Política
ESTADO ENTREGA UTI COM PRESSÃO NEGATIVA COM UM ANO DE ATRASO
Inauguração do novo serviço no Hospital Hélvio Auto ocorreu após determinação da Defensoria Pública


Sob pressão, o governo do Estado inaugurou ontem, com um ano de atraso, a primeira UTI com pressão negativa no Hospital Helvio Auto, que vai evitar o alto risco de contaminação de profissionais e familiares na Universidade Estadual de Saúde (Uncisal. Partiu da Defensoria Pública Estadual a determinação para que a equipe técnica da Secretaria Estadual de Saúde entregasse o quanto antes esse setor. Ainda assim, como tem feito, o secretário de Saúde, Alexandre Ayres usou ontem sua rede social para divulgar o feito como ação a exclusiva da pasta. De forma deliberada, omitiu a ação em defesa da sociedade do defensor público Fabrício Leão Souto, do Núcleo de Direitos Coletivos da DPE. Foi ele que enquadrou a secretaria a ir além dos interesses pessoais. Além disso, determinou que os entes públicos fornecessem ao hospital equipamentos, medicamentos, insumos e correlatos para os profissionais do Hospital Hélvio Auto possam lidar com as doenças infectocontagiosas. As informações que abasteceram a DPE, que entrou na Justiça em 2020, partiram de uma reportagem especial do Jornal Gazeta de Alagoas, do repórter Arnaldo Ferreira. Depois de realizar uma investigação sobre o assunto, ouvindo fontes da própria unidade, ele constatou que somente a chamada “sala de pressão negativa” conseguiria evitar mortes de quem era atendido, trabalhava e eventualmente acompanhava os pacientes. Antes dessa denúncia, o Estado já desrespeitava a orientação do próprio Conselho Regional de Medicina (CRM), que preconiza isso como condição ideal de trabalho. Ou seja, enquanto a preocupação da Sesau era com a propaganda, dezenas de pessoas ficaram expostas a contaminação. Pela manhã, os leitos com a “pressão negativa” foram entregues com a presença do secretário Ayres e Renan Filho, que, ao lado dos especialistas, posaram para a foto. Como era de esperar, o ambiente festivo foi usado como sendo mais uma ação excepcional da Sesau, quando, na verdade, ocorreu após um comportamento ordinário.
“ESTAVAM ERRADOS”
A Gazeta entrou em contato com o defensor público que foi até a Justiça para garantir as melhorias estruturais na unidade hospitalar. Segundo ele, já era hora de Alagoas contar com tal serviço, justamente por não haver nenhum até então. “Foi por essa razão que ajuizamos ação judicial nesse sentido. Perderam tempo dizendo que era inviável, lançando notinhas, especialmente a Uncisal e a direção do hospital. Estavam errados”, afirmou Fabrício Leão Souto. “O resultado está aí. Fato é que o governo do Estado deu um importante passo a bem da sociedade e do usuário do SUS, concretizando exatamente o que foi pedido na ação pela Defensoria Pública”