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Política Sessão especial foi realizado no plenário da Assembleia Legislativa de Alagoas

DEPUTADOS PREVEEM RENOVAÇÃO DE 30% NO LEGISLATIVO ALAGOANO

Alguns parlamentares devem perder o mandato por falta de densidade eleitoral; outros têm novos projetos políticos

Por arnaldo ferreira | Edição do dia 27/11/2021 - Matéria atualizada em 27/11/2021 às 04h00

A menos de um ano para as eleições gerais, os bastidores da Assembleia Legislativa indicam que haverá renovação de, no mínimo, 30% das 27 cadeiras. Se confirmada a tese dos próprios deputados estaduais, oito parlamentares não renovarão seus mandatos, entre eles estão os que perderão os mandatos por falta de densidade eleitoral e os que admitem partirem para novos projetos políticos. Quatro deles são pré-candidatos a governador tampão e/ou comandar o Executivo estadual a partir 2023: o presidente da Assembleia, deputado Marcelo Victor (por enquanto no Solidariedade), Paulo Dantas (por enquanto no MDB), Jó Pereira (por enquanto no MDB) e o deputado Antônio Albuquerque (PTB). O deputado Francisco Tenório que voltar a ser deputado federal. Os deputados Marcelo Victor e Paulo Dantas são apontados como pré-candidatos-tampão, buscam apoio do PP do presidente da Câmara Federal, deputado Arthur Lira. Porém, dependem da decisão do governador Renan Filho (MDB), que ora diz que governará até o último dia do mandato [31 de dezembro de 2022] e nas constantes visitas que faz aos municípios anuncia obras de fim de governo, como costumam fazer os pré-candidatos que almejam continuar participando dos pleitos eleitorais. O governador tem até 2 de abril, segundo a legislação eleitoral, para sair da posição vacilante. Nos bastidores, há indicativos de que o MDB também planeja indicar o deputado Paulo Dantas para disputar, na Assembleia Legislativa, o cargo de governador-tampão a partir de abril. Se tudo sair como planeja a base aliada do deputado, ele poderá disputar também a reeleição de governador no cargo. Dantas prefere não comentar hipóteses. Fontes do partido dos Calheiros revelam ainda que um dos secretários com prestígio dentro e fora do governo “pode” compor a chapa majoritária de sucessão. Essa possibilidade não será mais com o secretário de Estado da Saúde, Alexandre Ayres, que já foi cotado para compor a chapa majoritária. Depois das denúncias do deputado Davi Maia (DEM) de folhas salariais paralelas para apadrinhados políticos, de supersalários, de plantões fantasmas milionários, entre outros casos que estão sendo investigados pelos Ministérios Públicos Federal e Estadual e provocaram desgastes, Ayres perdeu cacife eleitoral para uma chapa majoritária e há dúvida também se será candidato proporcional [deputado estadual ou federal]. A bola da vez é o quarto secretário de Educação em um ano, Rafael Brito. Crescem as especulações em torno do nome dele. “Não sou candidato a nada nas eleições”, disse o deputado, recentemente, à Gazeta, ao responder se iria compor uma chapa majoritária. O nome do governador-tampão sairá do Legislativo e de uma eleição interna naquele poder, hoje dividido entre Marcelo Victor e Paulo Dantas. No momento, a preferência da maioria dos 27 deputados estaduais é o deputado Marcelo Victor, que poderá também assumir o comando do novo Partido: União Brasil, que é a fusão do PSL e DEM. O parlamentar tem trabalhado forte e deve atrair entre 17 e 20 colegas, além de dezenas de prefeitos e vereadores para a nova legenda.

PESQUISAS

A deputada Jó Pereira entrou no quadro dos pré-candidatos a governador por causa do bom desempenho nas pesquisas eleitorais recentes. O nome dela aparece entre os quatro primeiros colocados, sem fazer nenhum tipo de campanha nesse sentido. “Por enquanto, sou candidata à reeleição, mas os resultados das pesquisas me credenciam a discutir o quadro majoritário”, admite a deputada aos aliados. Jó está de malas prontas para deixar o MDB e tem conversado com outros partidos. Nos últimos dias, fez um pronunciamento forte contra o governo, que quer distribuir dinheiro em forma de bolsa, numa forma desesperada para reduzir os índices elevadíssimos de analfabetismo e evasão escolar do Estado. “O governo precisa adotar uma política estruturada de busca ativa. Entender por que os alunos abandonaram a escola”, cobra a deputada, que promete fazer emendas ao projeto do governo que quer dar “bolsa” de R$ 500 para quem voltar a ser matricular, de R$ 100 para alunos do ensino médio que frequentam mensalmente 75% das aulas e de R$ 2 mil para os que concluírem o ensino médio. A maioria dos deputados criticou os dois projetos da educação que tramitam no Legislativo e questionou “Renanzinho”: Por que o governador não tratou a educação como prioridade em 2015, quando assumiu o governo?” O deputado Cabo Beto (PTC) acusou o governo de fazer “politicagem” com a Educação e de querer jogar o povo contra a Assembleia para esconder o fracasso da política de ensino estadual. Outro que não deverá disputar o oitavo mandato é o deputado Antônio Albuquerque. “Sou candidato a governador e vou vencer a eleição”, diz ele. O deputado assume abertamente que é ideologicamente conservador e quer se eleger com apoio da base política: o eleitor. Seus colegas parlamentares avaliam que Albuquerque é “forte eleitoralmente” e tem base em mais de 20 municípios. “Tem condições de chegar ao segundo turno”, disse um deputado também conservador que prefere o nome preservado. Por outro lado, há os que dizem que o parlamentar trabalha também para reeleger o filho, o deputado federal Nivaldo Albuquerque, e eleger o filho, secretário de Estado do Trabalho, Arthur Albuquerque, a deputado Estadual. Outro parlamentar com cinco mandatos e que quer voltar à Câmara dos Deputados é o deputado Francisco Tenório (PMN). Ele exerceu o mandato no período de 2006 e 2011. Também deve deixar o partido que o abriga hoje. O projeto de Tenório é eleger a filha, a vereadora de Maceió Olívia Tenório (MDB), a deputada estadual. Outro nome cotado para disputar uma das nove cadeiras de deputado federal é o deputado Davi Maia (DEM). Nem ele nem a assessoria confirmam ou desmentem o projeto eleitoral. Os parlamentares com projeto de reeleição comprometidos tiveram suas bases invadidas por secretários estaduais que participam das caravanas do governo anunciando obras de fim de gestão. Esses parlamentares acusam os Calheiros de manter o controle do MDB como fazem em Murici, terra natal do governador.

CLÃ DOS CALHEIROS

O outro fato que chama a atenção nos bastidores políticos e “pode” ser um dos motivos que levam o MDB a viver clima de esfacelamento político e de debandada geral tem cunho ideológico e antagônico aos interesses da família Calheiros. A maioria dos militantes com mandatos [prefeito, vereadores e deputados estaduais] deve se filiar a outros partidos por não concordarem com a gestão do executivo estadual e com a hegemonia familiar no controle político partidária semelhante ao que acontece em Murici. Por lá, entre os nove vereadores, só dois mantêm oposição à família. A cidade da Zona da Mata de Alagoas, distante 58 quilômetros de Maceió, segundo os insatisfeitos, desde 1992 é dominada pelos Calheiros. O avô do governador Renan Filho (MDB), Olavo Calheiros Novais – o major Olavo – se elegeu prefeito e ficou no mandato até 1996, foi sucedido pelo filho Remi Calheiros, que concluiu três mandatos [1996, 2000 e 2012], foi sucedido [no período de 2004 a 2010] pelo sobrinho “Renanzinho” e, desde 2016, a prefeitura é ocupada pelo agropecuarista Olavinho Calheiros Neto – filho do deputado estadual Olavo Calheiros. Apesar da grande influência do clã dos Calheiros no Congresso Nacional, no comando do governo do Estado, no comando de Murici e nos bastidores da Assembleia Legislativa, de acordo com alguns opositores emedebistas que vão deixar o partido, o município está entre os mais pobres de Alagoas, diferentemente da situação econômica da família. Lá tem alguns dos indicadores sociais negativos que chamam a atenção. Entre os 28.579 muricienses, cerca de 40% da população com 15 anos ou mais, por exemplo, engrossam a lista de analfabetos. Por outro lado, 93,76% da faixa etária de 6 a 15 anos estão matriculados. Ainda segundo o IBGE, a mortalidade infantil em 2019 atingiu 58%, ou seja, 11 crianças entraram na triste estatística. A região registra elevado índice de desemprego, o próprio site da prefeitura local estava mobilizando 6.495 cidadãos para buscarem o auxílio-desemprego. Da população economicamente ativa, apenas 10,1% dos trabalhadores têm emprego formal. A média salarial da maioria dos empregados não passa de 1,8 salário mínimo, dado que confirma o empobrecimento. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) também está classificado como “muito baixo”, com 0,527 da avaliação que mede a renda, educação e saúde.

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