Política
AMA E MP RECOMENDAM SUSPENSÃO DE EVENTOS COM AGLOMERAÇÃO
Entidade divulgará hoje novas orientações aos prefeitos para que a pandemia de coronavírus se mantenha controlada


Ao que tudo indica, diante da possibilidade da chegada ao Brasil de uma quarta onda da pandemia de coronavírus, principalmente com o surgimento de mais uma variante do vírus, a ômicron, na África do Sul, o governador Renan Filho (MDB) está recuando no protagonismo que teve contra a doença no Estado. Desta vez, a missão ficou com outras instituições: a Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) e o Ministério Público do Estado. Ontem, o presidente da entidade, prefeito Hugo Wanderley, e o procurador-geral de Justiça, Márcio Roberto, se encontraram para definir a elaboração de uma recomendação aos prefeitos para que não promovam eventos que gerem aglomeração no final do ano. A iniciativa da AMA e do MP, sem a participação direta do governador, é entendida como uma evidência de que o Executivo quer evitar desgastes com as lideranças municipais e, por tabela, com o setor produtivo de bares, restaurantes e hotelaria. Coube ao prefeito Hugo Wanderley, de Cacimbinhas, ouvir técnicos do Programa Nacional de Imunização e do Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Consems). Na pauta está a variante ômicron, que pode correr o mundo, como aconteceu com outras cepas e a versão original do coronavírus. “Nossa preocupação sempre foi – e vai continuar sendo - cuidar das pessoas e salvar vidas”, disse o presidente da AMA em nota divulgada no site da entidade na tarde de ontem. Nesta terça-feira ele voltará a falar com a imprensa numa entrevista coletiva em que deve apresentar as bases de como será a recomendação e quis outras medidas os prefeitos devem tomar para que a pandemia se mantenha controlada. Procurada, a assessoria do Ministério Público confirmou que, até a próxima sexta-feira, o órgão vai se posicionar oficialmente sobre o assunto, mas, conforme apurou a Gazeta, a ideia é orientar os gestores a não gastar recursos públicos em eventos que gerem aglomerações. Em sua rede social, o procurador deixou claro que foi procurado pelo presidente da AMA, que teria apresentado a preocupação com o surgimento da nova cepa e do aumento de casos em países europeus. Vale ressaltar que, no momento, essa situação em especial se deve ao fato da resistência de algumas pessoas em se vacinarem contra a doença. Mesmo no feriado estadual do Dia do Evangélico antecipado pelo governo do Estado, mas diante da necessidade de não se perder tempo sobre o assunto, Márcio Roberto escreveu: “Meu propósito, respeitando as opiniões contrárias, é respeitar as ponderações e advertências das autoridades sanitárias, dessa forma recomendar aos gestores que não façam gastos desnecessários e temerosos com tais eventos. Vamos salvar vidas, por certo em breve haverá tempo para festas e confraternizações. Deus esteja com todos nós”. A ponderada posição, na verdade, já é uma antecipação do conteúdo que deverá ser oficializado pelo órgão. Só que nasce antes mesmo de qualquer recomendação da Agência Nacional Vigilância Sanitária e do próprio Ministério da Saúde. O problema, porém, é que as empresas promotoras de eventos têm pressa em fechar contratos com os municípios e todo o trade. Logo, quanto antes o Estado oficialize sua posição será mais prático desmontar os calendários em sua fase inicial.
Em entrevista ao AL TV 2° edição, da TV Gazeta, o secretário estadual de Saúde, Alexandre Ayres, também se esquivou de ser protagonista das medidas restritivas. Jogou toda a responsabilidade nas autoridades sanitárias, que, em Alagoas, ainda não se manifestaram oficialmente. O cenário, porém, é para que a suspensão dos eventos seja oficializado. O Sindicato dos Médicos do Estado de Alagoas foi a primeira entidade a soltar nota pública defendendo essa ideia, ao demonstrar preocupação com os aumentos de casos na Europa e o aparecimento de uma nova cepa.
“Tendo em vista os ânimos com a aproximação do fim do ano, e em seguida o carnaval, o Sindicato dos Médicos do Estado de Alagoas vem a público manifestar posição contrária à realização de qualquer evento que gere aglomeração. Ainda devido à pandemia, o momento inspira cuidado. Se por um lado vislumbramos significativa redução de casos e boa cobertura da vacina contra a COVID-19, por outro lado temos em circulação novas variantes da doença, inclusive a mais letal já infectou alguns países. A triste experiência dos dois últimos anos não pode se repetir: perdemos milhares de vidas e entre os pacientes salvos, muitos continuam com sequelas. Portanto, recomendamos que cada um se proteja, evitando festas, shows, carnaval, enfim, aglomeração”, diz um trecho da nota. O documento defende também o uso de máscaras e reafirma que as pessoas celebrem o Natal em casa.