A maioria das 102 prefeituras está com as unidades de saúde lotadas de pessoas contaminadas pelas variantes da Influenza e Covid 19. Nem os servidores de apoio técnico e administrativo da Associação dos Municípios de Alagoas escaparam da contaminação. A funcionalidade da entidade está comprometida por causa da grande quantidade de doentes. A situação chegou a tal ponto que não se fala mais em carnaval de rua no interior e na capital. A preocupação agora é como socorrer os trabalhadores que faturam no período, como os ambulantes, costureiras, comerciantes, músicos e outros profissionais. Os prefeitos querem que o governador Renan Filho (MDB) destine parte dos R$ 600 milhões retidos no Fundo de Combate e Erradicação à Pobreza para socorrer os desempregados do carnaval. Os prefeitos pedem que a direção da AMA providencie um encontro, urgente, com o governador para discutir estratégias de socorro social. Entre as reivindicações querem parte dos recursos do Fecoep aplicados em ações continuadas e organizadas para quem está em situação de extrema vulnerabilidade social, segundo o IBGE cerca de 500 mil alagoanos.
VARIANTES
A multiplicação de casos assusta inclusive os pequenos municípios como a cidade sertaneja de Cacimbinhas, distante 175 quilômetros de Maceió. A maioria dos 10 mil habitantes da prefeitura administrada pelo presidente da AMA, prefeito Hugo Wanderley (MDB), afirma que os casos de síndromes gripais se multiplicam numa velocidade espantosa. O próprio Hugo Wanderley recebeu um relatório da secretaria municipal confirmando que, só num dia [quarta-feira, dia 5], cerca de 92 pessoas deram entrada nas unidades com sintomas descritos para casos das variantes da influenza.
A situação força o presidente da AMA a buscar um encontro, urgente, com o governador para discutir estratégias de barreiras sanitárias e de socorro aos informais que perderão oportunidades de trabalho com a suspensão das festas de carnaval. O vice-presidente da AMA, o prefeito de Maragogi, médico Fernando Sérgio Lira (PP), foi o primeiro a suspender o carnaval de rua em Alagoas. Em dezembro, anunciou a medida e passou a reforçar o controle sanitário. A estratégia funcionou e manteve o principal setor econômico - o turismo - aquecido. Lira confirmou que no município, de 33 mil habitantes, praticamente dobrou a população. “A cidade está lotada. Hotéis, pousadas, casas de veraneio e de aluguel, tudo ocupado”, disse Lira. “A nossa preocupação é com o pessoal da informalidade que fatura no carnaval. A minha sugestão é que o governo utilize uma parte dos R$ 600 milhões retidos do Fecoep em ações organizadas para auxiliar os que ficarão sem trabalho”. Outros prefeitos, inclusive do mesmo partido do governo [MDB), querem que os recursos do Fecoep sejam utilizados no combate à pobreza como preveem os objetivos principais do Fundo. A maioria pediu para não ter os nomes publicados para não ser indispor com a família Calheiros. Os prefeitos afirmam que há dinheiro para ações emergenciais. O líder do governo na Assembleia, deputado Sílvio Camelo (PV), também confirma. Recentemente, Camelo afirmou que existe o recurso do Fecoep retido na Secretaria de Estado da Fazenda. O montante, segundo ele, é para lastro de programas previstos para execução neste último ano da gestão Renan Filho.
CARNAVAL
Após decisão da Prefeitura de Maceió, na quarta-feira (5), junto a outros 11 municípios, cancelando a promoção dos festejos de carnaval em 2022, a maioria dos 102 municípios confirmou a suspensão dos eventos previstos para o período. Quem ainda não suspendeu as festas públicas, o Ministério está recomendando o cancelamento das festas e cobrando explicações. Os técnicos do Tribunal de Contas também recomendam que neste momento é preciso pensar na saúde pública.
Os cancelamentos vieram após aumento significativo no número de casos de Covid-19 e de Influenza, depois do “liberou geral” das festas do fim do ano, lamentam os infectologistas da Secretaria de Estado da Saúde. Os casos, no entanto, já vinham numa crescente, desde a descoberta das novas variantes dos vírus, que possuem maior transmissibilidade.
Na capital, hospitais já anunciaram a superlotação dos leitos para Covid e a lotação das UTIs - 83%. Mesmo com 88% da população adulta com o esquema de imunização completo em duas doses, a recomendação dos especialistas é unir todos os meios de prevenção para evitar uma retomada do número de mortes..