O apagar das luzes da gestão Renan Filho (MDB), que até abril dará continuidade a sua campanha ao Senado Federal, está sendo de total pressão por parte dos servidores públicos. A estratégia de "segurar" todas as pautas históricas das categorias civis e militares na Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) começou a naufragar na manhã de ontem quando o Sindicato dos Policiais Civis (Sindpol) ocupou a sede da pasta para exigir que o secretário Fabrício Marques encaminhe o projeto de reajuste salarial da categoria para a Assembleia Legislativa (ALE). No final da tarde, após oito horas de ocupação, a chefe de Gabinete, Emanuelle Nogueira, informou que os sindicalistas serão recebidos pelo gestor hoje, às 10h. De acordo com o presidente da entidade, Ricardo Nazário, a decisão de ocupar a sede da Seplag ocorreu após a confirmação de que seu gestor tem descumprido uma determinação do próprio governador. Tratado como "forasteiro" pelos sindicalistas, foi eleito o responsável pelo entrave. "Ocupamos porque o secretário Fabrício não encaminhou o projeto de reajuste e da verba de vestimenta por decisão exclusiva dele. E todos os servidores públicos fiquem atentos a esse secretário, que só vem prejudicando todos os servidores de Alagoas. Um forasteiro que veio para cá e está prejudicando a todos. Vocês colegas policiais militares fiquem de olho nesse secretário", disse Nazário. O alerta para os militares ocorre num momento em que as lideranças também têm uma extensa pauta sendo construída com o Executivo. Na semana passada, eles se reuniram para discutir o assunto e buscar o apoio da tropa para um encontro direto com Renan Filho. Até o momento não houve nenhum aceno de que isso ocorrerá. A ação da diretoria do Sindpol é reflexo de mais de seis meses de negociação com o governo, iniciada no ano passado, juntamente com os demais segmentos dos servidores públicos. O diálogo sempre foi concentrado na Seplag, já que o chefe do Executivo nunca se encontrou com nenhuma categoria. Conforme apurou a Gazeta, a ideia é que a ele caberá fazer um grande anúncio de todas as ações de governo para as categorias. Só que, como isso não é esclarecido abertamente, o temor de todas as lideranças é que, como as matérias a serem analisadas pelo Legislativo são de caráter financeiro, possam extrapolar o prazo legal para sua aprovação, que é até seis meses antes do início do calendário eleitoral. Por isso, mesmo aceitando um novo encontro, Nazário convocou toda a base do Sindpol a comparecer à sede do órgão. No fundo, há o temor de que mais uma vez a conversa com Fabrício não avance por questões burocráticas do próprio órgão. Ao que se sabe, depois da Seplag o projeto tem que seguir para o Gabinete Civil, que é quem mantém as relações institucionais do governo com o parlamento. "Queremos todos os policiais civis aqui na Seplag. Nós estamos desocupando, mas estaremos todos aqui. O Sindpol é de luta e vamos para cima de quem vier mentir para os policiais civis", disse Nazário em um vídeo distribuído à imprensa. Os policiais civis sabem que precisam demonstrar força, já que cederam espaço para a desmobilização das forças de segurança que marcaram outras gestões. Assim que definiram "mesas" individualizadas, as categorias deixaram de se articular de forma unificada.