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Nº 5698
Política Maceió, 10 de julho de 2019
Prédio histórico onde funcionou a Secretaria de Estado da Educação, localizado na  Rua Barão de Alagoas, no Centro de Maceió. Alagoas - Brasil.
Foto: ©Ailton Cruz

AL MANTÉM PIORES ÍNDICES NA EDUCAÇÃO NO GOVERNO RENAN FILHO

Em contraste com a publicidade oficial, setor enfrenta problemas como docentes insatisfeitos, baixa aprendizagem e escolas sem estrutura

Por arnaldo ferreira | Edição do dia 29/01/2022 - Matéria atualizada em 29/01/2022 às 04h00

A imagem do prédio em ruínas onde funcionou a Secretaria de Educação, no Centro, contrasta com a propaganda oficial, que mostra esforço e investimentos do governo Renan Filho por ensino de qualidade, escolas novas e professores satisfeitos e alegres. A realidade é outra. Parlamentares, educadores e alunos denunciam os índices negativos que marcam o ensino público estadual no atual governo, com docentes insatisfeitos com salários e condições de trabalho, escolas com inúmeros problemas, baixo aprendizado, alta evasão escolar, liderança em analfabetismo, números decepcionantes em pesquisas nacionais e em exames de avaliação, como o Enem. Incapaz de resolver os problemas do setor e de elevar o nível educacional dos alagoanos, o governo do Estado demonstra preferir jogar as mazelas para “baixo do tapete” e, em ano eleitoral, de “caça ao voto”, pagar a alunos para passarem de ano e concluírem (sabe-se lá como) o ensino médio. O prédio público abandonado é da Secretaria de Planejamento. Lá funcionava Seduc e fica a menos de três quilômetros do palácio do governo, no centro de Maceió. Os professores, trabalhadores e a presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação, Maria Consuelo, lamentam a falta de prioridades e a gestão da secretaria, que, em menos de um ano, teve quatro secretários de Estado. O atual secretário, Rafael Brito, foi remanejado da Secretaria de Desenvolvimento e Turismo e faz o que pode para apagar os incêndios internos, tenta restabelecer o prestígio da pasta que o governo prometeu ser uma das prioridades da era Renan Filho (MDB). Segundo os professores, o secretário quer resgatar a confiança dos pais, dos trabalhadores e se esforça para melhorar a imagem do ensino público. “Além de índices negativos, hoje não temos nem o prédio próprio para a gestão da pasta, que funciona de forma improvisada em escolas no complexo do Cepa (Centro Educacional de Pesquisa Aplicada], no bairro do Farol”, lamentam os professores, que pedem para não ser identificados.

O balanço que os trabalhadores e a direção do sindicato da categoria fazem da gestão da educação estadual mostra um cenário de muitas promessas, projetos implantados açodadamente e resultados diferentes do propagandeado pelo governador desde 2015. Os professores lembraram que, no início da pandemia, o governo prometeu cestas básicas semanais e depois mensais para os 175 mil matriculados e não cumpriu! O primeiro titular da Seduc, o então vice-governador Luciano Barbosa, em abril de 2020 deixou cargo, distanciou-se dos Calheiros, candidatou-se a prefeito de Arapiraca, foi eleito e hoje governa o segundo maior município do Estado.

Depois de Luciano, já passaram quatro secretários de Educação no período de um ano, e hoje Rafael Brito, cotado para ser pré-candidato estratégico ao governo estadual, se confirmados os boatos de bastidores políticos, deve sair até o dia 2 de abril. [Brito nega ser candidato, mas diz que é um homem de partido]. Além disso, foram sete anos de negociações salariais intermináveis até as categorias conquistarem 4,52% de reajuste e melhorarem o piso salarial. Esta semana, o Sinteal e Rafael Brito retomaram as negociações no sentido de obter 10% de recomposição de perdas salariais. Outras categorias de servidores também pleiteiam a mesma coisa, e a discussão está emperrada e engavetada com o secretário do Planejamento, Fabrício Marques. De qualquer forma, as pressões feitas até agora funcionaram. O salário do professor nível superior inicial com carga de 40 horas de trabalho foi reajustado de R$ 3,5 mil para R$ 4,5 mil, os de 20 horas recebem 50% do piso. No final de carreira e com doutorado, o professor recebe pouco mais de R$ 7 mil. A presidente do Sinteal confirmou a informação repassada pelos colegas. Ainda enumerando os problemas, Consuelo avaliou que, em 30% das 310 escolas onde há 175 mil matriculados, as condições de trabalho “não são boas”. Segundo ela, em alguns colégios estaduais, inclusive na capital, faltam áreas cobertas, pátio de recreação, internet, água tratada e até rede de esgoto. “Tivemos alguns avanços na educação pública, reformas de escolas, na discussão salarial, em investimentos na infraestrutura pedagógica. Porém, ainda falta muita coisa para Alagoas ter um ensino público de qualidade como o que aparece na propaganda oficial”, admite Consuelo. A categoria cobra também programas perenes de combate à evasão escolar e o analfabetismo. Nenhum professor criticou a política de distribuir dos R$ 220 milhões/ano em forma de bolsas para alunos e professores. “O que não se quer é que este programa Escola Nota 10 seja apenas uma iniciativa eleitoreira. A defesa é por programa de Estado com resultados concretos no desenvolvimento da Educação”, cobra também a deputada Jó Pereira (MDB), da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa. Os professores estão preocupados com o retorno de 100% das aulas presenciais neste momento em que a variante Ômicron da Covid-10 deixa novamente lotadas as enfermarias de UTIs, as UPAs, aumenta o número de mortes na capital e interior do Estado. “Temos problemas estruturais na maioria das escolas. A volta das aulas presenciais precisa de estratégias e medidas de segurança para professores e alunos”, disse um professor de 48 anos, portador de comorbidades e que obteve o apoio do Sindicato da categoria por estar com medo de trabalhar nas aulas presenciais.

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