Política
FAMÍLIAS DA “FAVELA DA TORRE” QUEREM MUDAR DE VIDA
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Mais de 100 famílias de carroceiros e marisqueiras da “Comunidade da Torre”- favela localizada embaixo da torre de cabos de alta tensão da Chesf (Companhia hidrelétrica do São Francisco), ao lado do Papódromo, área mais pobre da Lagoa Mundaú- em Maceió, querem sair da miséria e matar a fome com o dinheiro do Fecoep. As marisqueiras Herivânia Teixeira Santos, Valquíria da Silva Martins, o carroceiro Edvaldo dos Santo,s entre outros vizinhos, afirmam que comem sururu no café da manhã, no almoço e no jantar. Quando acaba o molusco, passam fome com os filhos. Eles pedem socorro alimentar.
Os favelados recebem ajuda das igrejas e de voluntários que doam cestas básicas e roupas usadas. Ao serem questionados se receberam cestas básicas ou ajuda financeira do Fundo a Combate a Pobreza, responderam com outra pergunta: “O que é Fecoep?”. Segundo eles, em 2015 representantes do governo estadual prometeram ajudar com programas financiados pelo Fecoep, que geram emprego e renda. Até agora não chegou nenhum projeto prometido, desafiaram as marisqueiras e carroceiros.
A favela fica a quatro quilômetros da sede do governo estadual, onde funciona também o Conselho Gestor do Fecoep, presidido pelo governador Renan Filho. Nem assim existe perspectiva de o fundo melhorar a vida de Herivânia Teixeira. A marisqueira mora com marido carroceiro e quatro filhos num barraco de madeira velha, coberto com lona suja. A renda da família dela aumentou para R$ 405, do Auxílio Brasil (antigo Bolsa família). O marido, às vezes, consegue até R$ 100 por semana na carroça ou com reciclagem, e ela o ajuda trabalhando na limpeza do sururu. Ganha R$ 50, semanalmente. Ultimamente não tem tido frete para o carroceiro, o sururu está pequeno e não tem valor comercial. “A gente não passa fome. Mas é só sururu que tem para comer. Com a volta das aulas, as crianças comem na escola. Quando acaba o sururu aí é a fome”, afirmou Erivânia com lágrimas nos olhos. O carroceiro Edvaldo recebeu durante seis meses, no ano passado, o auxílio emergencial do governo federal porque ficou sem trabalho. Depois, cortaram o benefício dele sem dar explicações. Diante de tanta necessidade, a mulher e os três filhos de Edvaldo foram embora para casa de parentes no interior e desistiram de viver com ele.
A maioria dos barracos está encostada à torre dos cabos energizados. A maioria das famílias foi cadastrada pela prefeitura de Maceió para receber um dos apartamentos em fase de construção naquela região. “Muita gente vai ganhar os apartamentos e vai voltar para os barracos. Como é que a gente vai pagar água e luz com a renda do sururu e das carroças?”, questionou a líder comunitária que se identificou como Josefa Maria da Silva. “É difícil encontrar um dos pobres da lagoa Mundaú que recebeu ajuda desse Fecoep. Isso é conversa, promessa dos políticos em épocas de eleição”, disparou Josefa. AF
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