A maioria dos deputados é agricultor ou agropecuarista. Quase todos reclamam que a pasta se transformou num “cabide de emprego” com objetivos “políticos eleitorais”. Acusam que alguns secretários foram indicados sem ter “nível técnico elementar para tocar a política de Agricultura e a maioria saiu sem ter como executar projetos por falta de apoio e recursos”. Um dos deputados que demonstram conhecer a realidade da pasta é o líder da oposição e também agricultor, Davi Maia (DEM). Ele tem feito repetidos pronunciamentos a respeito do “desmantelamento da Secretaria de Estado da Agricultura pelo governador Renan Filho nos sete anos de gestão”. Segundo o deputado, “há muito tempo o governo abandonou a Seagri à própria sorte”.
Maia afirmou que os programas básicos e histórico como o de distribuição de sementes que teve início em 1990 na gestão do falecido governador Geraldo Bulhões; o programa de Leite e outros passam por momentos difíceis porque carecem de uma política estruturada, sofrem com a falta de água na bacia leiteira e do programa de melhoria genética do rebanho. Segundo o deputado, o rebanho morre de sede apesar de o Estado ter o Canal do Sertão, que recebeu investimentos federais de R$ 3 bilhões e hoje não tem projeto relevante para abastecimento das populações rurais, animal e na agricultura.
Sobre a agricultura familiar, o deputado disse que segue sem estratégia política. “Vivemos um desmonte e abandono da política agrícola”, afirmou Maia. “A secretaria se transformou num cabide de emprego do governo que preenche o cargo com pessoas sem nível técnico elementar para ocupar a pasta”. Com relação à assistência técnica e de diversificação da produção, “não existe nenhum projeto”. Com relação ao novo secretário, Maykon Beltrão, o deputado disse que “não conhece nenhum projeto ou investimentos para mudar a realidade, principalmente do agricultor familiar que está sem ajuda nenhuma”. Sobre o balanço na pasta, o parlamentar foi taxativo: “O governador não tem o que apresentar para as cooperativas da agricultura familiar, as federais de agricultores de trabalhadores rurais e associações de assentados. Objetivamente não tem nada de positivo da Secretaria de Agricultura”.
POLÍTICA
Outro parlamentar agricultor, Dudu Ronalsa (PSDB), ao ser questionado sobre o que destacava como fato positivo na política de Agricultura do governo Renan, disse que a única coisa que viu na pasta foi a mudança de cinco secretários, em sete anos. Desta forma, “a gente observa que foi feito o mesmo dos outros governos. Não tem nada que eu possa destacar como relevante para o desenvolvimento do setor e isto ocorre por conta das mudanças constantes de secretários”. Lamentou a falta de projetos principalmente para o Canal do Sertão. O canal pode mudar a realidade do semiárido que enfrenta prejuízos nos períodos de longa estiagem. “O próximo governador terá que elaborar um projeto de Estado para a agricultura”.
PLATAFORMA
Agricultura familiar, a pecuária, as monoculturas fumageira, de cana-de-açúcar, os projetos estratégicos e alternativas de produção rural fazem parte das bandeiras de trabalho do presidente da Comissão de Constituição e Justiça [a comissão mais importante] da Assembleia Legislativa, deputado Paulo Dantas (MDB). Cotado para ser eleito como governador-tampão caso o governador Renan Filho (MDB) renuncie o mandato até o dia 2 de abril para participar como candidato das eleições gerais de outubro, como os bastidores políticos imaginam, Dantas tem conversado com os segmentos rurais para diagnosticar as dificuldades e atender às reivindicações prometidas há sete anos. Dantas também é agropecuarista no Sertão e defende as cooperativas rurais. Inclusive já presidiu uma das cooperativas de Produtores de Leite do sertão mais forte, a Camila. Sabe que “os produtores precisam de tecnologia, inovação, investimento, acesso à água” que o governo Renan também prometeu e não cumpriu. O deputado também lamentou as mudanças de secretários na Agricultura e reconheceu que [o troca-troca no comando da Seagri] atrapalhou a execução das políticas agrícolas. “Cada um que entra numa pasta tem sempre projetos, posições e compreensões diferente do antecessor. Por isso, as mudanças geraram confusões e atrapalharam o produtor rural”, admitiu. O deputado governista reconheceu que a pasta da agricultura precisa de gestão efetiva “para garantir que os projetos de desenvolvimento ocorram, os investimentos também, independentemente de quem esteja no comando da secretaria ou do próprio governador”. Defendeu que hoje a principal necessidade dos criadores do Sertão e Agreste é o acesso à água. O deputado apresentou recentemente um projeto de lei que isenta da outorga mais de cinco mil pequenos, micro e agricultores familiares que precisam da água. “Hoje, Alagoas tem a obra hídrica mais importante do Brasil que tem condições de fornecer a água necessária para o desenvolvimento do sertão e agreste. Nós precisamos viabilizar o Canal do Sertão para impulsionar o desenvolvimento e melhorar a qualidade de vida do semiárido”.
MERENDA ESCOLAR
Os representantes dos 150 mil agricultores familiares voltaram a cobrar do deputado Paulo Dantas que interceda junto ao governo do Estado para respeitar a lei e usar 30% dos recursos do Programa Nacional da Merenda escolar na aquisição da produção da agricultura familiar. O deputado reconheceu que a reivindicação de agricultores é justa, está prevista em lei e precisa ser respeitada. “Eu já falei com o governador Renan Filho e com o secretário de Educação Rafael Brito. Os dois me garantiram que vão abrir o processo para comprar os produtos da agricultura familiar para a merenda”.
A promessa sendo atendida, o deputado avalia que fortalecerá a agricultura familiar, a geração de emprego, renda e ajudará a promover o desenvolvimento rural. Ao ser questionado se esta seria uma das prioridades, caso assuma o governo tampão. O deputado respondeu que prefere não falar na possibilidade de assumir o comando do Estado porque tudo depende de definições do próprio governador’’. “A renúncia do governador ou a permanência de Renan até o fim da gestão, em 31 de dezembro, é uma decisão de foro íntimo. Portanto, falo como deputado candidato à reeleição que os pleitos da agricultura fazem parte das minhas bandeiras de trabalho no parlamento e vou continuar lutando nesta direção”, afirmou