Quinto Constitucional
ADVOGADAS PEDEM PARIDADE DE GÊNERO EM LISTA PARA CARGO NO TJ
A Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas tem adotado medidas que buscam promover a paridade


Visando a garantia de paridade entre homens e mulheres na formação da lista sêxtupla a ser elaborada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/AL) para envio ao Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), de onde sai a lista tríplice para apreciação do governador, a advogada e desembargadora eleitoral substituta do Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE/AL), Jamile Coelho, pede que mulheres advogadas se inscrevam. As inscrições vão até o dia 13 de abril. “Acredito que vai haver uma quantidade maior de inscritos nos próximos dias. Homens vão ser a maioria, mas, também, algumas mulheres estarão na disputa. Porém, há uma disparidade na conquista, e alguns fatores são levados em consideração, principalmente quando uma mulher precisa entrar em uma campanha. Elas não têm tanto apoio. Sem falar da divisão sexual de trabalho e da dupla jornada. O ambiente é machista”, lamentou Jamile Coelho. “Como advogada, peço que a OAB/AL coloque neste pleito e nos próximos o critério de paridade de gênero e, também, das cotas raciais, para que esse tipo de política afirmativa, que é constitucional no meu entender, alerte a sociedade e consiga atrair mais mulheres e pessoas”, acrescentou a advogada. Em audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado (ALE), no dia 28 de março, a advogada e então presidente em exercício da OAB/AL, Natália Von Sohsten, defendeu a ampliação de debate sobre paridade em espaços de poder. “Não temos que falar de paridade apenas no Quinto Constitucional, temos que falar de paridade em todos os espaços de representatividade. Isso inclui a Câmara de Vereadores e a Assembleia Legislativa. Isso inclui o ano eleitoral que está por vir. Isso inclui o fato de que nós, mulheres, somos metade da população votante e que estamos comprometidas em votar em nós mesmas”, destacou. A OBA/AL tem adotado medidas que buscam promover a paridade, como ocorrido na última disputa para a presidência da entidade. Von Sohsten lembrou que a OAB/AL é a única seccional do Brasil presidida 100% por mulheres durante o mês de março. “No entanto, é necessário um amplo debate para que haja maior representatividade nestes espaços”, acrescentou. As demais vagas para desembargador no TJ/AL já foram preenchidas, sendo a primeira pelo juiz Orlando Rocha, pelo critério de antiguidade, e a segunda pelo juiz Ivan Brito, por merecimento. A advogada Rosemary Francino é pré-candidata ao pleito de Quinto Constitucional. Ela destaca que só tem uma desembargadora mulher no TJ/AL, Elisabeth Carvalho, e que o cenário precisa mudar. “A força feminina dentro da advocacia é real. O nosso Judiciário precisa de mudança, representatividade e luta pelo estado democrático de direito”, disse. Ela destaca ser a favor da paridade de gênero e que é preciso naturalizar mulheres à frente de instituições. “Quando elegemos mulheres e colocamos elas em um posto de liderança, conseguimos trazer esperança - principalmente em ambientes mais masculinos - e abrimos novas possibilidades”, frisou. O Quinto Constitucional tem por objetivo diversificar os tribunais trazendo julgadores com visões diferentes dos magistrados de carreira, de forma a oxigenar, aprimorar e democratizar o Poder Judiciário e seus julgados. “Precisamos que as mulheres cheguem nos espaços de decisão. Só existe uma mulher desembargadora em Alagoas e que o cenário precisa mudar. A força feminina dentro da advocacia é real”, ressalta. Rosemary Francino também defende a luta racial. “Para que exista a paridade de verdade, não precisamos apenas de homens e mulheres, mas também de igualdade racial. Sei que este não é meu lugar de fala, mas é preciso dar protagonismo às mulheres negras”, destacou a advogada.